Resenhas - Futuro ancestral

Lucas Leite 19/02/2023

Um dos melhores livros que já li
Ailton Krenak é um gênio. Suas obras deveriam ser lidas em todas as universidades desse país e do mundo. Na sua discussão sobre ancestralidade, ele traduz de forma muito simples e natural os anseios de todos aqueles para além da pólis, como ele mesmo diz. É um tratado de decolonialidade em todos os sentidos, mas chama atenção a parte final em relação à educação. Nós, professores, falamos tanto da necessidade de uma educação crítica e autônoma, mas esquecemos da perspectiva ancestral e da nossa relação com o mundo para além das divisões estabelecidas e unificadas de sentido. Pretendo reler e utilizar em sala de aula.

Lucas990 31/08/2023

Estou com a maior preguiça do universo de fazer uma resenha hoje, então só vou dizer que mais uma vez os pensamentos, observações e visão de mundo de Ailton Krenak me deixaram inquieto.
Mais um livro dele que valeu a leitura!

Izabella.BaldoAno 02/06/2023

"se há futuro a ser cogitado, esse futuro é ancestral, porque já estava aqui"

as nossas ilusões de futuro nos distanciam da realidade do agora e até mesmo daquilo que estamos fazendo de palpável para construí-lo. sonhamos com muitos futuros possíveis, mas, como comunidade global, o que temos feito para que ele seja real e alcançável?

nosso planeta tem a capacidade plena de se regenerar de todos os males que o estamos causando, mas, até lá, teremos destruído a nós mesmos. sim, é à humanidade que estamos destruindo. uma das reflexões mais fortes que Ailton Krenak traz em Futuro Ancestral é a de que não construiremos um mundo de fato possível enquanto não nos virmos como parte integrada à terra - terra planeta e terra chão - e entendermos que todos os outros seres e elementos que a compõem são tão importantes quanto nós.

se conseguirmos chegar ao ponto em que seja possível, coletivamente, entendermos que somos parte constituinte de uma cadeia complexa e não o centro dela, será possível criar um mundo onde não sejamos os clientes e todo o restante produtos a serem consumidos por nós; por conseguinte, trataremos também as crianças com mais respeito, deixando de educá-las para serem o cliente número um - aquele com mais poder de consumo.

sempre me encanto com o pensar de Ailton Krenak, que é também um pensar coletivo, um pensar que se constitui em comunidade com seus parentes, com os bichos, com a água, com o mato, com a terra. Futuro Ancestral é um livro daqueles que poderiam se tornar cartilha do nosso presente. estamos construindo um ambiente insustentável para nós, para nossos pares e para os que virão.

acredito que há no pensamento ancestral trazido por autores como Ailton uma virada de chave para nos repensarmos enquanto humanidade, e para assim criarmos novos modos de criar, de fazer política, de crescer, de comprar, de comer e de viver.

O Garrancho 21/04/2023

De um suposto porvir apocalíptico a um futuro ancestral
Do pensador Ailton Krenak, eu já tinha lido “A vida não é útil” e “Ideias para adiar o fim do mundo”. E agora, no mês de abril, graças ao desafio dos 12 livros para 2023, li “Futuro Ancestral”, que, cabe registrar, está entre os mais vendidos no seu segmento.

Na escola, eu me lembro bem, todo dia 19 de abril, alguns de nossos professores nos chamavam a atenção para a data, o Dia do Índio, efeméride agora celebrada como Dia dos Povos Indígenas, com o devido ajuste de vocabulário.

As menções que meus mestres no passado faziam aos povos originários do Brasil, pelo que me recordo, eram geralmente estereotipadas. As poucas aulas que tínhamos sobre os primeiros habitantes de Pindorama se pautavam por visões colonialistas, eurocêntricas. Em nada contribuíam para a desconstrução de preconceitos.

Na universidade, em disciplinas da graduação, do mestrado e até mesmo do doutorado, meus colegas e eu não tivemos lamentavelmente acesso à produção nem teórica nem literária de nenhum autor indígena. Nesse tempo de formação acadêmica, o máximo que estudamos da temática foi a representação dos então chamados índios em obras do romantismo brasileiro, tais como “I-Juca Pirama”, de Gonçalves Dias, “Iracema”, “Ubirajara” e “O Guarani”, de José de Alencar. Talvez, quando lemos “O tempo e o vento”, de Erico Verissimo, a personagem de Pedro Missioneiro tenha despertado maiores reflexões, mas foi só.

Como professor de literatura e booktuber, não é de hoje que tenho me empenhado em ler e em promover textos escritos por autores indígenas – parece que foi necessária uma lei, a nº 11.645, que tornou obrigatório o estudo da história e da cultura indígena e afro-brasileira nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, para que percebêssemos a nossa tamanha ignorância.

Em “Futuro Ancestral”, Krenak compartilha com seus leitores a sua cosmovisão, sua forma de compreender, significar e representar o mundo, sempre perplexo ante a destruição dos ecossistemas praticada pela população não-indígena.

É linda a sua defesa da florestania, que ecoa em seu livro – que sai pela Companhia das Letras – ao lado de ensinamentos assim: “Os rios, esses seres que sempre habitaram os mundos em diferentes formas, são quem me sugerem que, se há futuro a ser cogitado, esse futuro é ancestral, porque já estava aqui”; “Não quero aprender nada às custas do sofrimento”; “O futuro não existe – nós apenas o imaginamos”; “As crianças Krenak anseiam por ser antigas”...

Concluída a leitura, eu torço para que a radicalidade precisa do pensamento de Ailton Krenak nos acorde de um suposto porvir apocalíptico e nos faça ver e sentir qual foi e qual será de fato nosso futuro ancestral.

E, para finalizar, espero que compreendamos com urgência, no mínimo, estas sábias palavras do autor: “A base da educação é feita em fricção com o cotidiano. A eventual liderança de uma criança será resultado da experiência diária de colaboração com os outros, não de concorrência”. Eis o “sumak kawsay” como dizem os quéchuas.

site: https://www.youtube.com/@OGarrancho

Jogute 11/01/2024

Sempre uma ótima leitura!
O filósofo ecologista Ailton do povo Krenak, nessa curta coletânea de ensaios publicada em 2022, reelabora uma série de argumentos há muito utilizados em suas lutas históricas em defesa dos povos originários e da floresta, sua prosa mescla memórias de entrevistas e viagens, relatos de sua atividade política e sabedorias tradicionais da sua herança cultural, bem como um pensamento potente e bastante original.
Dividido em quatro capítulos, cada um se entrelaça com o outro por temas comuns, mas com sentidos distintos, sem dúvida o mais urgente dos assuntos para o autor é a defesa do meio ambiente, vitimado pela aplicação da lógica capitalista. Já o que orienta seus escritos em cada parte é um conjunto de reflexões, encantadoras e fortes, à respeito de temas como transcendência, alteridade, ética e política, sempre partindo de um ponto de vista completamente distinto, sua escrita é preenchida por categorias clássicas, contudo, é admirável ver sua liberdade para criar conceitos e responder problemas.

luamagnetica 07/07/2023

Daqueles livros que eu queria destacar tantos trechos que acabei não destacando quase nada para não perder o fluxo da leitura. Com certeza irei reler posteriormente de forma mais objetiva, para poder destrinchar ainda mais o livro.

De qualquer forma, o melhor que faço lendo Ailton é de fato imaginar que estou na sua frente, na beira de um rio, ouvindo ele falar sobre a vida.
Me coloco no meu lugar favorito de aprendiz diante desse mestre e tento não me perder nos meus próprios pensamentos a cada impacto, mas sim seguir seu próprio fluxo e depois que finalizada a leitura, entender onde eu fui parar com toda essa nova bagagem.

LAvia 13/12/2023

Essencial
Como sempre, Krenak é um porta-voz de toda uma outra lógica de existência, questionando e sugerindo modos de viver conjugados com a comunidade e a natureza. ?Futuro ancestral?, assim como todo o conjunto da obra do autor, é bibliografia obrigatória para quem foge e busca ar fresco.

GiArgia.Gschwendtner 07/06/2023

Lampejos de futuros
Ailton carrega um potencial de falar simplesmente o óbvio da vida. Abre horizontes para nos aproximarmos mais da existência diante do consumo que falseia em nos tornar algo ?

Somos seres deste planeta que está perdendo fôlego e repensar nossa forma de existência por aqui é um convite. Olhar que em fato nós já temos os ferramentais, as culturas e que é necessário abrir-se para esse pluriverso.

O resumo de seus livros é que são sempre encantamentos a serem descobertos ??

Wanda Concurseira 12/06/2023

Filosofia da terra ?
Compreender o nosso mundo, os nossos dilemas enquanto sociedade fruto da colonização, da máquina capitalista ocidental, branca e patriarcal a partir da filosofia dos povos originários é esclarecedor, encantador e muito provavelmente, um caminho sem volta, pois eu não quero voltar para aquela encruzilhada escura. Aposto que você também não vai querer!
Leitura maravilhosa, leve, gostosa e NECESSÁRIA! Viva Abya Yala!
Muito obrigada, Ailton Krenak! ???

Gabriel.Diniz 10/01/2024

Selvagem e indomável: o livro mais esperançoso de Krenak
Já início dizendo que este ficou em segundo lugar do meu pódio de melhor de 2023.

O quarto livro-palestra de Krenak é o mais esperançoso e cheio de vida.

A linha de raciocínio dessa obra parece um rizoma onde propostas são completamente entrelaçadas mesmo sem serem a mesma coisa, ou terem origem comum.

Termos e princípios lindos como o "nós-rios", a "florestania" em troca do destroçado conceito de cidadania, as "alianças afetivas" propondo o não compromisso de princípios inegociáveis enquanto se alia, e a teorização dos "pluriversos" indígenas dos andes até as terras baixas brasileiras.

Ele dá continuidade e toma um lugar de honra dentro dessa nova era ainda se inaugurando de protagonismos indígenas em contar suas próprias histórias.

O reconceito da terminologia de selvagem para o indomável me encanta até hoje. Isso sendo somado a história de abertura do livro onde crianças brincando de remar dizem que estão quase chegando a como se faziam antes.

Como sempre, me fez sentir em um diálogo profundo que inspirou minhas práticas em todos âmbitos da vida. me senti conversando numa tarde com um bom amigo. daquelas conversas que mudam a gente, sabe?

Se há algum futuro esse só pode ser ancestral. Isso não significa somente primordial, mas significa um futuro que nos lembra nossa conexão indissociável com todos e tudo que nos precede.

Como quem acredita em toda a narrativa bíblica e em Cristo, só posso dizer: amém.

yasmin.malaquias 14/10/2023

Poesia-manifesto
Ailton krenak é de uma poética tão pura e tão questionadora. não se passa pela filosofia sem a poesia, e krenak nos mostra bem isso!

Gabriel 19/12/2022

"Futuro Ancestral" - Necessário!!
Cara que livro perfeito, já tinha escutado falar sobre Ailton Krenak, principalmente pela obra "o amanhã não está a venda", mas nunca tinha lido de fato, e realmente me impressionou muito. Ganhei esse livro da minha excelentíssima professora de inglês Cida que ensina diversas pautas sobre cultura, gênero e raça em meio a matéria, e nossa, ela é um anjo. Esse livro ressalta o quanto os nossos ancestrais, povos que estiveram aqui antes da gente tem a nos ensinar, Ailton trás diversas formas de pensamentos que me fizeram refletir muito sobre o mundo atual, questões de valorização a natureza, pensar sobre futuro, consumo, sobre educação das crianças, sobre valorizar o que há de mais puro e que sempre esteve aqui.
É um livro bem curto e pequeno mas que carrega bastante aprendizado e reflexões que eu recomendaria pra todas as pessoas lerem.

Iris 10/08/2023

Foram tantas reflexões importantes, este livro é um respiro para nossa rotina imersa no mundo capitalista. Uma pausa necessária para nos lembrar quem somos e qual o nosso papel no planeta Terra.

malu.gouvea 17/07/2023

Futuro ancestral
Esse livro é muito rápido de ler, li em pouco tempo sentada na sala de estar e é uma reflexão que deveria ser obrigatória a todos, principalmente aqueles que almejam ser pais e professores, mas deveria ser obrigatório a todos pensar sobre que caminho estamos dando ao planeta em que habitamos

romulorocha 14/07/2023

Futuro ancestral, de Ailton Krenak

Gênero: Sociologia
País: Brasil
Ano - 2022 Páginas:128
Editora: Companhia das Letras

Depois de ler Ideias para adiar o fim do mundo (2019), A vida não é últil (2020) e O amanhã não está à venda (2020), sempre que eu vejo uma novidade deste autor, eu tenho vontade de ler. E os motivos para tanto são inúmeros, desde a consciência política e crítica do autor, quanto sua luta pelas causas ambientais e pelos direitos da natureza.

Futuro ancestral é o mais novo livro publicado de Krenak. Nele, o autor retoma algumas de suas discussões do livro O amanhã não está à venda, reforçando sua crítica ao sistema capitalista que, segundo o autor, além de produzir um ideário de "amanhã" para justificar a destruição do planeta "hoje", possui um "modos operandi" de apagamento dos saberes ancestrais, principalmente quando o assunto é proteção ao meio ambiente. Krenak reitera a necessidade de lutar contra esse sistema que chama "capitaloceno" e reencontrar nos saberes ancestrais, como dos povos originários, propósitos de vida sustentáveis e biofílicos, ou seja, que levem em consideração a harmonia e boa convivência com os outros seres que nos cercam.

Ler Krenak através de seus livros ou de suas palestras é um ato de esperançar. Em um cenário de mudanças climáticas e em que os seus impactos se revelam cada vez mais devastadores, este é um tipo de leitura que nos chama para a ação. A leitura ao longo da história sempre teve o poder de gerar mudanças, e eu acredito que este é um tipo de livro que contribui para tal.

Para Futuro ancestral, nota 10/10.

#resenhasdoromulo
#literaturabrasileira
#ailtonkrenak
#furutoancestral