Pjmluvx 26/02/2024
Uma enciclopédia mediana
Imagine uma thread do Twitter sobre colonialismo no século.19 de 592 páginas. Essa thread foi escrita pela geração z. As referencias foram o Wikipedia e o Brasil escola. Esse é o livro.
Eu amo tanto poppy war e tava tão animada pra finalmente ter esse livro q fiquei até desnorteada com o quão medíocre, hipocrita -e o maior crime de todos- CHATO foi esse livro.
As primeiras 500 págs n tem plot, é um monte de baboseira de etimologia q todo mundo já sabe com muita narração e diálogo expositivo. Tem um mundo mágico.. mais ou menos, que consiste basicamente em pegar a História real do mundo e fingir que no século.19 o povo usava barra de prata como tecnologia. Literalmente só isso, e todas as coisas q isso provê no livro tb foi feito no mundo real usando carvão e eletricidade, ent o ?mundo? mágico n tem de fato nenhum impacto ou distanciamento concreto pra ser considerado um mundo fantasioso, é quase uma versão preguiçosa de Mistborn. E eu falo sério, nada nesse livro gera qualquer impacto, inclusive se vc quiser spoilers do final do livro abre ai seu livro de história do 8° ano (de nada por poupar seu tempo).
Esse livro era pra supostamente discutir sobre colonialismo e a linguagem, supostamente. Primeiro que a linguagem é totalmente moderna e as discussões dos personagens, que deveriam ser verossimilhantes com o século 19, são totalmente colagens contemporâneas. Sabe o que a autora se importou de deixar verídico? O formato do prédio e o cardápio da faculdade.( dnv n tô brincando, no começo do livro ela deixa um textão justificando todas as escolhas de arquitetura e convivência de Oxford q ela botou no livro, tudo absolutamente inútil pro enredo ou pra qualquer discussão sociopolítica do negócio).
Os personagens são propositalmente reduzidos a uma única característica identitária (geralmente racial) só pelo gozo dela poder chegar no ponto que ela quer, que basicamente é que todas as pessoas brancas são inimigas, mas se vc for uma pessoa criminosa de alguma minoria vc tá perdoado (veja nas últimas 100 págs oq o protagonista faz). É uma coisa tão cartunesca, pq vc nunca de fato vê as dinâmicas do grupo e chega a conhecer os personagens ou as profundidades deles, as coisas só são contadas e, de longe, a pior personagem é a Letty (e sim não sei quanto do meu ódio é ela ter o mesmo nome que o meu e quanto é dela só ser construída de forma horrorosa). No começo a gente aprende que ela é uma querida, sofre por ser mulher e une o grupo, no meio ela é excluída e no final ela é abertamente uma traidora irritante e ignorante e que LITERALMENTE vai caçar a única amiga dela por ser negra???? Gente pelo amor de Deus. Tem tantas cenas racialmente estereotipadas mas eu gostaria de citar o momento que uma menina irlandesa agride a outra, que tava de luto, COM UMA BATATA. A pior parte é que não era nem pra ser engraçado, tô deprimida.
E enfim eu teria muito mais pra falar mas tudo resume no fato de que esse livro é raso, todos os personagens sao unidimensionais, não tem nuance pq td é repetido 500 vezes, sistema mágico bosta que é inexistente, linguagem totalmente anacrônica com discussões ainda mais anacrônicas e um uso básico e excessivo de etimologia que serviu só pra RF Kuang mostrar td que ela aprendeu no mestrado dela (de novo queria estar brincando mas eh vdd). Esse livro parece na real uma grande palestra cheia de jargão só por capricho e que não tenta de verdade abordar o assunto em questão com qualquer sensibilidade ou aprofundamento. Se vc quer ler um livro político com recortes sociais e raciais com inspirações históricas tem livros muito melhores, inclusive Duna.