Mariimagno 19/02/2024
Matemática + arte = ?
Nós dois sozinhos no éter
Nota: 10/10
Nunca na vida literária eu me surpreendi tanto com um livro, a começar pela capa, eu nunca na vida teria escolhido ele pela capa ?? depois o início é emperrado, confuso, truculento e sendo sincera bem chatinho, aqueles 20% de leitura que você vai na raça.
E não sei explicar em que momento a chave muda e esse livro passa a ser algo surreal, quando você percebe já está imersa na história. Já está íntimo de Aldo e Regan.
Acho que tem o fator deles de apaixonarem a medida que você também se apaixona pelo livro. E mesmo sem que esses personagem ?nada clichê? não parecem nada fascinantes, eles são. É tudo que o fascínio agrega, tal como o medo, a insegurança, o brilho, o calor, a loucura e a lucidez tão oscilante.
Vê eles se apaixonado é isso.
É como assistir um bomba prestes a explodir, mas eles já estão se queimando. A casa já está caindo, os destroços estão ali.
E não vou mentir que esperei o pior e nossa visão até mais íntima nos coloca nessa dualidade, imagina quem vê ?Regan e Aldo? na vida real?
E a gente se vê julgando, pré julgando.
Mas o há de mais louco se não a normalidade?
Não vou me prolongar sobre medicação, acho que a autora foi precisa na sua nota. Sucinta é perfeita.
Mas a vezes me pergunto, que lugar social? O sofrimento é na pessoa ou no que esperamos dela? Só há espaço para quem é ?normal?, ?medicado?, ?racional??
E a modernidade tem aniquilado e até soterrado as variáveis humanas, aquelas que fogem das bases de referência. Que lugar a loucura ocupa na nossa atualidade?
Como dizia a rainha Nise da Silveira: ?Não se curem além da conta. Gente curada demais é gente chata. Todo mundo tem um pouco de loucura. Felizmente, eu nunca convivi com pessoas muito ajuizadas.?