AventureiroLiterário 25/12/2023
Assim como a história amadurece, também amadurece a escrita de Lewis
"Príncipe Caspian", segundo volume da série "As Crônicas de Nárnia" (em ordem de publicação), traz uma situação completamente diferente do primeiro livro e introduz um novo tema dentro de suas referências cristãs. Particularmente, apreciei muito mais este segundo volume do que o primeiro. Mas vamos por partes.
Depois de todos esses anos, acredito que a grande maioria já está a par do futuro dos personagens, mas é interessante observar como Lewis já vinha trabalhando, desde este livro, nas transformações que os mesmos passam. O quarteto de crianças foi alterado por suas experiências em Nárnia, assim como pelo último ano que passaram na Terra, envelhecendo.
Lúcia continua sendo a mais pura e de maior fé; Edmundo aprendeu com seus erros e está muito mais tolerante, até mais do que Pedro; este, por sua vez, apesar de ser o Alto Rei, não está isento de cometer erros e fazer escolhas equivocadas, embora ainda mantenha a humildade para reconhecer seus equívocos; e Susana... Bom, digamos que as experiências mundanas e a idade não têm sido boas fontes de influência para ela.
Enquanto em "O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa" temos uma referência à história bíblica de Jesus e seu sacrifício para perdoar os pecados da humanidade, esta segunda obra é um pouco mais sutil e gira simplesmente em torno da fé. Aborda como até mesmo as pessoas fiéis podem perder a fé e as consequências desse afastamento, assim como as adversidades enfrentadas por aqueles que mantêm sua fé e confrontam a descrença daqueles ao seu redor. Não sou, nem nunca fui, um cristão, mas gostei bastante das mensagens transmitidas e consigo extrair valores que vão além da religião.
Como história de fantasia, a trama foi muito mais interessante de acompanhar, com os personagens sendo mais ativos e os elementos sobre o universo sendo enriquecidos. Quando li o primeiro livro da série, achei-o um tanto parado, com as crianças apenas indo de um lado para o outro enquanto o elenco secundário resolvia tudo. Em "Príncipe Caspian", me envolvi muito mais com os acontecimentos e a presença ativa do quarteto ao longo da história.
A conclusão é satisfatória, embora não seja espetacular, mas termino este livro com uma opinião muito melhor do que a do primeiro. Até agora, é o meu volume preferido das Crônicas, embora ainda tenha mais outros cinco para conhecer.