Kami 09/02/2024Qual foi a última vez que você fez algo novo?"É estranho quando, de repente, sua vida para - Quando o pior dia da sua vida acontece - e o mundo simplesmente continua girando sem você."
Clementina tinha aparentemente tudo, um emprego estável que ela amava, pais amorosos, amigas incríveis e uma tia que era seu porto seguro, com quem viveu as mais incríveis aventuras ao redor do mundo durante cada verão desde a adolescência. Mas tudo muda, quando, sem aviso, o pior dia da sua vida acontece, e aquela força inabalável que ela pensou que sempre estaria lá, já não está mais, deixando para trás apenas um apartamento vazio que sempre afirmou ser mágico.
Um lugar entre lugares que sangra como uma aquarela. 7 anos no passado, 7 anos no futuro. É nesse lugar mágico que ela conhece o charmoso Iwan, que, assim como ela, se encontra em uma encruzilhada em sua vida. Bonito, engraçado, um pouco inseguro, ele é alguém que é impossível não se apaixonar, tirando o fato óbvio que ele está 7 anos no passado.
"Primeira regra, sempre tire os sapatos na porta.
Segunda regra, nunca se apaixone por esse apartamento"
Passei cerca de 25-30% da leitura pensando em desistir, não estava conseguindo me conectar com a Clementine, cheguei ao ponto de achar, de forma totalmente insensível, que ela estava sendo excessivamente dramática sobre o que aconteceu, sobre o luto dela (sou um monstro, eu sei). Depois percebi que ala é um personagem extremamente humano, confuso, por vezes desiludido, tentando encontrar e se encaixar no mundo mesmo depois de estar com quase 30 anos. Alguém que perdeu seu alicerce e não sabe bem o que fazer depois disso. Alguém que simplesmente está de luto e alguns dias, semanas ou meses são difíceis.
"- Coisas novas são assustadoras.
- Elas não precisam ser.
- Como elas não seriam?
- Porque algumas das minhas coisas favoritas eu ainda nem fiz."
No Iwan (ou James) por outro lado vejo a dualidade do tempo, como é inevitável mudar até mesmo as melhores partes nossas e está tudo bem, desde que às vezes possamos olhar para trás e resgatar uma coisa ou outra. Eles dois foram uma dupla incrível mesmo quando o passado encontra o presente ou o presente encontra o passado, ou até mesmo quando o presente encontra o presente.
Dizer que superou minhas expectativas seria um grave eufemismo. Depois de 22 leituras extremamente leves de romances fofos e aventuras fantasiosas não estava preparada para sentir algo tão intensamente, mas leitura é isso não? Ela nos força a sentir emoções novas e desconhecidas. A leitura nos força a sair da nossa zona de conforto e vivenciar algo diferente. A nos fazer refletir quem erámos há 7 anos atrás e quem vamos ser daqui há 7 anos, quais partes de nós vamos sacrificar para perseguir nossas luas e quais partes vamos nos aferrar com unhas e dentes. Não me entenda mal, esse não é um livro pesado e triste como "É assim que acaba", "Como eu era antes de você" ou qualquer outra dessas adoráveis armadilhas emocionais. Não, The Seven Year Slip é um romance mágico sobre as mudanças naturais que a vida nos leva, afinal nada dura para sempre, nem as coisas boas, nem as ruins.
Obs.: Leia as notas de agradecimento e o guia do leitor no final do livro. Não tenho o hábito de ler, mas algo me levou a folhear e fico feliz em poder ter lido isso de alguém que nunca conheci ou conhecerei, mas que durante esse dias sua obra tem dominado a maior parte dos meus pensamentos.