Carol Luques 31/05/2024
Vi a série na AppleTV, fiquei encantada pela história e não sosseguei até que pudesse ler o livro, que se centra na vida de Elizabeth Zoth, uma cientista química, que precisou enfrentar muitos desafios para exercer sua profissão nos anos 1960.
Ela é a única pesquisadora mulher do Instituto Hastings, um centro de pesquisa, onde é sempre menosprezada pelo fato de ser mulher. Mas, quando ela conhece Calvin Evans, o pesquisador mais brilhante do local, Elizabeth encontra um interlocutor para suas inquietações investigativas e um amor. Depois de uns anos, Elizabeth, que nunca pensou em ser mãe, está criando sua filha Mad e já não trabalha no instituto, mas é apresentadora de um programa de culinária, o Hora do Jantar. As descrições dos bastidores do programa são interessantíssimas.
A escrita de Bonnie Garmus tem o tom certo entre o drama e o humor, já que a personagem principal é uma mulher muito endurecida pela vida (e não tem como não ficar enfurecida com as injustiças que acontecem com ela). Mas, por outro lado, os personagens secundários - Calvin, Harriet, Mad, Seis e Meia, Walter - trazem uma leveza para a história. A forma como a autora constrói a narrativa pode parecer confusa em um primeiro momento, mas depois fica bem interessante e nos dá o panorama de toda a história da protagonista.
Eu também me identifiquei muito com a profissão da Elizabeth, já que trabalho com pesquisa em uma universidade pública. Nunca vivenciei nenhum tipo de menosprezo pelo fato de ser mulher na minha área de atuação, mas consigo perceber uma série de situações que são exclusivas de nós, que ainda hoje precisamos conciliar o trabalho com outras funções que não deveriam ser inerentes ao gênero. Portanto, acho que Elizabeth representa muitas mulheres!
O livro tem muitos gatilhos de violência física e emocional, que são bem pesados. Então, se isso for um problema para você, recomendo cautela na leitura. Mas, se não for, é uma leitura maravilhosa e com muitas reflexões importantes.