Queria Estar Lendo 24/05/2023
Resenha: A Caçadora de Árvores
A Caçadora de Árvores é um dos títulos da Editora Naci que chegou aqui em cortesia. Escrito por Marie Pavlenko, é uma distopia sobre um futuro em que a natureza foi totalmente devastada pela humanidade. Agora, árvores são uma raridade, e caçadores as buscam para trocar por recursos. Samaa é filha de um caçador, e sonha com o momento em que vai poder caçar essas gigantes desaparecidas.
Samaa cresceu em um grupo de nômades. Eles atravessam a imensidão desértica que se tornou o mundo, sobrevivendo através das expedições de caçadores de árvores. Com a devastação do mundo natural, árvores se tornaram itens de luxo, e a população das cidades as troca por recursos como alimentos, água e oxigênio.
O pai de Samaa morreu em uma dessas incursões, atacado pelas bestas ferozes do deserto. Mesmo com esse terror, Samaa quer ser como ele. O que é proibido, porque apenas homens podem caçar árvores.
Isso não impede a garotinha de, na véspera de uma incursão, reunir tudo que pode para sair em busca da sua própria caçada. O problema acontece quando Samaa se perde dos caçadores, e acaba caindo no lugar mais inesperado em toda essa imensidão vazia. Em uma caverna que pode dar a Samaa a chave para mudar o mundo.
A Caçadora de Árvores é um livro pequeno e simples, com uma narração condizente com a idade da sua protagonista. Sem grandes descrições, com o básico de informações que a história pede. E, por isso, é tão cativante.
"- As árvores têm mil rostos. Mas... infelizmente, agora somos incapazes de lê-las."
Fala sobre esse mundo devastado de maneira vaga porque é assim que os nômades o conhecem. Não tem grandes explicações do que aconteceu com a humanidade, por que a natureza foi devastada, o que são as cidades.
Acompanhamos a história de uma garota que quer caçar árvores, e que acaba confrontando um dilema ao se aventurar para realizar esse sonho. Toda a história gira em torno da reviravolta que Samaa vive ao perceber que talvez as histórias de uma velha biruta fossem reais; talvez as árvores sejam mesmo um grande poder, e a chance da vida renascer.
Gostei de como a autora desenvolveu a jornada da sua protagonista. Essa coisa de aventura inesperada somada a um perrengue gigantesco, porque Samaa não está preparada para o mundo lá fora. Um mundo terrível e cruel, e vazio, principalmente.
A sorte dela é que nem tudo foi destruído. Ainda há natureza prosperando, e é isso que ajuda Samaa a sobreviver. A Caçadora de Árvores é sobre isso. Uma criança aprendendo sobre a importância da natureza. O quanto ela provê, o quanto a vida depende de outra vida.
Eu me emocionei demais com as realizações que a Samaa vive, sua conexão com a natureza, como ela passa a entender o poder que uma única árvore tem sobre um ponto da Terra.
"Desde que parti, manhã rima com saudade."
As páginas passam rápido, e quando o livro termina deixa uma sensação querida no coração. É esperançosa. Porque mesmo em um futuro tão terrível, ainda tem quem lute pela vida.
A edição da Nacional é muito bonita. Diagramação confortável, tradução ótima (feita por Sofia Soter), revisão perfeita. O texto flui tão bem que você nem vê a história avançando. Quando percebe, já acabou.
"ler fazia nascer coisas que não estavam ali."
A Caçadora de Árvores é o tipo de livro que todo mundo deveria ler. É bastante atual, porque fala sobre os perigos que a humanidade corre com o consumismo desenfreado e a maneira terrível com que trata a natureza. É bem profético, na verdade, porque não é um futuro impossível. Se não salvarmos a natureza agora, não tem futuro pra gente.
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