Rafael 17/05/2024
Um cômico fim dos tempos
Quando lemos um livro de ficção fantástica não esperamos, em regra, nos depararmos com uma narrativa que venha acompanhada de ironia, humor, piadas e coisas do gênero. Aliás, fantasia e comédia não costumam habitar a mesma trama, ainda mais se considerarmos universos paralelos, reinos fantásticos e por aí vai. Talvez o sucesso desta obra se dê em função da capacidade dos autores em inserirem no contexto fantasioso que exploram uma alta dose de humor. Comicidade que vai desde a sutileza da ironia britânica ao exagero apelativo norte-americano. É essa mistura, penso eu, que torna o livro atraente e nos faz gostar de lê-lo. Não que o enredo em si não valha a pena, mas ele, por si só, não tornaria a obra um sucesso. Interessante que os autores, quando se propuseram a escrevê-lo, partiram dessa premissa, ou seja, eles desejavam rir e se divertir à medida em que escreviam. Por isso, a estória, sem as "gracinhas" por eles inseridas, não teria como vicejar. É como se a própria narrativa exigisse que piadas fossem feitas ao longo de todo o livro. O que é feito com maestria pelos autores.
Afora essa particularidade, o livro é um convite a pensar a relação céu-inferno fora da "caixinha". O que Neil Gaiman sabe fazer muito bem. Remontando ao éden e dissecando uma interessante relação entre um anjo e um demônio, o armagedon nunca foi tão inusitado e engraçado como nessa obra. Leia para descobrir como.