Ana 20/11/2021
Jennifer Niven é reconhecida, principalmente, pelo seu livro Por Lugares Incríveis. Tive o prazer de lê-lo em meados de 2015 e até hoje é uma das minhas histórias preferidas, mesmo com toda carga dramática. Também gostei bastante de Juntando os Pedaços, ainda que tenha sentido que faltou alguma coisa para realmente me marcar. A questão é que eu nunca pensei que a mesma autora pudesse fazer com que eu tivesse os mesmos sentimentos duas vezes, com duas histórias diferentes, em momentos diferentes, até ler Sem Ar.
Já aviso que não é um livro cheio de reviravoltas, com uma trama impressionante ou algo do tipo, então não criem muitas expectativas nesse sentido. O que marca realmente é a forma como a autora conduz a história, um clichê de verão perfeito. Não que Claudine Henry concordasse com minha afirmativa anterior, visto que seus planos eram viajar com a melhor amiga antes de irem para a faculdade. Ela realmente não esperava passar um mês inteirinho em uma ilha deserta porque seu pai decidiu que não queria mais ser um homem casado.
Além de ter que lidar com a dor dessa separação — afinal, seus pais nunca brigavam ou davam pistas desse rompimento —, Claude se vê obrigada a acompanhar a mãe nessa viagem para que, de alguma forma, ambas consigam superar o acontecimento. Acontece que a ilha é realmente isolada: não tem sinal de telefone, muito menos wi-fi, portanto, a protagonista realmente acreditava que ficaria sozinha, num limbo, tendo que lidar com milhões de sentimentos... E eis que ela conhece Jeremiah Crew.
Jeremiah Crew... Miah... O garoto dos sonhos de qualquer adolescente, o crush literário que promete conquistar um milhão de corações. Digo com certeza que ele é responsável por Sem Ar ser o que é: uma história sobre se (re)encontrar. A relação entre Miah e Claude é a coisa mais linda de se acompanhar, porque a medida em que ele mostra que, apesar das dificuldades a vida pode sim, ser boa, Claude vai deixando seu perfil de menina mimada e egoísta de lado.
Assim como eu, muitas pessoas podem torcer o nariz para os pensamentos e atitudes de Claudine, principalmente nos primeiros capítulos da trama. Ela é realmente o tipo de garota que só pensa em si mesma, que acha que o mundo gira em torno dela, e muitas vezes perdi a paciência com essas características. A verdade é que, com 26 anos, acabo achando os dramas adolescentes muito exagerados, apesar de entendê-los — afinal, eu também fui uma jovem de 18 anos com os mesmos tipos de problemas, né? Ao mesmo tempo, Claude amadurece e aprende tanto durante o desenvolvimento da trama que, no fim, não foi difícil "aceitar" algumas decisões erradas que ela tomou.
Jennifer Niven gosta bastante de desenvolver temáticas importantes para essa fase da nossa vida, como o fim do Ensino Médio e as incertezas que vêm depois dele, primeiro amor, amizades, sexo e sexualidade... Tudo o que mais gostamos de encontrar em livros voltados para o público jovem. De certa forma, é uma época que a gente se sente muito sufocado, né? Temos que fazer escolhas difíceis, eventualmente dizer "adeus" para as pessoas que nos acompanharam praticamente a vida inteira, enfrentar o desconhecido. A obra representa muito bem esse sentimento de não conseguir respirar, por isso eu amei tanto, e amei o título também.
A autora tem uma forma de escrever única, perceptível em todos os seus livros lançados no Brasil: adora frases de efeito e abusa da atmosfera melancólica, como se desde o início quisesse preparar o leitor para desfechos iminentes. Isso também acontece em Sem Ar, porque vejam só, se o enredo gira em torno de um romance de verão, já começamos a ler sabendo que, ora ou outra, ele vai acabar. Aqui, o que importa de verdade são os aprendizados que vão surgir como resultado dessa situação, que eventualmente serão lembrados no decorrer da vida dos personagens.
Eu precisava dessa história para confirmar que nada na nossa vida tem fim caso a gente queira, porque as memórias ficam para sempre. Tanto que, para Jennifer Niven, Sem Ar é um compilado de momentos que ela mesma viveu, o que deixa tudo ainda mais bonito. Miah e Claude são capazes de arrancar suspiros, mas o que toca mesmo é o fato de ser o retrato perfeito para a autodescoberta. Até então, é definitivamente meu livro preferido da autora.
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