Cley 30/10/2020Quando percebemos o perigo se aproximando, temos o extinto de correr, mudar o percurso antes que seja tarde demais, isso que Kate Reese faz com seu filho Christopher. Ambos estão fugindo, os abusos estão sendo deixados para trás e Mill Grove, uma cidadezinha na Pensilvânia parece ser um bom refúgio. Porém, o pequeno Chris some por seis dias sem deixar rastros e volta mudado, com uma voz sussurrando em sua mente, pedindo para que ele construa uma casa na árvore, e se Chris não fizer o que a voz manda, o mundo que ele conhece pode ruir.
"A gente pode engolir o medo ou deixar que o medo engula a gente."
O que mais admiro em alguns autores são os riscos que correm ao escrever um gênero que foge da sua zona de conforto, e não terem a certeza se isso será ou não uma boa ideia. Chbosky, autor de "As vantagens de ser invisível", arriscou e para mim, teve êxito.
Narrado em terceira pessoa e intercalado por vários personagens, "Amigo imaginário" explora os medos que temos e o quanto eles perturbam nossa mente, nos fazendo cair sem nunca alcançar o chão, apenas caindo.
Não demorou muito para que eu criasse conexão com a Kate e Chris, tudo que passaram, me fez ter empatia e torcer para que tivessem paz, mas a nova cidade trará outros perigos e o passado deles não tem pretensão alguma de deixá-los em paz.
Os personagens secundários são bem explorados, e todos desempenham papéis importantes na trama, nada é desperdiçado e esse aspecto é o que mais valorizo em obras em que há vários personagens; sem ignorar também a escrita fluida do autor, característica positiva, pois, o livro é um calhamaço.
A obra é mais que um terror, o jogo psicológico presente nela é muito forte e as reflexões que tirei foram inúmeras. Chbosky não se preocupou em dar sustos aleatórios ao leitor, apesar de conter cenas bem aterrorizantes e tensas, a obra é mais que isso, há história, há profundidade, e um bom terror, pelo menos para mim, precisa ter esses elementos.
Os plots inseridos desconstruíram tudo que eu havia formulado, e o final, apesar de ter sido insano, considerei justo.