Márcia 05/04/2013Dessa vez, a heroína das consumidoras compulsivas volta com uma confusão absurda e vários sapatos novos. Becky Bloom vai se casar! E claro, não poderia deixar de causar com confusão com isso. A mocinha indecisa e insegura se vê terrivelmente dividida entre um casamento familiar em sua casa na Inglaterra organizado primorosamente por seus pais e amigos de toda vida e um casamento de princesa no Hotel Plaza em Nova York, bancado pela sogra que odeia. E agora? Como sair dessa, hum?
Não é segredo para alguém que me conhece que sou apaixonada pela Sophie Kinsella. Todos os livros dela me arrancaram risadas. Uns menos outros mais, mas todos. Com "As Listas de casamento de BB" não foi diferente - ele apenas foi um dos "menos".
A narrativa continua rápida, irrevente, típica da autora. Mas dessa vez a mocinha não me agradou como na grandíssíssima maioria das vezes, infelizmente. Da série eu havia lido apenas o "Delírios de Consumo na Quinta Avenida" e havia adorado a Becky, considerando-a até amável e espirituosa. Ela é, sim, mas acontece que nesse livro - talvez pela "experiência ou amadurecimento literário" adquirido no intervalo de tempo entre uma leitura e outra, ou mesmo por uma noite especialmente crítica de leitura minha - percebi também uma mulher fraca, que não consegue lidar com os próprios problemas e que irritantemente se enrola com situações simples que poderiam (na vida real) ser resolvidas facilmente, colocando seus próprios problemas (banais) em proporções ridículas até realmente tornar-se uma calamidade.
Não sei vocês, mas não consigo me identificar com esse tipo de coisa.
Durante todo o livro a irritação me cutucava enquanto eu pensava: "Hein, Becky, para de melodrama e simplesmente resolva logo isso tudo que você criou". Sabe, a infantilidade dela é enervante. Também fui acometida pela opinião de que o livro é longo demais, desnecessariamente. Francamente, cerca de 100 páginas poderiam ser cortadas sem problemas e apenas perderíamos as enrolações mentais da Becky - a fofa, confusa e lerdinha Becky.
E pra não dizer que nem tudo não são flores, há momentos no livro, geralmente de lucidez e sensatez da Becky (já que somos obrigados a encarar a narrativa sob o ponto de vista dela), em que torço pela protagonista e enxergo nela uma luz no fim do túnel. Apesar de tudo a Becky no fundinho da alma sabe qual é a coisa certa a fazer. E admito que sua indecisão é um reflexo, exagerado, talvez, das dúvidas e conflitos emocionais existentes na sociedade feminina - de hoje e de sempre.
E o final... Bem, os finais da Sophie costumam ser inusitados. E esse foi. A Becky tem um rompante de inteligência - mesmo que aplicada em uma situação esdrúxula e despropositada que não se sabe como ela foi capaz de criar. Mas tenho que adimitir que tenho um pé atrás com os finais da Sophie mesmo, geralmente eles têm esse teor de irrealismo.
Pretendo continuar com a série, embora extremamente enjoada da protagonista, apenas porque Sophie Kinsella vale a pena.