F. Pierantoni 15/04/2011Gone: O Mundo Termina AquiDescontados alguns percalços pelo caminho, não há como negar que essa nova onda literária de temática survivor está com a corda toda. Passando pela saga Jogos Vorazes (Editora Rocco), pelo thriller Maze Runner (V&R Editora) e por outros títulos semelhantes, encontramos impressionante regularidade e alta qualidade. Com entusiasmo, acrescento agora a essa lista mais um integrante: Gone – O Mundo Termina Aqui (Editora Galera Record), de Michael Grant.
E se todas as pessoas com mais de quinze anos simplesmente desaparecessem? Pois é isso que acontece na pequena Praia Perdida, uma cidadezinha litorânea da Califórnia. De um instante para o outro, os adultos se foram e as crianças encontram-se no puro caos. Há acidentes por toda parte, batidas de carro, fogões deixados ligados, bebês largados sozinhos... E essas não são as únicas preocupações da garotada.
Outras coisas estranhas estão acontecendo. Uma barreira translúcida transforma a cidade numa bolha isolada do mundo. Animais apresentam mutações perigosas. E há algo de errado nas próprias crianças, que começam a demonstrar determinadas capacidades extra-humanas.
Gone – O Mundo Termina Aqui traz uma bem-feita mistura de peso e leveza, tensão e diversão. Porque o livro trata de uma situação terrível, de uma sociedade destruída, de situações extremas. Todavia, seus protagonistas são crianças e, como tal, agem como crianças, pensam como crianças, falam como crianças. Isso alivia a abordagem das cenas de violência e sofrimento – que não são poucas –, além de enriquecer a história ao retratar de maneira interessante como um bando de garotos organizaria uma nova comunidade – por curiosidade, eles fazem questão de manter o McDonalds funcionando.
O livro poderia já ter se saído muito bem tratando apenas da faceta pós-apocalíptica do enredo. Ainda assim, o autor arriscou ainda mais, introduzindo poderes mutantes aos personagens. Uma má gestão dessa decisão teria arruinado a obra, porém Grant soube utilizá-la com eficiência e habilidade, fugindo ou mascarando os tantos clichês do gênero.
Achei o trio principal de personagens parecidos demais com nossos queridos Harry/Rony/Hermione e desanimei-me um pouco ao descobrir que a série Gone prevê ainda mais cinco livros para concluir sua história e seus mistérios. Não obstante, a experiência com esse primeiro volume foi ótima e, se o autor souber manter o mesmo padrão de inovação e competência, é certo que teremos em mãos uma saga memorável.
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