Luan 14/08/2014
Diferente do nome, uma boa história começa aqui!
Tinha Gone como uma de minhas prováveis leituras há um certo tempo. A história me deixou curioso. Mas não tão ansioso. Apenas curioso mesmo. De repente, puf... Todo mundo que tenha 15 anos ou mais desaparece de Praia Perdida. Assim, do nada mesmo – uns, enquanto estudavam, outros enquanto ensinavam, ou até enquanto comiam ou dormiam. Era 10h18 da manhã. E Sam foi testemunha do fato mais bizarro e sem sentido do mundo: apenas ele e os adolescentes e crianças com 14 anos ou menos habitavam a localidade.
Logicamente, a confusão se instalou. Ninguém sabia o que acontecia, se era real ou um sonho. As crianças choravam, desesperadas. Os pouco maiores, também. Definitivamente a comunidade em que viviam havia mudado. Agora, era terra de ninguém. Até de certa forma maduros para a idade deles, os adolescentes tentaram, ao pouco se organizar para evitar a balbúrdia. Mas isso durou até a chegada dos alunos da Academia Coates. Também vítimas do acontecimento bizarro, eles passam a dominar a cidade e ela fica dividida: de um lado os alunos da Coates, ricos, esnobes, misteriosos, sob o comando de Caine. Do outro, os jovens da própria Praia Perdida. Sob o comando de ninguém.
Sam. Ele seria o líder natural. Mas ele mesmo evitou o título. Não queria dar esperanças de algo que nem ele acreditava. Mas foi nesse momento que Sam, o protagonista de Gone – O mundo termina aqui, conhece seus novos companheiros de luta: Astrid, a menina gênio, Edílio, o menino prendado e Lana, a menina que cura. E ao lado de Quin, seu melhor amigo, e de Pete, o irmão autista de Astrid, eles protagonizam essa série, em que o mistério não apenas cerca os moradores da localidade, como também os leitores. Juntos, os seis mais os moradores travarão batalhas para tentar descobrir o que houve e como sair do chamado LGAR. E juntos, nós e eles, seremos testemunhas de momentos tensos e mais que bizarros, como o fato de a maioria das crianças e adolescentes adquirem estranhos dons, quase poderes mágicos e uma barreira separar a cidade do resto do mundo.
De fato, essa sinopse me chamou a atenção. E foi quase ao mesmo momento em que descobri a série Amanhã. Ambas com temáticas parecidas. Fiquei realmente curioso para lê-las. E perdi parte da vontade assim que terminei o primeiro volume de Amanhã. Achei fraco, história, desenvolvimento e escrita – fiz resenha, para quem estiver interessado.
E, adivinhem? Sim, passei a temer a leitura de Gone, depois da frustração anterior. Estava com ele em minha estante. Mas adiava a leitura. Não sei porquê. A história que vi não lembra em nada a outra. Mas não vou ficar aqui fazendo comparações.
Vou sim comentar de uma das grandes surpresas entre as minhas leituras do ano. Por mais que sinopse até pareça de um livro mais infantil ou adolescente do que jovem ou adulto – ou YA –, não é. Inclusive, engana-se quem pensar isso. Mas também não pensem que vão encontrar uma obra prima do terror ou do suspense. Não. É uma história forte direcionada para vários públicos. E que não frustra. O autor, Michael Grant, não subestima os leitores. Não se intimida. E isso é muito bacana.
A escrita do autor me agradou bastante. É direta, sem rodeios, e com toques misteriosos que tanto me agradam. Os personagens, se são de má índole ou não, não vem ao caso: grande parte, a maioria mesmo, deles são muito bem construídos. Eu não costumo gostar de protagonistas. Nesta história, o carisma dele me ganhou. Não gosto de histórias de amor. A sutileza presente em Gone não me chateou.
O desenvolvimento da história também sai o óbvio ou do mais fácil. Ele tenta se encaminhar por algo maior. Mesmo tendo em mente que está lidando com personagens que são quase crianças. Mesmo tendo em mente que crianças podem estar lendo. Ele não se acanha.
Mas está neste ponto talvez um dos únicos pontos negativos. Não sei o motivo por ele ter definido a faixa etária limite em 14 anos. Mas acredito que a história só teria a ganhar caso o tal limite para o PUF fosse 17. As situações criadas por Grant teriam ainda mais veracidade se com personagens de idade mais avançadas. Mas isso não chega a estragar. Nem deixar a história inverossímil. Mas me incomodou um pouco. Até porque há uma série de acontecimentos cruéis, sangue, dor, lutas... – ele não teve pena enquanto escrevia mesmo - que desempenhada por pessoas de idade superior deixaram a história ainda mais tensa.
Assim como fiquei um pouco incomodado com o fim, que vinha num ritmo muito bacana. Mas na hora H meio que ficou no clichê. Esperava mais. Mas também não diminuiu minha ansiedade e curiosidade em ler os próximos volumes. Quer demais continuar essa série. E ficarei eternamente grato a Grant se os próximos volumes corresponderem ao primeiro.
O quatro, como avaliação, é justo. Quem sabe, no próximos, suba? Só lá saberei (emos). Valeu!