cinoca 02/01/2011Não consegui parar de ler...Eu não levava muito a sério quando as pessoas falavam que era difícil descrever Gone, mas eu devo morder a língua e concordar com todas as críticas que afirmaram que não é fácil colocar em papel as emoções que eu vivi com essa história.
Sabe aquele livro sem enrolações? Gone é assim. Nada de introdução aos personagens e suas monótonas vidas nas primeiras páginas, explicações sem fim sobre algum ou descrições detalhadas sobre algum local. O suspense começa desde as primeiras linhas. A cada página, a cada capítulo há sempre uma nova descoberta que te faz querer ler o próximo e o próximo capítulo até terminar a história.
Livros com muitos personagens às vezes tendem a demorar um pouco a você lembrar quem é quem, mas não em Gone. Sempre que o nome de um personagem aparece nas páginas, surge um “ah, é aquele(a) menino(a) que é desse e daquele jeito, adoro/odeio ele(a).” Na verdade, é difícil descrever todos os personagens centrais e cruciais para esta história, porque cada um tem uma personalidade tão diferente que te marca de algum modo, que resumi-los em poucas palavras não parece justo ao que nos é apresentado na obra.
Claro que há aqueles favoritos, e no meu caso são: Quinn, o amigo engraçado, sarcástico, malucão, mas que acabou mudando muito minha visão ao longo do livro. Assim como Sam, que começou como um personagem meio chato, sensato e preocupado demais. Querendo viver no anonimato, mas que ganhou espaço na galeria de meus personagens favoritos de todos os tempos, cada vez que eu o conhecia mais.
Há também a garota da história, Astrid, a menina loira, bonita e inteligente que todo mundo tem uma queda. Mas não é um daquelas personagens que gostam de se gabar por saber tudo. Ela é genuinamente inteligente e não nota que expor isso às vezes pode passar uma imagem de arrogância para os outros personagens, mesmo que você, leitor, tenho certeza desde as primeiras páginas que ela é o oposto disso.
Há também outros personagens sensacionais e de extrema importância no desenrolar dos fatos, mas descrevê-los seria limitar as emoções de quem irá conhecê-los através da história, mas adianto que há mistura sem fim de diferentes personalidades em crianças que você precisa acostumar-se rápido, porque tudo em Gone acontece num piscar de olhos. Não que o ritmo do livro seja ruim. Na realidade é o mais bacana na história criada por Michael Grant. Saber conduzir uma história sem enrolação e com momentos de tirar o fôlego durante mais de 500 páginas, não é algo muito fácil não.
O que mais me chamou atenção, acima dos poderes e mistérios que envolvem o mundo de Gone é como o autor conseguiu elaborar crianças tão cruéis. Crianças com apenas 14 anos cometendo atrocidades umas com as outras por pura gana, fome de poder… diversão. Não é algo que eu consegui me acostumar até agora. É difícil limitar as palavras para descrever um livro tão fantástico como este. Existem realmente poucas obras que me fizeram ficar impressionada com o que estava sendo descrito em quase todas suas páginas.
Michael Grant conseguiu criar um novo mundo – cruel, muito cruel – para os amantes de aventuras e mistérios, e seria um total desperdicio você deixar passar uma leitura como essa.