Sukiyaki de Domingo

Sukiyaki de Domingo Bae Su-Ah




PDF - Sukiyaki de Domingo


Poder degustar o sukiyaki de domingo significa para o ex-professor Ma um revival de seus tempos de fartura. A falta de dinheiro é uma constante, de modo que a esposa vive explodindo em recorrentes crises histéricas. Como ele não é um especial entusiasta da arte de trabalhar, sempre sobra para a mulher a missão de trazer dinheiro para casa, o que não deixa de ser uma crítica da autora do livro, Bae Su-ah, quanto à fragilidade da figura masculina no contexto social da Coreia do Sul contemporânea.

O “sukiyaki de domingo” funciona, portanto, como uma metáfora daquilo que os personagens desta obra almejam, um ideal de consumo, a materialização das (parcas) ambições que os movem. Porque Sukiyaki de domingo, o livro, trata de uma Coreia do Sul bem destoante da portentosa imagem de “Tigre Asiático” consagrada no imaginário ocidental: a de suas periferias, tão semelhantes às de quaisquer paragens terceiro-mundistas, e seus efeitos intrínsecos, sobretudo a dificuldade de comunicação, e de afeto, nas relações sociais e familiares, e as fagulhas dessa incomunicabilidade sempre a alimentar uma fogueira de violência.

Romance de forte crítica social, Sukiyaki de domingo se estrutura a partir de capítulos nomeados, que também podem ser lidos como contos, já que encerram pequenos dramas e histórias. A autora optou por uma série de personagens que parecem tirados de uma mesma comunidade, dos quais alguns reaparecem, ou se cruzam, em mais de um capítulo. A pobreza parece potencializar as idiossincrasias dos personagens: além do professor que saliva com o sukiyaki, nos desconcertamos com a mulher que esconde suas economias numa mala de meias sujas; com o jovem que imagina ter tirado a sorte grande ao conseguir um “bico” para ajudar numa mudança; ou ainda com um mendigo que quer ser aceito pela sociedade por querer sobreviver somente com os restos de comida que as pessoas descartam.

Embora originalmente japonesa, sukiyaki é uma iguaria também consumida na Coreia, bastante semelhante à outra iguaria local chamada shabu-shabu. Embora os restaurantes que servem este prato sejam populares no país, os de sukiyaki, por sua vez, são bem mais raros. Segundo a própria autora, sukiyaki é um nome que soa familiar aos coreanos, mas pouco deles sabem exatamente do que se trata. A ideia de evocar um elemento japonês no título de um livro sul-coreano tem, portanto, a premissa de causar mesmo estranhamento, como a denotar algo fora do lugar, simbolizando em certa medida o desequilíbrio generalizado que a falta de dinheiro gera sobre a realidade dos personagens.

Romance de estrutura fragmentária, Sukiyaki de domingo é a primeira incursão da Estação Liberdade na literatura sul-coreana, marcando assim a ampliação da atuação da editora no mundo das letras orientais.





Sukiyaki de Domingo

O PDF do primeiro capítulo ainda não está disponível

O Skoob é a maior rede social para leitores do Brasil, temos como missão incentivar e compartilhar o hábito da leitura. Fornecemos, em parceira com as maiores editoras do país, os PDFs dos primeiros capítulos dos principais lançamentos editoriais.

Resenhas para Sukiyaki de Domingo (25)

ver mais
Nem só de K-pop e tecnologia se faz a Coreia do Sul


Quando se fala em Coreia do Sul, logo nos lembramos dos grupos musicais com fama mundial ou das conceituadas empresas de produtos tecnológicos. No entanto, a escritora Bae Su-ah apresenta através deste livro uma realidade que não aparece na mídia. Arrisco dizer que qualquer semelhança entre este livro e o premiado filme "Parasita" não seja mera coincidência. As duas obras denunciam o gritante abismo socioeconômico existente no país. A gama de personagens (que são muitos!) conta com ...
Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR