Se é certo que os primeiros passos da chamada poesia gauchesca, no Rio Grande do Sul, tiveram a impulsioná-los, muito timidamente, os livros de Bernardo Taveira Júnior, Múcio Teixeira e Apolinário Porto Alegre no último quartel do século passado, não é menos verdade que somente em 1915, com o ANTÔNIO CHIMANGO, obra magistral de RAMIRO BARCELOS, encontrou a poética nativista a fonte autóctone, o veio real, de que dimanam as nossas mais expressivas e autênticas produções literárias em verso.
E esta prioridade decorre, substancialmente, da circunstância de ter o seu autor, ao contrário dos antecessores pioneiros, enfrentado e dominado o linguajar genuinamente crioulo com a naturalidade e fluência de quem, além de conhecer, é amigo das coisas do campo. E mais do que isto: tendo intimidade com a temática campeira, soube oferecer um verdadeiro quadro dos nossos costumes, que, desenhado com tintas vivas, proporcionou uma visão fiel do gaúcho, nas suas mais peculiares atividades e vicissitudes.
Obra que, primordialmente teve por escopo a desforra pessoal, o poema de RAMIRO BARCELOS, como salienta o eminente autor do prefácio dest apublicação, vem sendo sucessivamente editado e aplaudido, tendo em vista o seu valor poético, o seu primor de estilo, a sua consagração literária, abstraindo-se e olvidando-se, por circunstancial, o desiderato político que inspirou a sua criação.
A receptividade com que foi brindada a edição anterior do ANTÔNIO CHIMANGO encorajou-nos a promover a presente. E, objetivando enriquecê-la ainda mais, contamos com as ilustrações de TADEU MARTINS, cujo talento e sensibilidade têm conferido valiosa contribuição às nossas manifestações artísticas, merecendo os louvores e o reconhecimento daqueles que cultuam as tradições do Rio Grande.
Martins Livreiro, Editor
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