Fernando Lafaiete 13/12/2017A Maldição: O peso de encarar as consequencias de nossos atos.
A Maldição é o tipo de livro que reforça categoricamente o dom de Stephen King em contar histórias. É um enredo bem simples e uma história curta, mas que ainda assim, aborda temas bem interessantes.
Publicado anteriormente como A Maldição do Cigano, a narrativa girará em torno de Billy Halleck, um advogado obeso que durante o retorno para casa, acaba atropelando e matando uma cigana. Durante o processo de julgamento, ele acaba sendo inocentado pelo juiz que nada mais é do que um dos seus amigos mais íntimos. Na saída do tribunal, ele se depara com um cigano idoso, que não aceitando o resultado do julgamento, acaba amaldiçoando-o.
Aos poucos vamos acompanhando todo o imbróglio que surge com esta maldição. O personagem central vai emagrecendo em uma velocidade absurda e juntamente com isso, passa a ser visto como uma pessoa desiquilibrada por simplesmente acreditar que tudo é fruto de uma possível praga jogada por um cigano.
As 80 primeiras páginas são bem entediantes e é onde nos deparamos com a tão temida prolixidade de King. Esta técnica de escrita do autor, me fascina e me irrita na mesma proporção. Ao mesmo tempo que eu acho este vício narrativo excelente para a construção e solidificação dos personagens e da narrativa em si; também considero um problema para a questão imersiva da leitura tão importante para grande parte dos leitores.
Entretanto, mesmo diante deste possível problema, o desenvolvimento da história compensa as primeiras páginas. A Maldição irá retratar o processo de aceitação e anulação da culpa. Grandes questões também envolvendo preconceitos e a conceitualização de justiça e injustiça permeiam toda a narrativa.
Os personagens são muito bem trabalhados e o desfecho é simplesmente incrível. O autor cria um suspense palpável que sustenta a ansiedade do leitor em querer saber o final da história. Stephen King brinca com os nossos sentimentos nos fazendo amar e odiar os personagens em momentos diversos.
O livro em questão foi publicado originalmente em 1984 pelo pseudônimo de Richard Bachman e ganhou posteriormente uma adaptação em 1996. Apesar de ser um livro muito bom, não o considero como sendo um dos melhores livros do autor. Gostei da leitura, mas considero Misery, Cujo e Escuridão Total sem Estrelas livros bem superiores.
Stephen King assombra, incomoda, irrita e fascina várias pessoas. Sendo ou não não um escritor prolixo e você gostando ou não do rei do terror, acredito que vale a pena investir em suas histórias. Pois ler King é um processo que entrega um resultado bastante positivo. Ele é o tipo de escritor que não é possível ler com indiferença.
Nota final: 4.5