Betinha 12/08/2013"É assim que tem de ser"Esse é o primeiro livro do Stephen King (escrita sob o pseudônimo Richard Bachman) que leio. Porém foi mais do que uma leitura, foi uma experiência de imersão nessa obra do autor.
O livro mescla a narrativa em primeira pessoa (as memórias e pensamentos de Billy Halleck) e em terceira pessoa, tendo início após o evento que motiva a história: um acidente de carro que matou a cigana Susanna, o julgamento e absolvição do motorista Billy e a maldição lançada sobre ele por um dos ciganos do bando de Susanna. "Mais magro" foi o que o cigano disse, enquanto tocava delicadamente o rosto de Billy com as suas mãos deformadas.
Billy precisava perder peso, mas começa a achar estranho uma perda tão rápida e significativa mesmo sem ter mudado os seus hábitos alimentares. Seria autossugestão, alguma doença ou a maldição realmente funcionara?
Ao mesmo tempo em que Billy tenta compreender o mal que o atingiu, começam a despertar nele novos sentimentos que o motivarão: culpa, raiva daqueles a quem amava, desejo de vingança. Sua busca tem uma finalidade: a redenção, mas ele encontrará muito mais do que isso.
É possível tirar conclusões filosóficas da obra - qual a finalidade da vingança, o que é justiça, qual o sentido de uma vida opulenta - porém, prefiro pensar que o mais interessante da obra é refletir o quanto de nossa personalidade e valores podem ser revelados depois de um incidente traumático, estando você nos dois lados da fatalidade. Billy foi o atropelador, mas isso só despertou nele um incômodo, do qual libertou-se após o julgamento. Contudo, na condição de vítima de uma maldição, muitas outras coisas foram reveladas sobre quem ele era.
Um dos meus trechos preferidos:
"— Você fez mesmo tudo isso por mim, Richard?
Ginelli parou, olhou para ele e sorriu um pouco. O sorriso era quase vago... Mas aquela luz que girava e torvelinhava em seus olhos estava penetrantemente concentrada – a tal ponto que Billy não pôde fitá-la e precisou desviar o olhar.
— Isso importa, William?"