spoiler visualizarCecília 19/04/2018
No meu último desabafo sobre Harlan Coben, eu tinha dado duas estrelinhas para Seis anos depois e a partir daquele dia eu fiquei com muito medo de um dos meus autores favoritos perder todos os elementos que me fizeram me apaixonar por ele. Confesso que entramos numa crise e pedi um tempo. Ainda estou em crise, mas uma terceira pessoa da nossa relação achou por bem nos aproximar de novo e me presenteou com Volta para casa. Uma atitude que serei eternamente grata, pois Volta para casa tirou o Harlan do castigo de dormir no sofá e minha relação à trois tbm está de vol... não, pera.
Falando sério agora, uma coisa precisa ser gritada aqui pois é muito importante: QUE SAUDADES DESSA DUPLA MAIS LINDAMENTE IDIOTA QUE É MYRON E WIN! [AAAAA]. Eu sou péssima para gravar/lembrar a ordem e os acontecimentos dos livros, a única coisa que eu consigo absorver de uma história é o seu ambiente geral e as emoções que fui sentindo durante a leitura, normalmente associo uma música a cada livro, e nos meus melhores dias, faço playlist para eles. Também não costumo ler sinopses, apenas sigo para o capítulo um e começo. E esse blá blá blá todo que ninguém se importa é só para dizer que apesar de tanto tempo sem ler a dupla Myron-Win, reconheço o ambiente e seus modos de agir de um jeito que só em ler o primeiro parágrafo já pude abrir um sorrisinho por, pela primeira vez (pelo que eu me lembro), ver o Win na primeira pessoa do singular! MEU SONHO DE PRINCESA REALIZADO!!
Mas não é só uma mudança de visão que pode salvar um relacionamento... Despertar as borboletas no estômago com aquelas práticas antigas que você já conhece, mas que ao mesmo tempo se manifestam de maneira diferente e por isso você se apaixona de novo... é o mais difícil. Volta para casa tem toda aquela enrolação (as vezes cansativa) Cobenaista muito bem marcada em, por exemplo, Não conte a ninguém, O inocente, Cilada e Confie em mim, faz a gente pensar: PQP VEI, faltam 30 páginas para o livro acabar, temos 100 perguntas sem respostas e ainda há segredos não revelados! NÃO VAI DAR TEMPO!!! Ai pronto, começa o estresse pré-final, você quer saber logo quem matou quem, que ligação estranha foi aquela, como explicar a presença daquela pessoa no lugar que ela não deveria estar... Grandes questionamentos, pequenas resoluções. Neste ponto as borboletas já estão frenéticas, mas só alcançam o seu ápice quando o modelo Cobenaista apresenta sua cartada final, resolvendo tudo plenamente em uma linha.
O que vem depois disso é a gostosa sensação de: eu sabia que poderia me apaixonar por você, seu troço. E aí as borboletas nos consome. Como disse no início, minha memória funciona por ambientes, emoções e música, Volta pra casa definitivamente me guiou de volta para as pautas que o Harlan sempre trabalha em suas histórias (confiança, mentiras, proteção, limites, amizade e amor) e que sempre me desperta para observar e me relacionar com o outro com um olhar menos julgador e pensar duas vezes nos efeitos colaterais que alguma ação minha (principalmente em palavras) pode causar, não só em mim, mas nas pessoas ao meu redor.
O estresse pós-final é o que mais me consome, pois é neste ponto que tenho o ambiente completo e posso analisar tudo de novo, verificando os “e se...” que poderiam ter mudado a história... Mas aos ambientes do Harlan são carregados de emoções e mesmo que a gente chegue à conclusão óbvia que mentir não foi a escolha mais inteligente, acabamos entendendo que os seres humanos são complexos demais para terem atitudes 8 ou 80. Mesmo que alguns digam ser assim, eles não são. E outra conclusão óbvia no modelo Cobenaista, é que o diálogo é a ação básica para uma boa convivência, mas claro, o ser humano tbm não consegue fazer isso e temos histórias não tão ficcionais assim como as do Harlan.
Não sei por que escrevi isso aqui, inclusive, tenho pena de você que chegou até esse ponto... mas você pode esquecer tudo e ir escutar Baco Exu do Blues – Sinfonia do adeus, que é a minha música para esta história angustiante, mas com singelas pinceladas de amor muito bem protagonizadas por Myron e Win. Há alguma ligação da música e o livro como um todo? Pra mim sim e bem provável que pra você não, mas a música é linda de qualquer jeito e vale a pena escutar. Complexos né... somos seres complexos...