Ley 07/05/2020Mais uma vez apaixonada pela escrita de V E SchwabEste é o segundo livro que leio da Schwab. Meu primeiro contato com sua escrita foi com o livro Vilão, que é uma ficção YA, que conta uma história sobre um antagonista ao invés de pintá-lo como um herói. Como a experiência foi boa, e os comentários a respeito de Um Tom Mais Escuro de Magia são igualmente ótimos, imaginei que iria gostar da história.
Nela, a autora não escreve uma ficção e sim uma fantasia, narrada logo no início de 1900. Imagine que exista mundos paralelos. Essa teoria já é cogitada na física e Schwab aproveitou-a e moldou isso na história para torná-la mais "mágica".
Nesta versão de mundos paralelos, Schwab cria quatro Londres, onde elas são conectadas por magia. Assim como em mundos paralelos, para viajar entre elas precisa-se de algumas regrinhas, mesmo que seja comandado por outros meios.
Kell, o protagonista é dotado de poderes mágicos e um deles é a capacidade de viajar entre as Londres. Ele é um dos únicos que ainda conseguem fazer isso, desde que os portais para o restante das pessoas sem essa capacidade de viajar, fechou. Sua natureza é intrigante, já que possui um olho normal e o outro completamente negro. Seu tipo de magia também é raro e é conhecido como Antari.
O fechamento desses portais tem um motivo, o que achei fazer muito sentido, e também faz parte de pontos cruciais para o desenvolvimento da história. Kell não é um sujeito totalmente obediente quando se trata de regras e burla uma das mais importantes ao transportar pequenos souvenires aparentemente inofensivos entre os mundos.
Em meio a essas transições inofensivas, ele acaba de posse de algo verdadeiramente perigoso e é roubado por uma ladra procurada chamada Lila. Os dois começam a ser perseguidos, e claramente viverão essa aventura juntos. O título de casal nos dois não é implícito, mas é possível perceber a química entre eles.
Lila e Kell não são os parceiros ideais para correrem contra o fim do mundo, contudo essas diferenças gritante entre eles, faz com que a interação seja ainda mais intensa. Eles se sentem no dever de impedir o que quer que esteja acontecendo, já que se veem como responsáveis pelo tal objeto que estão de posse.
Ao contrário de Kell, Lila não possui poderes, mas não precisa disso para se destacar. Kell se impressiona com seus olhos logo de cara, causando um forte impacto nos leitores por notar como a personalidade de Lila também é marcante. Ela é uma personagem que a autora soube muito bem manusear e lapidar, mas creio que os mistérios a seu respeito ainda não estão todos desvendados.
Há alguns mistérios que rodeiam a personagem e isso pode ser explicado nos próximos volumes. O mistério acerca dos personagens em conjunto com as revelações dada aos poucos no decorrer da história, faz com que o leitor se sinta devidamente satisfeito. Por mais que há dúvidas, nota-se que haverá outras oportunidades para serem respondidas.
Quanto as Londres retratadas no livro, elas se parecem bastante com a nossa, e creio que autora quis recriar uma baseada em nossa Londres, porém um pouco permeada por magia. Os habitantes de "nossa" Londres desconhecem a magia, quanto as demais Londres possuem um conhecimento maior.
A magia que a autora cria, é diferente. A forma como ela a capturou e desvendou aqui no livro, deu uma voz maior para ao que a magia é, estabelecendo nela algo mais vivo, como uma força da natureza. A magia empregada na história não é vista como boa ou má, sua identificação dependerá bastante de como é usada e quem a está usando, e os efeitos e consequências estão totalmente ligados a isto também, resultando em uma reflexão por parte do leitor sobre o quanto o poder pode ser corruptivo, ou se já somos corruptos e com a ajuda do poder, isso se torna mais real.
site:
https://www.imersaoliteraria.com.br/2020/02/resenha-um-tom-mais-escuro-de-magia.html