A máquina de contar histórias

A máquina de contar histórias Maurício Gomyde




Resenhas - A Máquina de Contar Histórias


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@apilhadathay 05/10/2014

Surpreendente
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Você não acha que todas as histórias já foram contadas e que tudo não passa de reinvenção da roda?- Em essência, eu acho. Talvez você jamais vá encontrar uma ideia totalmente original. Isso seria o Santo Graal do escritor, nossa eterna busca. Portanto, original deve ser a forma de contar a mesma história. (Vinícius Becker)
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Bom, o blogueiro literário que não conhece Maurício Gomyde é Poser. Eu tinha curiosidade de conhecer o trabalho de Maurício desde O Mundo de Vidro, porém a oportunidade chegou através de A máquina de contar histórias. E eis que vem um romance doce, inteligente, recheado de problemas familiares. Franco, deixando entreabertas todas as portas de problemas que geralmente se fecham diante de pessoas estranhas.

A Máquina de Contar Histórias é sutil e forte.
Atrai o leitor por afinidade com as circunstâncias ali narradas. Fala de família e dor, morte e recuperação do amor perdido, mas também da resignação diante daquilo que não se pode recuperar. Fala de trabalho e talento, do mundo do escritor e de técnicas que ficamos tão curiosos para conhecer a fundo.

Maurício vem contar a vida de um escritor de sucesso, que viu escorrerem por suas mãos a vida frágil da esposa e o amor das próprias filhas, antes de perceber o tamanho do dano causado e também, sem ter a mínima ideia inicial do que faria para correr atrás do tempo perdido. Valentina e Vida são suas personagens de personalidade forte, inestimáveis, e apaixonei-me por elas, mais do que pelo próprio Vinícius - são meninas decididas e verdadeiras, em suas respectivas idades e convicções. Vida é absolutamente a coisa mais fofa desde Boots (Suzanne Collins): ela me fez dar muita risada e ficar com o coração apertado, imaginando se, um dia, minhas filhas serão assim.

As consequências da ausência de um pai, no momento mais crítico de uma família, foi um ponto bem explorado, no decorrer das páginas, enquanto o autor mescla cenas do presente com memórias que insistem em persegui-lo. Há uma carga sentimental e de culpa transbordando pelas páginas.

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A gente não aprende lendo, aprende vivendo. E a vida, por mais que uma quantidade de pessoas acredite nisso, não é feita de métodos, fórmulas, dicas ou listas de recomendações. Ela é feita de sentimentos pelas pessoas que estão ao lado, ou por aquelas que estão longe, mas que, só por pensarem na gente, já fazem toda a diferença.(p. 68)
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Fora alguns erros de revisão, que posso ter confundido com o jogo estilístico do autor, foi um livro incrível. Aprovo e recomendo para pai, mãe, filhas e leitores que curtem um bom romance, sem os exageros e sentimentalismo que, tantas vezes, estragam uma boa leitura. Foi escrito na medida certa, e, em muitos momentos, acreditei nas lições de técnica a que ele faz menção, no decorrer da leitura. A revelação da correspondente misteriosa me causou profunda surpresa, porque, em nenhum momento, esperei por aquilo. Boa surpresa para o final.

Muito Bom!

site: http://canto-e-conto.blogspot.com.br/2014/10/resenha-maquina-de-contar-historias.html
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Heloísa 04/10/2014

Comprei o livro das mãos do Maurício na Bienal de São Paulo. Não conhecia a escrita dele e ele me convenceu de que valia a pena dar uma chance porque eu ia me emocionar. Sempre fui meio preconceituosa com livros nacionais, porque as experiências que eu tinha não eram muito boas.
Só que eu me surpreendi demais com o livro. É muuuuuuuito bom!
Valeu acreditar no que ele tinha me dito.
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Marcinha 04/10/2014

Há muito tempo eu queria escrever uma resenha deste livro, mas precisava organizar minhas ideias. Tive uma ressaca literária após ele, pois foi o livro mais lindo que já li.
Emocionante, imperdível. A escrita do Maurício Gomyde é gostosa demais, você nem vê o tempo passar. A conexão das partes, o jeito que a história vai subindo até a conclusão, com os detalhes se encaixando são perfeitos.
Valentina, Vida, Vinícius e Viviana. A Família V é perfeita!
Recomendo demais aos que gostam de se emocionar com um livro.
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Rafa 03/10/2014

A Máquina de Contar Histórias
Um livro que transmite as dores, aflições e os mais diversos sentimentos dos personagens principais da historia sendo o principal Vinicius Becker. Em seu livro A máquina de contar histórias Maurício Gomyde vai deixar o leitor emocionado logo nas primeiras linhas.

Leitor antes de você começar a leitura proponho que você comece a observar bem atentamente a capa e notar os objetos e tudo que você conseguir guardar os detalhes da capa, durante a leitura você vai entender.

A capa parece que foi desenhado por uma criança de tão perfeito que ficou, diagramação foi muito bem trabalhado com bom espaçamento e fontes de tamanho médio. O livro é bem curto porem Maurício soube criar uma história bem envolvente, ele deu vida e sentimentos para os personagens.

O foco central é na família Becker, que são eles: Vinicius Becker e sua esposa Viviani e suas filhas Valentina sendo a mais velha e Vida a mais nova.

Tudo muda na vida da família Becker quando Viviani morre por causa da leucemia, para piorar a situação o marido está em outro lugar se preparando para um evento para o lançamento do seu novo sucesso literário.

A partir daí tudo desmorona na casa da família Becker, sua filha mais velha se mantem distante e o julga de ter se afastado da família para cuidar da carreira literária e se tornando um egoísta.

Agora é com você leitor acompanhar o desfecho dessa história maravilhosa.

site: http://www.livreando.com.br/2014/10/resenha-maquina-de-contar-historias.html
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Ana Luiza 16/09/2014

O que realmente torna uma história boa, a técnica ou a paixão?
Vinícius Becker é o escritor mais aclamado do Brasil e também muito bem conhecido lá fora. Suas histórias já emocionaram milhares de leitores, mas seu talento para alcançar e conquistar pessoas não parece funcionar mais com as filhas. Há anos sua esposa, Viviana, lutava contra uma doença terminal enquanto o marido escrevia e publicava um livro atrás do outro. Valentina permaneceu do lado da mãe até o fim, que chegou justamente no dia de mais um lançamento de Vinícius.
Uma máquina de contar histórias era como Salvatore o chamava. Frio, certeiro e veloz. Emoções transcritas no papel de forma científica, como se amor, ódio, pena e saudade fossem tópicos de um fichário que ele abria, selecionava e inseria com precisão nas entranhas do texto. Pág. 14
Viviana morreu sem o marido ao seu lado, que quase não chegou para o enterro da mulher. Vinícius fica sem chão, ele finalmente percebe que sua família está desmoronando e, sem a Viviana ao seu lado, ele não sabe o que fazer. As filhas o odeiam e ele não sabe absolutamente nada sobre elas, algo que o pai descobre ao encontrar um e-mail irado de Valentina para uma amiga. Ele descobre que a garota o odeia, mas também que, como ele, ela é escritora. Valentina escreveu um livro com a mãe, obra que Vinícius lê as escondidas e descobre ser muito boa, talvez até melhor que qualquer um de seus livros. Vinícius têm técnica e experiência, mas Valentina tem paixão, ela escreve com a alma, algo que ele deixou de fazer a muitos anos.

Assim, Vinícius decide que está na hora de recuperar tudo pelo qual ele tinha aberto mão em nome da carreira. Infelizmente, ele não pode trazer Viviana de volta a vida, mas pode redescobrir como superar a perda dela ao lado das filhas. Vinícius planeja uma viagem: três destinos misteriosos, três cidades maravilhosas aonde aos poucos ele vai abrindo o coração de suas meninas. Entretanto, não será tão fácil quanto ele incialmente imagina. Vinícius esperava, com a viagem, ensinar tudo o que pudesse sobre literatura para Valentina, mas, no final, ela é que o ensinará que, nas tramas da vida, não existem técnicas para se alcançar perfeição e que apenas o amor e a dedicação podem transformar uma péssima história em algo belo.
Apostaria nesse plano todas as fichas de pai, acumuladas durante o tempo em que a literatura ainda não o havia cegado para as outras coisas da vida. Sua habilidade de escritor seria usada, agora, para contar uma história ao vivo. O roteiro? Escrito a seis mãos. As personagens? Valentina, Vida e Vinícius Becker. Os cenários? Três cidades. O final? Não sabia, mas faria de tudo para ser feliz... Pág. 74
Fiquei louca para ler A Máquina de Contar Histórias depois de participar de um bate-papo com o autor na Bienal do Livro de SP. Li o livro na volta para casa, que fui tudo aquilo que eu esperava.

A Máquina de Contar Histórias é uma história emocionante e surpreendente. É impossível não ficar, pelo menos, com os marejados durante a leitura. Gomyde criou uma história singela, mas rica em significados, que conquista e comove o leitor do início ao fim. A trama foi muito bem desenvolvida e amarrada. A narrativa em terceira pessoa do autor está extremamente fluída e gostosa de ler, devorei o livro em poucas horas sem ao menos perceber a passagem do tempo.

Apesar de a história ser naturalmente dramática, a trama é muito equilibrada nesse ponto. Gomyde soube mesclar bem os momentos mais leves com as cenas mais tensas, onde é quase impossível segurar o choro. Não sou muito fã de drama, mas como o autor soube dividi-lo muito bem ao longo do livro, felizmente A Máquina de Contar Histórias não é uma leitura que deixa o leitor triste, coisa que não gosto.

Mas, para mim, o mais mágico de A Máquina de Contar Histórias foi que, além de uma história comovente sobre o reencontro de um pai e suas filhas, o livro também fala muito de arte, especialmente de literatura. A Máquina de Contar Histórias é carregado de referências não só literárias, mas também da música, que tem sua importância para a trama. A obra faz o leitor refletir como os personagens: o que realmente torna uma história boa, a técnica ou a paixão? E toda a discussão entre Vinícius e Valentina foi muito inspiradora para mim, que apenas sonho em ser escritora, mas que viu esse desejo ser inflamado conforme lia história que acabou também dando algumas dicas preciosas sobre o processo de escrita.

Nesse sentido, me identifiquei bastante com Valentina. Ela é apenas uma garota, muito marcada pelo sofrimento da mãe e o distanciamento do pai, e que vê na escrita seu modo de fugir, de se libertar. Entretanto, apesar da escrita ser tão importante para ela, Valentina não consegue admitir para si mesma o quanto ela quer ser escritora, pois isso acabaria a deixando parecida com o pai. No início, Vinícius me irritou bastante. Quando sua família mais precisava dele, ele escolheu focar-se apenas na carreira. Entretanto, com o desenrolar da história percebemos que, no fundo, ele não foi muito diferente de Valentina. Quando se viu diante uma situação terrível que não podia controlar a doença da esposa -, ele fugiu para o único lugar onde ele era capaz de dar um final feliz a todos: suas histórias. Conforme vai conquistando a confiança, o respeito, o carinho e o perdão das filhas, Vinícius faz o mesmo com o leitor. Ele pode ter errado no passado, mas realmente faz de tudo para acertar no presente e no futuro. Os outros personagens também foram bem construídos, todos com papel na história. A que mais me encantou foi a Vida, a filha mais nova de Vinícius, uma menininha fofa que acrescenta momentos descontraídos a trama.

Também não tenho reclamações quanto à edição. A diagramação estava perfeita, com detalhes super fofos e que tem tudo a ver com a história. A capa desse livro é simplesmente divina! Além de muito linda, ela traz elementos importantes dentro da trama, assim como o ar singelo e emocionante da obra.

A Máquina de Contar Histórias foi uma excelente leitura, que me divertiu e emocionou. Esse é o segundo livro do Gomyde que leio e, apesar de ainda preferir Ainda não te disse nada (resenha aqui), tenho igual carinho com A Máquina de Contar Histórias, que me deixou ainda mais sedenta por outros livros do autor.

Recomendo A Máquina de Contar Histórias para todos que procuram uma leitura rápida e fácil, mas emocionante. Para quem quer um livro que além de ter uma história comovente, fale bastante de literatura, essa é a obra certa para você.
- Escrever é muito mais do que uma profissão. É uma atitude de amor, de entrega ao que se quer contar. Valentina, pág. 95

site: http://mademoisellelovebooks.blogspot.com.br/2014/09/resenha-maquina-de-contar-historias.html
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Aione 10/09/2014

A Máquina de Contar Histórias é um livro que pode facilmente remeter a seu autor, Maurício Gomyde, tanto por seu título quanto por seu protagonista, o famoso autor best-seller Vinícius Becker, pelo menos no que diz respeito à habilidade de escrita de Gomyde.
Maurício me conquistou logo em suas primeiras palavras e, mesmo que eu já tenha lido praticamente todos os seus livros, exceto apenas Dias Melhores Para Sempre, seu último romance publicado de maneira independente, não pude deixar de me sentir surpresa e admirada com aquilo que lia. Sua narrativa em terceira pessoa é cativante ao extremo e construída com as palavras certas para causar o impacto exato no leitor. Assim como Vinícius domina diversas técnicas para construir suas histórias, fica claro que Maurício sabe precisamente o que está fazendo: o autor tem domínio total tanto do universo por ele criado quanto pela maneira de como ele o conta para o leitor.


“- Acho que cada pessoa, quando morre, chega ao céu e assume a forma que tinha na melhor fase de sua vida na terra. (…) No caso da sua mãe, ela está lá hoje… Me deixe pensar… Acho que com vinte e dois anos. Foi quando a luz que irradiava dela era a mais perfeita que uma mulher poderia emitir. Quando você nasceu.
– E quando você morrer, como vai chegar lá no céu?
– Eu? Não sei ainda, mas certamente nada parecido com os últimos quatro anos e meio.”

página 129



Além da escrita envolvente, a história é composta por capítulos curtos, o que imprime uma maior velocidade de leitura. Assim, é possível que páginas e mais páginas sejam viradas sem que sejam percebidas. Algo que muito chamou minha atenção foi o fato do livro ser relativamente curto, mas em momento algum ser corrido ou incompleto. Ao contrário, sua própria simplicidade, tão estimada por Vinícius, o torna completo. Ainda que eu tenha querido que o livro não acabasse tão cedo, não acrescentaria uma linha sequer ao seu final.
A arte de escrever, inclusive, é um importante elemento do livro, tornando-o um excelente exemplo de metalinguagem. A todo momento é falado sobre as técnicas de escrita de Vinícius Becker, que podem ser facilmente exemplificadas pela composição de A Máquina de Contar Histórias como um todo.
Talvez o que faça do livro tão completo seja a construção de seu enredo e a forma de como é composto por tantas emoções. A história não traz apenas um homem tentando se redimir de seus erros e reconquistar o afeto da filha mais velha; também, apresenta a trajétoria de uma adolescente descobrindo sobre seu poder de escrita, e a história de amor entre um homem e sua esposa, ao contar sobre o passado de Vinícius e Viviana. Mesmo que a personagem faleça logo nas primeiras páginas, é impossível não se afeiçoar a ela e à história deles conforme vai sendo contada através de flashbacks. Maurício temperou suas cenas com o amor de um homem para uma mulher e de um pai para suas filhas, e o resultado só poderia ser uma obra tocante e sincera.


“O movimento que ele não havia feito, o de segurar a mão da esposa no momento em que ela fosse embora, acontecia ali, de forma singela, separadas apenas pela fina tela do computador. Para ele, duas certezas: a de que, por mais doloridos que tivessem sido os instantes finais, Viviana partira serena e consciente de tudo o que significara sua breve caminhada ao lado da família; e a de que todo o amor depositado no coração dele e das filhas seria eterno.”

página 184



As personagens, também, me foram totalmente cativantes, bem como a interação entre elas. Vinícius, embora tenha errado na forma de como agiu nos últimos anos de vida da esposa, não me causou antipatia, mas sim compaixão. Em momento algum julguei suas atitudes como puramente egoístas ou ambiciosas; enxerguei um homem que buscou em seu talento uma fuga para o sofrimento de ver a esposa definhar. Por tanto amá-la, não suportou vê-la sofrer e, ao se ausentar, tentou negar o que seria inevitável. Não errou por pouco amá-la; ao contrário, errou por amá-la em excesso e por não saber lidar com a dor de perdê-la. Da mesma maneira, sofri com Valentina, tanto por perder a mãe, seu porto seguro, e por ter de conviver com a ausência do pai, sem ter tido a chance de compreendê-lo. Valentina não foi, aos poucos, perdendo apenas a mãe, mas também a imagem de herói que tinha de seu pai. Por fim, há Vida que, como o próprio nome sugere, é capaz de dar vida ao enredo com suas aparições. A “fadinha” tem o poder de dar leveza às cenas e consegue fazer a mágica de amenizar a tensão entre o pai e a irmã mais velha. É impossível não se deliciar com suas falas e com sua pureza e inocência infantis.
Mesmo que a história aparente ser extremamente dramática com sua premissa, ela não o é em momento algum. Ao contrário, é composta em medidas exatas para ser leve e reflexiva, divertida e emocionante, da maneira que apenas alguém hábil e sensível como Maurício Gomyde conseguiria fazer. Uma leitura que vale extremamente a pena aos amantes do gênero e que, além de me fazer admirar ainda mais o autor, certamente o consagrou, aos meus olhos, como um dos meus escritores favoritos da atualidade.

site: http://minhavidaliteraria.com.br/2014/07/01/resenha-a-maquina-de-contar-historias-mauricio-gomyde/
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Manuella_3 10/09/2014

Quanto vale a realização dos planos profissionais e o sucesso proveniente dessa conquista? Será possível escolher o sucesso em detrimento da família? Em seu novo livro, Mauricio Gomyde traz esta e outras reflexões numa história familiar bonita e envolvente. O que mais aprecio no estilo do autor é a capacidade de traduzir a realidade em seus livros. As dificuldades enfrentadas pelos personagens podem ser minhas, suas ou de pessoas próximas a nós. Podem estar na novela das oito, numa manchete de jornal e, especial e mais profundamente, nas páginas de um livro apaixonante. Assim é A Maquina de Contar Histórias.

Vinicius Becker é um escritor no auge do sucesso. Seus livros vendem muito e atravessam fronteiras. Fez fortuna, assume muitos compromissos profissionais e deixa em segundo plano a esposa Viviana e as filhas Valentina e Vida, que com ele formam a bonita “Família V”. No dia do lançamento do novo livro, Viviana sucumbe à leucemia num leito de hospital. Vinicius não estava lá. E também não estava presente na rotina da família. Então a culpa lhe cai sobre os ombros de maneira implacável. Com o peso do remorso faz uma retrospectiva de seus últimos anos, plenamente dedicados à construção do grande escritor que se tornou. E a família?

Valentina não perdoa. Em plena adolescência conviveu com a doença da mãe e a ausência do pai, sozinha para lidar com a dor e as dificuldades que se multiplicavam. A revolta é a sua arma para demonstrar toda a indignação, todo o pesar que teve que suportar. Ela precisa externar o que ficou contido enquanto a mãe perdia as forças e o pai viajava. Como drenar o misto de mágoa e necessidade de ajuda, no momento extremo em que essa menina precisa de um colo acolhedor e alguém que diga que tudo ficará bem?

Envolto no luto, incapaz de se entender com a rebelde Valentina e a pequena Vida cheia de medos, Vinícius está no abismo que jamais imaginou contar em suas histórias meticulosamente criadas para encantar leitores e vender milhões. O comportamento de Valentina é uma acusação permanente da culpa de um pai negligente, de um marido que não soube enfrentar a doença e declínio da esposa – e encontrou refúgio no trabalho. Vida representa a esperança de corrigir os erros cometidos na criação das filhas. A vida real pode ser muito cruel, não adianta fugir às regras do velho ditado: ‘a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória’...

Pensando em trazer as filhas para perto de si, Vinicius decide fazer uma viagem. Serão dias de luta em busca de corrigir o que ficou deteriorado na relação com Valentina, de reconstrução dos laços que devem unir pai e filhas, de reaprender o valor do convívio, do encantamento com o crescimento das meninas. A necessidade de perdão mútuo se revela tão avassaladora que não há outra saída para que os três voltem a ser uma família. A paixão pela literatura é um bom caminho para o reencontro...

Muitas emoções me tomaram durante a leitura. Apesar das poucas páginas, a densidade emocional é tamanha que não consegui absorver tudo de uma vez. Precisei de pausas a cada final de capítulo, tanto para entender as razões de Vinícius como para aguentar a dor de Valentina – e o reflexo desse sofrimento atormentando o pai. Como mãe, sei que criar filhos é um investimento que demanda tempo, dedicação, paciência, parceria. É lindo vê-los crescendo, tornando-se sujeitos do mundo, diferentes de nós e de nossas expectativas. Só perdoei Vinicius quando ele percebeu o tamanho do erro e corajosamente decidiu refazer o caminho do coração.

Além da narrativa carregada de emoção, o autor nos presenteia com ingredientes preciosos: trilha sonora soberba, viagem cultural e gastronômica estimulante e a revelação da rotina de um escritor. É bom descobrir o método que Vinícius Becker utiliza na criação de seus livros – e perceber como Valentina anda na contramão do pai, mas valida outros caminhos para fazer literatura...

A editora caprichou na diagramação: setinhas de play, recuo e avanço indicando o tempo presente e passado, letrinhas soltas no começo de cada capítulo, remetendo à ideia de uma vida literária onde fervem palavras, frases e inspirações. A bela capa está em harmonia com o texto.

Pouquíssimos livros me fizeram chorar de emoção e A Máquina de Contar Histórias está nessa lista. Sou inclinada a cair de amores por narrativas que ficam reverberando dentro de mim. Não consegui descrever tudo que senti, ruminei por dias as impressões que gostaria de compartilhar. Amar dói e faz crescer. Amar está muito além das frases bonitas em construções perfeitas impressas em best-sellers. Amar é um processo, amar é estrutural. Não se forma uma família sem esse poderoso alicerce. Amor é conquista, é a linguagem do coração, é o produto da verdade que carregamos dentro do peito. A tradução do amor (que se sente e que se dá) é a felicidade.

Obrigada, Maurício Gomyde, por tecer e mostrar os sinuosos caminhos do amor em família numa comovente e sensível história, em linhas férteis de um livro lindo!

Resenha publicada no blog Ler para Divertir:
http://www.lerparadivertir.com/2014/07/a-maquina-de-contar-historias-mauricio.html
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Lily Freitas 06/09/2014

A Máquina de contar Hstória
Essa é a primeira vez que li um livro do Maurício Gomyde, mas já posso dizer que vou agora mesmo procurar seus outros livros, pois se esse servir como termômetro para os próximos não vou me arrepender. Mais vamos parar por aqui e começar a contar a história desse imperdível livro.
A Máquina de Contar História narra à jornada de Vinícius Becker um escritor de Best-seller que abandona sua família para viver o sonho da fama e sucesso que seus livros proporcionam. Só que ao viver esse sonho ele acaba por abandonar sua família tornando-se quase um estranho para aqueles que deveriam ser as pessoas mais próximas a ele.
Numa dessas viagens de negócios sua esposa Viviana morre e ele está longe de casa e perde a oportunidade de se despedir do seu grande amor. Com mais uma das suas ausências Vinícius ganha a antipatia da sua filha mais velha Valentina que despreza o pai por abandonar a mãe no leito de morte.
A partir desse momento Vinícius vai começar sua longa jornada para não só reconquistar o amor da sua filha mais velha como também unir sua pequena e destroçada família tentando assim recuperar o tempo perdido que suas más escolhas lhe tiraram.
O livro de Gomyde é de uma daquelas histórias que te fazem refletir, pois todos podemos em algum momento tomar o mesmo rumo do personagem. Na realidade boa parte das pessoas com um pouco mais de experiência de vida ao olhar para trás percebe que escolheu caminhos que de alguma maneira ou te afastou das pessoas que ama ou feriu os sentimentos delas.
Muitas das vezes tomamos atitudes estúpidas, mas que naquele momento nos parece ser a mais cabível, porém, só lá na frente é que enxergamos como pequenos fomos com essas escolhas. Esse vai ser o caso do Vinícius. Mais quando ele percebeu seu erro já era tarde demais o que vai levar não só ele mais as suas filhas a percorrer um caminho de muita dor e sofrimento.
Bem acho que posso escolher muitas palavras para resumir o livro do Gomyde tais com incrível, emocionante, fantástico, inesquecível e talvez a mais adequada imperdível. Não recomendo a leitura mais sim digo que é obrigatória ler a Máquina de Contar Histórias, pois, além de ser um autor nacional é um tremendo escritor que consegue desde a primeira página prender e emocionar seu leitor com sua narrativa simples e brilhante que só um bom autor pode proporcionar.
O que eu posso dizer ao Maurício é que ele conseguiu com sua emocionante escrita ganhar uma fã incondicional do seu trabalho, pois, eu amei o seu livro e me apaixonei perdidamente pelos personagens que ganharam meu coração com sua humanidade e vulnerabilidade é muito bom quando conseguimos encontrar nos livros personagens tão profundos e verdadeiros que nos fazem parar e refletir sobre muitas atitudes tomadas em nossa vida. Parabéns e que venha mais histórias desse inesquecível autor.
“Escrever é muito mais do que uma profissão. É uma atitude de amor, de entrega ao que se quer contar”. Pág.189

site: http://www.fernandameireles.com/2014/09/livros-da-lilian-freitas-maquina-de.html
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Mila F. @delivroemlivro_ 28/08/2014

Sensível, reflexivel, envolvente.
A Máquina de Contar Histórias foi escrito pelo brasileiro Maurício Gomyde, autor de O Mundo de Vidro, Ainda não te Disse Nada, O Rosto que Precede o Sonho e Dias Melhores para Sempre, que se popularizou através das redes sociais e com suas publicações independentes. A Máquina de Contar Histórias é o primeiro livro publicado por intermédio de uma editora reconhecida.
Esse livro conta a história de Vinícius Becker um famoso e elogiado escritor e best-seller brasileiro que tem fama e sucesso, vive viajando para eventos literários e basicamente tem uma inspiração inabalável, nunca teve um bloqueio de escrita o que o torna um verdadeiro campeão de vendas com vários livros publicados.
Não obstante, tanta fama, reconhecimento e sucesso, Vinícius negligenciou uma parte muito importante de sua vida: sua família. Sua mulher Viviana e suas duas filhas Valentina e a pequena Vida são deixadas de lado, há todo um conflito, porque Vinícius tem motivos de ter se distanciado da família. Quando descobre que Viviana – o amor de sua vida – está doente e existem pouquíssimas chances de cura Vinícios se entrega ao mundo da produção literária como uma forma de escapismo.
O que ele não esperava era que a distância seria algo que prejudicaria toda a sua família; sua filha mais velha, Valentina, praticamente ‘cospe’ em sua cara que o odeia e que nos momentos em que mais precisou ele nunca estava presente. Vinícius tem que lidar com estas verdades e outras que ele desconhecia num momento de muita dor e de sofrimento intenso. Vinícius precisa aprender a amar e ensinar suas filhas a amá-lo novamente.
A Máquina de Contar Histórias é uma história de amor familiar, paternal, filial e um novo recomeço. É preciso muita força para começar a cativar o coração de alguém que não gosta mais de você. Estranhamente podemos nos surpreender com essa história, pois quantas famílias não existem pelo mundo, mas que não vivem como uma família, que deixam o sentimento morrer? É algo a ser pensado e refletido.
Além desse tema extremamente comovente, Maurício Gomyde soube descrever a vida de um escritor: caixa de e-mails lotadas, milhares de telefonemas, propostas, projetos, lançamentos e viagens. Tudo com o lado positivo e o lado negativo. O processo de escrita e construção de um livro e personagens são muito abordados em A Máquina de Contar Histórias e o incentivo que alguém dá e recebe para ler e escrever.
Em resumo, trata-se de um livro belíssimo e com uma história comovente. O livro é breve e, portanto, em pouco tempo dá para lê-lo, ademais, a escrita de Maurício Gomyde é bastante cativante então o virar de páginas é bem constante durante a leitura. Outro detalhe – não menos importante – que não posso deixar de observar é a respeito da capa e diagramação impecáveis. Gostei de tudo!!!

Camila Márcia
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Jessica Oliveira 22/08/2014

Resenha para o blog Books and Movies
"A Máquina de Contar Histórias" foi a minha primeira leitura do Maurício Gomyde. Sempre tive uma enorme curiosidade em ler algo dele, mas a oportunidade nunca chegava. Eis que em junho recebi a caixa da Novo Conceito e esse era um dos lançamentos. De cara me apaixonei por essa capa, que vamos combinar, está linda. Logo em seguida leio a sinopse e então, o que começou como uma paixão se torna amor à primeira vista.

Como podemos perceber na sinopse, o livro retrata a vida de Vinícius Becker, um autor best-seller que apesar de aparentemente ter uma vida perfeita não é bem isso que acontece na realidade. Vinícius escreve sobre amor e seus fãs o admiram muito por isso. A cada novo lançamento a mídia literária exalta o talento de Vinícius, mas nem todos concordam com esse fato.

Valentina Becker é a filha mais velha de Vinícius, quando a garota era mais nova era a fã número um de seus pai. Hoje, Valentina é uma adolescente que enfrenta um grande problema. Sua mãe, Viviana, já a algum enfrenta uma doença terminal. Aos poucos Valentina vai vendo a mãe definhar e se tornar apenas a sombra do que outrora havia sido. Se essa questão já não fosse suficiente para abalar uma jovem, eis que Vinícius se torna um pai e um marido ausente. Ele deixa todas as questões da doença da esposa nas mãos de sua filha mais velha.

É Valentina que passa os dias com a mãe, e também ela que fica encarregada de explicar toda essa reviravolta para sua irmã, Vida, uma garotinha de cinco anos que apesar das falhas idolatra o pai. Tudo fica mais complicado quando Viviana vem a falecer e Vinícius mais uma vez estava ausente. Isso revolta Valentina que a partir desse momento resolve que o pai é a pior pessoa do mundo e que, o que ele escreve em seus livros não passa de pura ficção, afinal Vinícius provou que é incapaz de amar.

É com essa premissa que Maurício Gomyde inicia a sua história, uma história que emociona do começo ao fim. Apesar de ter sua conclusão muito rápida, afinal não temos um desenrolar lento dos fatos onde o leitor possa observar os esforços de Vinícius para recuperar a afeição de suas filhas. O que quero dizer é que a trama traz consigo um elemento dramático muito forte, essa ligação quebrada entre pai e filha, e o autor resolve esse impasse de uma forma muito simplista. Sabemos que é uma obra de ficção, mas sempre é bom que a trama, quando trata de um assunto do cotidiano, traga consigo uma resolução e sentimentos que pessoas, como você e eu, teríamos.

Valentina é a personagem que ganhou meu coração, uma garota de atitude mas ao mesmo tempo frágil, características bem típicas da adolescência. Vida também é uma figurinha, uma garotinha que encanta o leitor a cada aparição na história. Já Vinícius é a minha decepção, não consegui aceitar suas atitudes e muito menos acreditar em suas desculpas para as mesmas. Mesmo o autor tendo tentado mostrar uma outra faceta do personagem, fazendo com que Vinícius corresse atrás do perdão das filhas, não fez com que eu simpatizasse com ele. Vinícius não conseguiu despertar nenhum tipo de sentimento, afora a raiva, em mim. Talvez se a trama não fosse tão curta e a forma com que o autor usou para mostrar a redenção de Vinícius fosse outra, eu até mudasse de opinião, mas na forma que está não tenho condições.

Para concluir, quero dizer que apesar das falhas citadas acima, Maurício Gomyde conseguiu criar uma história muito boa. A forma com que ele narra a história faz com que o leitor tenha uma imagem nítida do que está sendo contado e fique "preso" do início ao fim da leitura. Posso dizer com toda a certeza que Maurício Gomyde não fica devendo em nada para renomados autores internacionais. Para aquelas pessoas que ainda insistem em ter preconceito com autores tupiniquins, eis uma oportunidade de comprovar que a nossa terra também produz grandes obras literárias.

site: www.booksandmovies.com.br/
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Way to Happines 21/08/2014

[Resenha] A máquina de contar histórias - Maurício Gomyde (7/10) (por Lígia Colares)
Existe uma receita para o sucesso? Talvez não necessariamente para o sucesso, mas parece que para um livro de sucesso sim, e Vinícius Becker a utiliza. Seguindo muitas regras, Vinícius se torna o escritor do momento, seus livros são traduzidos para várias línguas, se tornam best-seller, e o retorno do público é ótimo! Eventos, lançamentos, viagens, isso tudo enquanto tem todo o apoio de sua esposa, a mulher de sua vida. A vida perfeita que todo escritor deseja não?

Eu comecei a leitura com altas expectativas, não li sinopse para não saber de nada da história, e fui surpreendida! Vinícius, ao descobrir a falta que fez a suas filhas e a sua esposa, decide não repetir os mesmos erros. E então acompanhamos a história não de um homem de sucesso, mas de um pai de família que tenta alcançar suas duas filhas, e com isso rever suas formas de ver o mundo e de escrever seus livros. E a viagem que ele decide fazer, além de apresentar cenários maravilhosos, envolve o leitor na situação, ao mesmo tempo consciente das falhas dele, mas torcendo para que as coisas deem certo ao final!

A história é linda, cheia de leveza mesmo nos momentos críticos... A dor da perda é palpável em todos os personagens, e a abordagem do verdadeiro amor de uma família é muito bonita! Mesmo essa dor não apaga o humor dos personagens, até de Vinícius, que se mostra um ótimo marujo hahaha! E temos de pano de fundo as reflexões de um escritor que escreve sem viver... Que cria receitas tão firmes para seus livros, que deixa de aproveitar a inspiração que a própria vida pode ser!

E, claro, o final... Surpreendente ao sabermos de detalhes, ao entendermos as entrelinhas... E tocante! O livro me tocou de verdade, daqueles que você indica pela leveza e pela simplicidade! E como dizem no próprio livro, não foi preciso terminar para que eu tivesse uma "vontade imensa de ser amiga do escritor"!

site: http://www.way-2happiness.com.br/2014/07/resenha-maquina-de-contar-historias.html
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RUDY 17/08/2014

O renomado escritor Vinícius Becker conquistou um público fiel com seus romances arrebatadores que levam os leitores as lágrimas e a uma certa idolatria por ele. Vive em palestras, sessões de autógrafo e eventos pelo país e pelo mundo.


Casado com Viviana o grande amor de sua vida, companheira constante desde o início da carreira e desde quando não tinham condições financeiras para quase nada. Viviana tem uma doença terminal e morre no dia do lançamento do último livro de Vinícius, ele está distante na hora da morte dela.


Eles tem duas filhas: Valentina de 16 anos que é revoltada com o pai por não ter ficado ao lado da mãe nos últimos 3 anos, desde que a doença foi descoberta, e, Vida de 6 anos, uma criança que sente saudades da mãe e a ausência do pai.


Após a morte de Viviana, Vinícius sente-se totalmente perdido e arrependido por não ter aproveitado a companhia da mulher em seus últimos momentos, também por não ter mais o amor das filhas. Resolve então largar tudo relacionado a escrita dos seus livros e eventos e parte com as filhas em uma viagem na tentativa de conhece-las melhor e reconquistar o amor delas.

site: http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/2014/08/resenha-62-maquina-de-contar-historias.html
Michelle 14/08/2022minha estante
parece ser interessante


Angela Cunha 06/08/2023minha estante
Me recordo desse livro, de muito tempo atrás!!!Não tive oportunidade ler na época, mas adorei rever ele!!!
beijo


Angela Cunha 06/08/2023minha estante
Me recordo desse livro, de muito tempo atrás!!!Não tive oportunidade ler na época, mas adorei rever ele!!!
beijo




Marcela Pitiman 16/08/2014

Que delícia de texto!
Que história fascinante!
Que vontade de não acabar o livro!
Perfeito em todos os sentidos.
Não deixem de ler.
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Marina Nina 11/08/2014

O que mais me encantou neste livro foi a quantidade de interpretações que podem ser dadas pela leitura. Quando li à última página, precisei reler e então "epa!". O autor plantou tantas dúvidas que eu acabei relendo o livro inteiro. O fato de o livro principal ter o mesmo nome do livro que Vinícius Becker está escrevendo torna tudo fascinante, porque tudo poderia ser interpretado, a meu ver, como um sonho, ou apenas um livro que alguém que nem se chama Vinícius Becker poderia ter escrito. Será que as filhas nunca existiram? Será que foi tudo mesmo um sonho? O livro ser tão cheio de "técnicas", será que é uma indicação do autor de que aquele poderia ser um livro dentro do livro?
Amei demais ter ficado com estas possibilidades à mão, ainda mais porque a história, se for interpretada da forma mais simples, é linda.
Favoritíssimo!!!!!!
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PorEssasPáginas 11/08/2014

A Cuca Recomenda: A Máquina de Contar Histórias - Por Essas Páginas
Há muito tempo eu queria ler alguma obra do Maurício Gomyde. Antes desse livro, ele teve outras quatro publicações independentes, e admiravelmente foi galgando seu espaço até publicar A Máquina de Contar Histórias pela Novo Conceito. Foi nesse momento que pensei: bem, agora não tenho mais desculpas, vou conhecê-lo! E criei expectativas altíssimas. Pois é, vocês sabem muito bem o que acontece quando a gente cria expectativas…

A sinopse desse livro é incrível. Assim que a li – e me deparei com essa capa lindíssima – tive certeza: é um livro que vou chorar litros e me emocionar demais. Comecei a ler com as expectativas lá em cima e… pois é, eu não chorei e muito menos me emocionei. Fiquei com uma sensação péssima ao invés disso.

Vinícius Becker é um escritor famoso, bem sucedido e que conseguiu muito mais do que pagar as contas com sua profissão: ficou rico. Só que o preço a pagar por tudo isso foi muito maior do que qualquer valor em sua conta bancária; por conta dos eventos e dos prazos, Vinícius acabou deixando de lado a própria família. Sua esposa, Viviana, foi diagnosticada com leucemia e, por quatro anos, batalhou contra o câncer, tendo ao lado as filhas, principalmente Valentina, adolescente, que por ser mais velha chegava a ficar no hospital com a mãe. Vinícius, porém, manteve-se ausente. O livro dá várias explicações para isso – como nós mesmos fazemos quando não queremos admitir a própria culpa -, mas o que ficou pra mim é que Vinícius teve medo. Medo de encarar algo tão real e doloroso como o câncer. Medo de encarar a morte de frente. Mas, mais do que isso: Vinícius era um covarde.

Vou precisar abrir um parêntesis aqui nessa resenha. Câncer, para mim, é um velho conhecido, infelizmente. Já tive duas duras perdas na família por conta da doença, já vi a realidade da dor e dentro dos hospitais muito cedo. E não importa se você é rico ou pobre, o câncer dilacera tudo que vê pela frente, sem se preocupar com o quanto você tem na conta bancária. Por tudo isso, toda vez que eu vejo um filme ou leio um livro sobre um assunto, eu choro. Sempre, sempre me emociono, sempre fico acabada. Mas, apesar disso, A Máquina de Contar Histórias não me tocou em nenhum instante. Nem mesmo quando se referia à dor que a doença causa.

Assim como Vinícius, o livro é frio. É quase como o próprio Vinícius descreve seus próprios romances: A Máquina de Contar Histórias é um livro muitíssimo bem escrito, técnico, com palavras bem colocadas, mas… falta sentimento. Falta veracidade. Faltou muita coisa no livro para que eu acreditasse na história, embarcasse nela e fosse realmente tocada.

“- Perdoar também é fácil. O difícil é acreditar sinceramente nesse perdão.
- Se você tivesse lido o meu último livro, talvez isso ficasse menos difícil.
- Para perdoar, palavras de um livro podem ser pouco.” Página 152

É impossível se conectar ao personagem de Vinícius. Após a morte da esposa e o fato de que ele não esteve presente em seu último suspiro, ele finalmente percebe que errou (mas ainda tenta encontrar algumas desculpas, como uma criança que admite que está errada mas ao mesmo tempo quer se explicar). As filhas, Valentina e Vida, estão distantes. Valentina, que ficou ao lado da mãe todo esse tempo, sozinha, está revoltada, coberta de razão. Como perdoar um pai que abandonou a família, abandonou a mãe doente, abandonou a filha sozinha para cuidar da mãe e vê-la partir? É duro demais, sério demais. Não é uma situação para ser consertada em duas semanas. Mas é isso que Vinícius deseja fazer: ele leva as filhas em uma viagem para reconquistá-las. O gesto até seria louvável se ele não tratasse a viagem como mais um dos seus projetos e o amor das filhas uma meta a ser atingida. Amor, confiança, amizade, não são fins: são meios. Sentimentos são construídos e alimentados continuamente. Mas Vinícius mais parece um menino mimado que quer porque quer realizar um objetivo. Como leitora, não consegui acreditar que seus sentimentos eram legítimos. E fiquei com pena de Valentina por ter um pai como esse. Ao menos, para mim, isso não é um pai. Antes da viagem ou depois da viagem, Vinícius permaneceu o mesmo; no fundo, ele não evoluiu tanto quanto o livro quer nos fazer acreditar. É como diz dentro do próprio livro: não explique, mostre. E em uma das cenas finais, quando ele tenta explicar o que estava fazendo, para mim foi o fim: se você tem que explicar algo com todas as letras, é porque algo definitivamente não está certo.

Valentina foi a melhor personagem do livro, a única que é verdadeira e que me fez virar as páginas, mas sua evolução ao longo do mesmo não é verídica. Já passei por uma situação semelhante à de Valentina e, portanto, foi muito fácil me colocar no lugar dela, entender a dor e a revolta pelas quais ela passa no livro. Mas nada disso passa com uma viagem e um pai que resolve pagar o que há de melhor no mundo para compensar uma perda. Faltaram cenas mais simples, com mais amor e envolvimento, e menos ostentação. O final ficou forçado, corrido, previsível e faltou, como eu disse antes, sentimento em todas as páginas. Também houve um excesso de técnicas literárias no livro – a explicação das mesmas -, o que pode ser cansativo para um leitor casual; se você está envolvido com o universo das letras, é gostoso ler esse tipo de coisa, do contrário, só se for com moderação, e no livro não é. Juntando todos esses fatores o que sobrou pra mim foi um enorme vazio, mas ainda assim, quero ler outros livros do Maurício Gomyde. Não se compra um livro pela capa e muito menos um autor por uma única história.

site: http://poressaspaginas.com/a-cuca-recomenda-a-maquina-de-contar-historias
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