Resenhas - Suicidas

Lucas Rocha 07/09/2012

Intenso
Ler um bom livro nacional é sempre um prazer. Não é papo tropicalista nem bravata de identidade brasileira impressa na literatura. Não. Muito longe disso, é apenas um prazer maior que faz brotar aquele pequeno sorriso e nos faz pensar sim, temos qualidade em meio a tantos livros medianos; sim, temos romancistas tão competentes quanto os gringos; e sim, fazemos literatura de entretenimento mostrando realmente quem somos como escritores e como pessoas. Talvez o maior mérito de Suicidas (Benvirá, 488 p.), do escritor e amigo Raphael Montes, seja exatamente esse: o de ser um ótimo livro de entretenimento, que não se prontifica a explorar os meandros da natureza humana nem de montar um jogo narrativo complexo que se sobrepõe à história. Aqui, o principal é o enredo, e toda essa exploração de personagens e narração é consequência de uma boa história que precisa ser contada.

Vamos à história. Um ano após o suicídio coletivo de nove adolescentes de classe média alta do Rio de Janeiro que aparentemente não possuíam nenhum problema maior do que pegar o metrô até a faculdade e se preocupar com o trabalho de Foucault pra entregar na próxima aula a polícia, na figura da delegada Diana Guimarães, reúne as mães desses jovens para discutir o caso à luz de uma nova prova: um diário, escrito em tempo real por um dos jovens, que narra os acontecimentos sucedidos durante a fatídica noite em que as mortes aconteceram. Através dessa reunião carregada de tensão e a leitura desse diário, verdades inconvenientes e segredos serão revelados.

É uma sinopse promissora, e o livro cumpre muito bem o que promete. Temos três narrativas paralelas: as anotações cotidianas do jovem Alessandro, que almeja ser escritor e mantém um diário com os principais acontecimentos à sua volta; o diário em tempo real do adolescente, encontrado pela polícia no porão onde os adolescentes se mataram; e a gravação da reunião das mães dos adolescentes. Essa escolha, que alterna diversos tempos narrativos e parte para uma escrita não linear, possibilita que o livro vá revelando segredos aos poucos, instigando o leitor a continuar lendo para que entenda o que diabos aconteceu naquele porão e porque esses adolescentes resolveram se matar.

Montes é habilidoso com as palavras: elas parecem dosadas para revelar apenas o que querer dizer ao mesmo tempo em que deixam algumas pistas que podem auxiliar o leitor a montar o quebra-cabeça que pouco a pouco vai se delineando para explicar o acontecido. Os personagens são muito bem montados: conseguimos identificá-los mentalmente apenas pelo nome, e suas atitudes são muito mais relevantes do que suas breves descrições físicas. O autor prefere um texto carregado em diálogos e dá pouco espaço para descrições, salvo nas partes mais gráficas do texto, que acontecem principalmente na narrativa do diário em tempo real. Isso faz com que as mais de 400 páginas do romance passem quase despercebidos por quem lê. O livro é um baita de um pageturner, sem dúvidas.

Uma coisa que achei bem interessante no livro foi o de se desprender de pudores ao mostrar a vida desses adolescentes. São, como grande parte dos adolescentes de classe alta carioca, arrogantes, preconceituosos, meio estúpidos e superficiais com os problemas que cercam o mundo. São cheios daquele discurso de Brasil, país das bananas e Subornar um policial fácil assim só no Brasil, sem tentar se aprofundar muito nas questões que levam as coisas a serem como são mesmo que quatro personagens estudem direito. Essa opção, no entanto, é bastante acertada: demonstra toda a empáfia dos personagens, que se acham superiores aos outros apenas por terem mais dinheiro e uma educação privilegiada. Os únicos que conseguem ter um equilíbrio maior nessas questões são Waléria (única não-rica do grupo) e o protagonista Alessandro, que tenta se desvencilhar da postura de riquinho nariz em pé em grande parte da narrativa.

Não há muito o que falar do enredo sem acabar caindo em algum spoiler, mas se há uma qualidade que esse livro possui é o de ter sempre alguma coisa nova a apresentar para o leitor. Até que toda a história comece a se montar, são necessárias menos de trinta páginas; para pegar o leitor preso num vórtice narrativo, trinta e cinco. Logo, o livro te pega pelo pé e te obriga a virar a próxima página para mais explicações. Os capítulos das anotações cotidianas de Alessandro são, talvez, a parte mais tranquila da narrativa, mas é essencial para dar todo o panorama externo ao sótão onde ocorre a brincadeira da roleta-russa e explicar a vida de cada um dos personagens que está lá dentro.

Outro fato importante é o de que o livro é narrado sob a ótica de um personagem. A escolha da narração em primeira pessoa cai como uma luva no texto: não raro nos pegamos odiando os personagens que Alessandro odeia e admirando os que ele admira. Ele é a câmera que guia nossos olhos ao longo da narrativa, e partilhar as memórias com ele nos faz compartilhar das emoções que ele sente. Se ele diz que Waléria é uma vaca arrogante, acreditamos nele; se diz que Otto é um mentiroso, também acreditamos e, quando alguma coisa abala Alessandro, nos abala também. Ver os personagens sob a ótica pessoal de um dos que participa da roleta-russa é essencial para que os mistérios desse livro sejam dissolvidos aos poucos para o leitor, que tem Alessandro como catalisador de sentimentos.

Falar do desfecho seria estragar o romance, portanto não o farei. Só tenho a dizer que a história possui um fim extremamente satisfatório a todo o mistério sustentado quase até os últimos capítulos, quando enfim revela, de uma forma muito bem pensada não espere o vilão relevando todo o seu plano maligno antes de perder a arma e morrer no final todas as explicações necessárias para fechar o caso. Há uma ou outra ponta solta, mas nada que prejudique o entendimento do romance e a sensação de que uma ótima história foi contada.

Raphael Montes estreia de forma extremamente competente nesse primeiro romance: visceral, intenso, gráfico e violento são alguns dos adjetivos que posso usar para qualificá-lo. É um livro que vai te obrigar a chegar ao fim e vai te dar um ótimo final para uma ótima história, que parece ter sido planejada nos mínimos detalhes para chegar até você, leitor. É sua obrigação não deixar de lê-lo.

Tainateixeira92 14/10/2023

Que escrita viciante
Este livro merece todo o reconhecimento; é um dos melhores que já li do Raphael Montes. Acho intrigante e poderoso misturar elementos estranhos (devido ao que acontece na história) de forma tão realista e convincente. A narrativa explora os lados mais sombrios da natureza humana, mostrando como as pessoas podem ser manipuladas, assim como também podem manipular os outros. A história faz uma distinção importante entre pessoas que são psicopatas e aquelas que são más e cruéis. Ao longo do livro, os personagens vão sendo apresentados com diferentes graus de maldade. O final da história me deixou pensativa e até um pouco perturbada. Para mim, o desfecho elevou a experiência de leitura a outro nível.

Tatiane.Nogueira 07/11/2023

Tenso
Nove pessoas inventam de brincar de uma tal de roleta russa, não sabia o que era fui pesquisar ao pesquisar me assustei pois sabia já do que se tratava, essa tal de roleta,e sem dúvida a cada virada de página foi uma nova descoberta, essa história me deixou os cabelos dos braços em pé, o final é surpreendente maravilhoso demais, não acertei o assassino, mas nunca imaginei que seria essa pessoa.

site: https://www.wattpad.com/user/TatianeNogueira0

Geisa Kauana 29/04/2023

Essa resenha vai ser difícil, mas quero já começar falando que eu gostei do livro, a única coisa que ?estragou? ele foi o hype.

Eu já comecei a leitura com enormes expectativas pelo grande plot twist, e por conta disso, não consegui gostar tanto quanto sei que eu iria gostar caso não tivesse esperando muito mais. ?

O livro é bom, muitíssimo bem construído, mas achei que foi desnecessariamente longo.
Algumas cenas foram realmente muito exageradas e difíceis de ler, meio incômodas.

Os personagens em sua grande maioria, são todos chatos.
O plot foi bem feito, gostei de como tudo aconteceu, mas foi previsível. Durante a narração acabei desconfiando que esse seria o desfecho, não fiquei muito chocada, mas gostei de como tudo se encaixou perfeitamente.
Já o final (final mesmo, pois eram as últimas páginas) foi genial.

Não é meu livro favorito do autor, mas eu gostei da leitura, apesar de tudo.

toofastforloveu 12/02/2024

Eu amei a história do livro, a escrita do Raphael Montes é incrível. Uma pena que nesse livro não consegui gostar de nenhum personagem, achei todos muitoooo chatos

Inae 18/01/2023

"Suicidas" ?
Que mistério maravilhoso, mas e agora quem vai pagar minha terapia ???
Confesso que não leio muitos livros de mistério mas por curiosidade resolvi dar uma chance para esse aqui e que decisão maravilhosa.
Desde as primeiras páginas a história prende muito e você se vê dentro do livro sem conseguir desviar os olhos de cada capítulo.
Os capítulos da noite do suicídio traziam tantas reviravoltas que foi impossível parar de ler. Inclusive tive que me controlar para não ler apenas esses capítulos da roleta russa pela ansiedade que estava.
O livro tem muitos gatilhos e em alguns momentos tive que respirar um pouco. Algumas cenas são bem pesadas como o esperado pelo título do livro.
Durante a leitura eu desconfiei de todos e tive várias teorias para o final, inclusive quase acertei o que aconteceu mas a forma como o último capítulo foi revelado me surpreendeu.
Eu recomendo muito, gostei da escrita e da forma como a história se desenvolveu.
Com certeza vou ler os outros livros desse autor.

Beatriz 15/10/2018

CSI ME CONTRATA, mas tchau raphinha
Mais uma leitura para o halloween e eu precisava ler algo mais do Raphael Montes, já tinha lido O Vilarejo, (tem breves comentários meu sobre ele aqui no skoob) Me lembrei de coisas que me incomodaram naquele livro que eu presenciei aqui também.

Acredito que o R.M. trabalha com tudo de podre do ser humano, os personagens são desprezíveis, você acaba detestando todo mundo. O que complica ter vontade de terminar o livro se você quer que todo mundo MESMO acabe morto. Então esses personagens nessa trama trazem aquilo que eu tinha visto de podre no outro livro. É tudo muito repulsivo, ele faz o trabalho muito bem feito ( FAZ O MELHOR FAZENDO O PIOR)

MAS EU NÃO CONSIGO GOSTAR

É nojento, me da asco e não tem como eu dar 5 estrelas pra algo assim, apesar de achar muito inteligente toda a sacada dele (QUE CONFESSO QUE JÁ DESCONFIAVA AHÁAAA RAPHAEL ESSA LEITORA DE THRILLERS VCS NÃO ENGANA) Só não tem como, nubla toda minha estabilidade, e eu fico realmente mal.

Ouvi dizer que ele trata do assunto obsessão, assassinato e estupro no livro "dias perfeitos" e tem um pouquinho aqui também. E isso me deixa tão mal, mas tão mal que não consigo nem ligar( acontecimentos pessoas que me levam a isso) Então independente de quão bom ele escreva eu não quero ler mais nada desse cara.

Me sinto nadando na deep web dos livros sabe? Necrofilia, preconceito contra lgbt's, preconceito contra deficientes, racismo, tortura, machismo, gordofobia, xenofobia, suicídio etc. tudo muito depravado e escancarado.
Se você já leu, vai saber o que estou falando, em determinada parte desse livro eu quase abandonei, se talvez não fosse a observação que ele fez no livro e minha meta de ler esse escritor eu não teria conseguido.

O Hype é gigante sobre o livro, e acho muito válido porque o escritor é mesmo bom e cria algo totalmente diferente e bom (E É BR). Mesmo não ter me pego de surpresa achei interessante, mas parando pra pensar não sei de a trama se sustenta, quando tudo se desenrola acredito que se sentasse com um detetive em poucos segundos uma lista de falhas estariam postas sobre tudo ali. Principalmente o fato de "reabrirem" a investigação com TODAS as mães juntas, com uma oficial aparentemente sozinha no meio de 8 mulheres fragilizadas. Até eu que sou besta sei que isso não se faz.

Enfim, leiam se tiverem estomago (e aquela falta de vergonha na cara que todo ser humano tem.)

linezocas 13/02/2024

Raphael Montes voce é GENIAL!!!! De longe uns dos melhores livros que eu ja li, me prendeu do inicio ao fim por conta da curiosidade que a historia traz de querer saber o que acontece no final
esse livro consegue ser maluco e ótimo na mesma medida, o plot twist é surreal e as ultimas duas palavras me deixaram sem reacao por uns 10 minutos, simplesmente incrível!!!

Gustavo Rodrigues 06/08/2022

Confesso que eu esperava bem mais desse livro. Já vi muita gente falando que é genial, que tem um plot muito bom e tudo mais, massss eu discordo. ?

A escrita do Raphael Montes é muito boa, isso é fato. Na maior parte do tempo a leitura é bem fluida, tirando as partes que as mães estão na reunião. No geral, não é um livro maçante.

O problema, pra mim, foi a história. Não curti as motivações, as explicações, o desfecho, além de achar o plot MUITO previsível. No meio do livro eu já tinha imaginado que seria o que realmente foi. Se é um livro que tem o seu ?gran finale? baseado em um plot, acho horrível quando ele pode ser manjado bem antes.

Além disso, algumas coisas não foram esclarecidas. E não foi o caso de deixar em aberto pra manter um ?suspense? no ar, como já vi em alguns livros. Foi só falta de explicação mesmo.

No geral, achei bem fraquinho. Peço desculpas pra quem gosta, mas só lamento. ?

keyla 12/01/2022

coisa de louco
ok, sim, eu estou escrevendo isso na pura adrenalina. eu terminei o livro agora e, meu deus, que livro, caras. que livro.
Raphael Montes é um maluco sadico. que homem louco. como pode escrever baita genialidade? a maneira como os fatos são mostrados, as brutalidades escritas (necrofilia, tortura, suicidio entre outros) de maneira insolente.
não sei o que dizer??? apenas, leia.
aprecie tal obra de arte nacional.

vicmoulin 28/04/2024

Perfeito
Esse livro me enganou do início ao fim. É uma leitura fluida, que te prende por horas. O plot no final te deixa de boca aberta, e te faz pensar "como eu não imaginei isso antes?" mesmo que provavelmente você pensou nessa possibilidade e descartou...
Enfim, é um bom livro, porém tem suas partes menos interessantes. Tem cenas que tem que ter muito estômago, mas quem já leu leu Raphael Montes está acostumado com esses tipos de cenas. Independente de tudo, foi uma ótima experiência!

dudaaa5 05/07/2022

Suicidas
com toda a certeza do mundo, eu digo, o livro MAIS PESADO que já li na minha vida, eu demorei pra acabar ele pq em quase todas as mortes eu ficava um pouco mal, mas não desisti pq o livro é MUITO bom.
O PLOT NO FINAL SIMPLESMENTE EXPLODIU MINHA MENTE
e obviamente lerei mais livros do raphael, escrita muito boa e fluída.
??CUIDADO COM OS GATILHOS: morte explícita, tortura, suicídio e estupro

Fabio 27/05/2023

"Montes" de sentimentos!
Duro, cruel, nojento, mas, principalmente complexo!

Mais uma vez fui "sequestrado" pela escrita viciante e criativa de Raphael Montes e sua mente "sinistra"!
Durante a leitura, foi um misto de sentimentos, que iam da perplexidade ao asco; do.espanto as risadas; da raiva ao desespero... Enfim, mesmo quando eu não gostava do que lia, ficava fascinado pela capacidade criativa do autor.
Apesar de ter sido um final que eu considero previsível, não posso deixar de dizer que me surpreendeu, pela complexidade da trama, e do desfecho irretocável!

Recomendo demais!

hwurricane 20/05/2024

Te amo raphael montes
Imagine debutar no mundo da literatura com ESTE LIVRO! Simplesmente perfeito, o maioral da literatura brasileira da atualidade sem dúvidas!

Nadynne.Eliza 23/03/2024

Suicidas - Raphael Montes
O que levou um grupo de universitários da elite carioca a participar de uma roleta-russa? É em torno desse mistério que se desenvolve a narrativa de ?Suicidas?, o autor consegue conciliar de forma brilhante três linhas narrativas que, juntas, são capazes de prender o leitor e deixá-lo extremamente curioso para o que virá a seguir.
A cada virada de página, Raphael Montes nos traz uma nova informação, um novo plot, explica como cada um dos nove Suicidas foram convidados para participar desse ?jogo? absurdo. A história é fluida, a escrita do autor é prazerosa de ser lida, porém é importante destacar que esse livro aborda diversos temas sensíveis e que podem gerar certo desconforto no público leitor, cenas de violência, diversas formas da mesma, são abordadas de forma muito gráfica na história, por isso é importante ter em mente que não é uma leitura leve.
Falando de um ponto de vista mais geral, Suicidas é uma leitura que vale muito à pena, os plot twits no decorrer do livro são surpreendentes e o plot final me deixou boquiaberta. Sério, quando eu pensava que tinha entendido a história, percebi que fui totalmente enganada!
Recomendo muito, para quem tem vontade de ler!