spoiler visualizarRadja.Teixeira 16/01/2023
Seria o limbo?
Gostaria de começar com um aviso: o começo é entediante, me fez pensar em desistir da leitura em muitos pontos, mas juro que a história vale a pena.
Ananda é uma personagem tão profunda quanto uma poça d?água, a vida dela é uma monotonia sem fim e ela só vive para uma coisa: os livros.
Todo o contexto da história é interessante; o lugar onde estão, o motivo de estarem lá, o que está acontecendo; é tudo realmente criativo e empolgante, mas não se pode dizer o mesmo dos personagens.
Senti que a autora quis impor uma importância em quatro personagens, sendo eles: Ananda (a protagonista), Benjamim (o melhor amigo da protagonista), Axel (o líder da facção) e Kalo (outra líder da facção), mas as coisas simplesmente não funcionavam, não houve uma conexão com a maioria dos personagens, não houve um desenvolvimento que me fizesse ter empatia ou simpatia por qualquer um deles, a não ser Kalo (talvez por isso ela tenha merecido um spin-off). Conseguimos distinguir quando um autor tem um personagem favorito e é fácil dizer que Kalo é a dela.
A amizade profunda de Ananda e Benjamin, para mim, não tinha nada de especial. Desde que ele apareceu, pensei que fossem apenas conhecidos, um garoto qualquer que aparecia na livraria onde ela trabalhava, soltava umas fofocas e ia embora, mas então descubro que são melhores amigos. Mas essa deve ser apenas uma nomenclatura bonita para não dizer apenas que se conhecem.
Foi vendido como se a relação desses dois tivesse uma grande importância para a tramar, mas, do meu ponto de vista, se Axel não tivesse levado Benjamim junto, as coisas aconteceriam da mesma forma.
Não havia o amor descrito, apenas a descrição dele.
A relação mais bem desenvolvida foi a de Ananda e Kalo, apesar de não me dar aquele entusiasmo para torcer pelo casal, porque ainda era uma ligação fraca, eram apenas um caso aos meus olhos.
Talvez, querer envolver um romance nesse tipo de história não tenha sido a melhor das ideias.
Não senti conexão com Ananda e Axel, assim como não senti com Ananda e Kalo (apesar de ter sido brevemente melhor desenvolvido).
Entretanto, a história se torna mais interessante quando as coisas começam a acontecer de fato, quando nos é revelado o real motivo de Kalo se manter sempre forte e pronta para o combate: os gêmeos.
É a partir do momento em que as crianças nos são apresentadas que todo o propósito da história finalmente começa a aparecer e nos cativar de verdade.
O ponto mais emocionante, para mim, foi Ananda (ou Kila) revelando à eles sobre a morte da mãe, mas sem entregar essa palavra tão forte, morte. Ela foi viajar, não sabemos quando volta, mas me pediu para cuidar de vocês.
O final da história é reconfortante e torturante ao mesmo tempo, mas não há muito a ser dito sobre isso. Foi bom e adequado.
Talvez, se a relação fraca de Ananda e Benjamim não tivesse sido o foco, talvez se tivesse se concentrado mais em falar sobre as outras relações, mostrar mais Heike para que pudesse ser criada uma ligação que nos fizesse sentir raiva após descobrir a traição, a história teria sido impecável.
Pontos positivos: a história é realmente interessante, os acontecimentos são bem desenvolvidos e ficamos imersos nas ações. Queremos saber o que vai acontecer e isso é o mais importante em uma história. Será que vão conseguir sair daquele lugar? Vão esquecer para sempre? Todos morrerão para sempre?
Pontos negativos: a narrativa. Além do exagero para detalhar lugares (que graças a deus foi se perdendo durante o caminho), a existência de uma ?narradora? tirava completamente a imersão da leitura. Me incomodou que tivesse ?alguém? interrompendo minha leitura para falar suas opiniões. Sinceramente, não me interessa.
Reitero que é um bom livro, mas assim como Kalo, precisamos ser fortes para lê-lo até o fim.