Resenhas - O jovem

Renatita 20/12/2022

Potência em menos de cem páginas
O menor livro que li esse ano e também o mais certeiro!

Peguei pra ler por causa de um burburinho sobre Annie Ernaux e a FLIP 2022. Comecei a ler pra ver se investiria em uma terceira leitura em andamento e, quando dei por mim, o livro terminou!

Está tudo ali: explícito, aberto, exposto sem drama ou rodeios. É honesto e profundo, enquanto mergulhamos no que cada fragmento nos proporciona!

Recomendo.

Jasmine 21/12/2022

Algumas impressões de O jovem, de Annie Ernaux
Em pouquíssimas páginas, Ernaux narra o imenso de uma relação com alguém que é o portador da memória do seu mundo de origem, alguém que tornava o seu presente uma repetição e, por existir, ao mesmo tempo, significava a sua morte.

Ernaux desenha suas memórias do relacionamento com um jovem estudante, trinta anos mais novo que ela, e espelho para a sua juventude. Ao viver aquela relação atípica, que a transformava, de algum modo, em escandalosa, cruel e poderosa, Ernaux adentrava o trem que a levaria para o tempo em que fizera um aborto clandestino, do qual evitava lembrar e escrever.

Aquele jovem concretizava o seu passado e uma parte da sua vida que ainda era difícil de acessar, pelo horror quase natural às lembranças de momentos difíceis, marcados pela pobreza e pelas ?inadequações? culturais que sofrera. Com a capacidade extraordinária de dizer tanto em poucas palavras, Ernaux ainda aborda a vitalidade e o erotismo das mulheres maduras e o caminho inconsciente da escrita de um livro.

Há ali, nas entrelinhas, a delicadeza da matéria que nos aproxima e nos distancia das pessoas, conforme ressaltam semelhanças ou diferenças conosco, que não sabemos ou não queremos reconhecer. Ernaux mostra que, às vezes, é preciso desafiar o tempo e até a própria identidade, para recuperar algo importante que fora esquecido numa estranha esquina do passado.

Tina Lilian Azevedo 23/12/2022

O catalisador
Nesse livro Ernaux nos entrega com mestria sua capacidade de em poucas páginas nos contar uma história em profundidade e que desperta várias reflexões. O jovem é um amor que foi vivido mas também o catalisador de um processo que faz reviver o passado e nos presentear com o livro - que gerou um filme, e que muito nos conta sobre uma geração inteira de mulheres: O acontecimento. Leria novamente este livro, lerei outros dela e com certeza darei de presente livros da autora.

Nara 06/12/2022

? leitura de sábado
que delicinha o relato curtinho de Annie Ernaux.

a experiência de um caso breve entre uma mulher de 54 anos e um homem 30 anos mais jovem.

ainda esses dias vi um post da poeta Mar Becker comentando sobre a necessidade política de enxergarmos o "eu" pra além de uma voz que implica numa projeção autobiográfica fidedigna ou algo do tipo. Sobre a necessidade de encararmos esse eu através das muitas facetas sobre as quais nós ficcionalizamos ainda que seja sobre nossa própria vida.

eu sempre achei que as mulheres, mais que os homens até.. Aliás pessoas marginalizadas/excluídas de alguma forma socialmente, pensam os eventos que atravessam a própria existência, cultivando o ato de ficcionalizar sobre si mesmas.

Já que a imaginação é esse lugar onde nós podemos realizar e manifestar diversos desejos e formas de ser e ou com quem ser. Eu gosto de pensar nisso e me sentir com essa potência.

Pra quem já leu Paixão Simples da autora, identifica muito esse lugar do desejo de manifestar uma faceta de si mesma e dar nome para essa vivência através da escrita.
É apaixonante como ela tem a capacidade de olhar para si mesma e, descrever para além do vínculo amoroso e sexual com o estudante, nuances que revelam gestos e percepções que ela têm sobre noções de classe e gênero dada a divergência de faixa etária do casal e a vista grossa que a sociedade dos anos 90 fazia sobre ela.

Outro ponto incrível, como de forma breve, ela trata a questão das decisões da vida adulta girarem em torno do trabalho passarem a não ter certo peso conforme ela envelhecia e (com que nós olhavámos - eu olho - enquanto somos jovens) ainda que a vida de estudante seja mais prazerosa mesmo que financeiramente mais precária.

É bem gostosa a leitura. A forma com que ela descreve como se sente, dá a impressão que se transporta para fora de si mesma pra revelar a cena daquela "eu" personagem. É quase como se ela cultivasse a si mesma de uma forma muito delicada e presente para que nenhum detalhe escape, como se a matéria da memória estivesse sempre circunscrita no corpo. Um corpo que já teve uma juventude. Passou por um aborto. Se apaixonou e viveu inúmeras facetas de si mesma.

Jadie 28/12/2022

Breve
O livro é bem curto, mas tem muita substância, uns trechos bem potentes que fazem pensar.

Talvez ele tenha sido o que eu me conectei menos dos que li da autora porquê a narradora é mais madura, em oposição aos outros em que a narradora é uma jovem da minha idade.

Gabrielle Lima 29/12/2022

Eu gostei muito desse livro. Pequeno na quantidade de páginas, mas com reflexões certeiras a partir do desenrolar de uma história. Gostei muito, esse foi o primeiro livro dessa autora que tive contato e já pretendo procurar outras obras. Amei pensar sobre envelhecimento a partir dessa leitura.

Italo 30/12/2022

Peguei esse livreto porque achei a capa bonita e fui rapidamente envolvido pela história sendo contada. Mas honestamente é tão curto que eu nem sei ao certo opinar sobre. Acho que gostei.

Izamara Ferreira 30/12/2022

Curto
?Era necessário o olhar pesado e reprovador de clientes ao nosso lado num restaurante para que eu me desse conta desse corpo. Olhar que, longe de me envergonhar, reforçava minha determinação de não esconder meu relacionamento com um homem "que poderia ser meu filho", enquanto qualquer sujeito de cinquenta anos podia se exibir com uma moça que claramente não era sua filha sem nenhuma reprovação?

Felip_ 30/12/2022

godard das letras
nouvelle vague em formato de livro, um conjunto (curtinho) de reflexões sobre o relacionamento dela com um jovem. achei muito cool, descolado e um tipo se escrita que me envolveu muito. quero ler tudo dessa mulher.

Andressa Klemberg 30/12/2022

Belas reflexões
É basicamente um artigo, um texto curto que fecha 37 páginas de reflexões incrivelmente perspicazes da autora. Admiro muito que suas verdades sem pudores tenham conquistado espaço na literatura francesa e mundial, levando a autora a receber o Nobel. O que ela escreve é sincero, objetivo e sem pretensão de estar certa ou errada, apenas de refletir sobre o que existe e ela sente. É umas experiência e tanto ler suas palavras, mas quando disseram que esse seria um livro inédito da autora eu esperava um texto mais longo, de pelo menos 70 páginas, então fiquei com a impressão de que lia um pequeno conto e não um livro.

Milena 03/01/2023

Primeiro do ano
Maravilhoso incrível lindo lindo lindo lindo lindo

Uma escrita muito fluida e muito potente. Já me apaixonei pela autora.

Dé 03/01/2023

Mais uma vez Annie nos sacode com suas reflexões precisas e, nos tira do senso comum, compartilhando suas memórias de maneira franca e destemida! Compartilhar um romance rodeado de preconceitos nos anos 1990 é para as fortes ??

Alisson.Venazzi 18/11/2022

A crudeza de rever relacionamentos à luz do tempo
Praticamente um conto em que a autora análise sua relação com um homem trinta anos mais jovem. É cru, desprovido de comiseração.

Icaro 28/11/2022

Começou e acabou?
Livro curtinho sobre um episódio importante contado pela escritora em um momento da sua vida. Vale pela curiosidade.

Vicente.Sanches 04/01/2023

Muito bom!
Primeiro livro que leio de Ernaux, meio como um prelúdio à leitura dos outros lançados em língua portuguesa em 2022. Não me incomodei com a brevidade. Pelo contrário, me agradou muito a maneira concisa e afiada com que a autora desenrola a narrativa e analisa os fatos, os lugares, as pessoas, e sobretudo, ela mesma. Um ótimo curta-metragem (rs).