Priscilla 21/05/2024
Razoável
Esse é o segundo livro de Socorro Acioli que leio. Comecei com A Cabeça do Santo.
Gosto da autora, da sua simplicidade, leveza e bom humor em entrevistas. Admiro o fato de ser cearense, nordestina, escritora. Considero a ideia do texto muito interessante, principalmente em A Cabeça do Santo, inspirada na história real da cabeça de Santo Antonio na cidade de Caridade. Mas, assim como naquele livro, Oração para Desaparecer não me convenceu.
Ainda penso que a história podia ser melhor desenvolvida, com mais contexto, com mais correlação entre os fatos e as informações. Tenho a impressão de que os nomes, os fatos, as subtramas são jogadas no texto sem muita conexão.
É uma leitura fácil, fluida, leve, simples, interessante também, pela criatividade da ideia dos Ressurectos, mas a ligação com os indígenas tremembés não me pegou, me pareceu algo colocado ali pra impressionar, mas sem conexão real com a personagem. O questionamento da personagem sobre "ser brasileira" também me parece sem contexto, desconectado, parece feito pra agradar, pra criar uma ideia que, ao final, não se consolida. A história tem base no realismo mágico, no absurdo, em algo fora da lógica racional, alguma frases são interessantes, a ideia é boa, mas, na minha opinião, o desenrolar da história não convence totalmente. Talvez o problema esteja em mim, como leitora. Desconfio que não gosto de histórias de "realismo mágico". Mas é isso. Queria muito gostar mais, assim como em A Cabeça do Santo.
Fazendo pesquisa enquanto escrevo essa resenha, percebo que a história é totalmente baseada numa história real sobre Almofala, no interior do Ceará, a igreja que foi soterrada pelas dunas e Joana Camelo, uma prostituta que arremessou um tamanco no padre que ia fechar a igreja que estava sendo soterrada enquanto levava seus objetos sacros. Essa capacidade de Socorro Acioli de encontrar histórias reais incríveis é bem valiosa e leva pro mundo as histórias que só acontecem no interior do Ceará!