spoiler visualizargabspittol 17/04/2024
Eu devia esperar passar a raiva pra escrever, mas não quero, gosto de escrever logo depois de ler e é o que farei! Não darei spoilers no começo, mas quem ler até o fim já tá ciente que terão spoilers sim porque eu preciso desabafar.
A escrita da autora é impecável. E a forma como ela narra, apesar de estar em terceira pessoa, nos faz sentir como se estivéssemos dentro da mente dos personagens, o que é bom. Gosto do fato de termos mais de um ponto de vista através dos outros personagens: o de um lado, o do outro, e o ponto que acreditamos ser o real. É como dizem, todo história tem três versões: a minha, a sua e a real. E embora o livro tenha um encerramento efetivo, ele dá margem para diversas interpretações pessoais, o que é outro ponto positivo.
Achei os personagens rasos, mas acredito que eles eram rasos mesmo, e não que foi preguiça da autora. Acho que a intenção era mesmo apresentar pessoas rasas, talvez até tentando fazer uma crítica aos políticos e ricos, já que os personagens mais intensos são os que ganham pouco no livro.
Queria dizer que adorei o livro até 90% dele, e que o final, embora não tenha me agradado, não é horrível, e pensando em pessoas ricas, achei até plausível. Gostei das problemáticas que foram lançadas ao longo do livro, falando sobre a turma da lacração, que lacra apenas pela internet, mas senti que não chegou a lugar nenhum. E por mais que seja um problema as pessoas usarem o Twitter para “lacrar” e não fazerem nada na vida “real”, ainda é uma forma de conscientizar os demais sobre seus locais de privilégio, né?
SPOILERS A PARTIR DAQUI
Agora vamos as justificativas do porquê eu senti tanta raiva, apesar de ter adorado o livro! Primeiramente, gostaria que a autora tivesse aprofundado mais a história de Miro. Normalmente, em thrillers, a gente acompanha a vida dos investigadores, e apesar de ter gostado da perspectiva dos outros personagens, senti falta de ter mais sobre a vida de Lenir e Miro.
Segundo, esperava que Otávio fosse ser mais importante no enredo, mas o personagem dele é completamente esquecível e parece que ele só existe pra Ian ter de quem suspeitar, né? Enfim... Adorei o fim mórbido que ele teve, se tornando artigo de decoração do Fábio e dei um grito quando li isso, porque foi uma das minhas coisas preferidas nesse livro.
Vamos falar da Medeia? Achei ela uma oportunista! Claro, ela foi vítima, e claro, ela não merecia nada do que passou. Mas acho que tudo isso a transformou em uma mulher fria que faz tudo pelo próprio conforto sem pensar em como isso pode afetar aos outros. Acho que desde que perdeu a mãe e a irmã ela não amava a mais ninguém além dela própria e que ela era capaz de tudo para o conforto dela.
Ela não amava Ian, na minha percepção, e inclusive o usou para matar o ex-marido porque ela mesmo não conseguia matá-lo. Mas convenientemente conseguia matar o pobre do menino que já era lascado a vida toda, sem ter amor do pai e sendo amado de uma forma deturpada pela mãe.
Pra mim, Ian era só uma vítima de uma sociedade problemática que deu o azar de nascer em um lar de merda e só conhecia o amor por causa do afeto que recebeu dos empregados dos pais. Não comprei a ideia de que Medeia era uma mulher inocente. E nem vou falar do fato de ela ser VINTE E SETE ANOS mais velha do que ele. Não sobra dúvidas, para mim, de que ela o manipulou desde o começo e sabia sim que encerraria a vida com conforto. E o dinheiro que poderia faltar para ela viver bem, ela conseguiu ao juntar-se com o pobre Ian, antes de matá-lo.
Não estou julgando as escolhas dela, mas que ela era uma oportunista, ela era. Quem se deita em cima dos restos mortais da própria irmã? Eu não conseguiria, acho que nem se fosse pra me salvar.
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