Malu 25/09/2022
Me sinto muito feliz e honrada pela minha primeira leitura da TAG curadoria ter sido esse livro. Mano, que livro maravilhoso, que escrita delicada, enredo descrito de uma forma muito sensível mas ao mesmo tempo forte e poderosa... Tal como as raízes de uma árvore (entendedores entenderão kkkk), esse livro foi se instalando no meu coração, se embrenhado e construindo uma base sólida para que construa uma morada eterna na minha memória. Porém, no processo de enraizamento nem tudo é só flores: as raízes podem apertar demais alguns pontos e sufocar outras plantinhas em volta. Pode doer.
Ler esse livro é, ao mesmo tempo, um carinho de uma mãozinha bem leve em uns momentos, e também um murro de mão fechada bem no meio da cara. É um exercício de empatia, de se permitir ser humano e sentir todo o poder, potência e conforto do amor, e toda a dor e devastação da falta do amor. E quando eu falo em amor, não é só no sentido romântico da coisa. É o amor na sua forma mais ampla possível. Sua falta não causa só desilusões amorosas, também pode causar guerras entre países e devastação ambiental. E esse livro mostra tudo isso.
No começo, estranhei um pouco a premissa da árvore ser uma das narradoras da história. Porém, a autora desenvolveu essa ideia de uma forma tão enriquecedora e competente que essa ideia ficou simplesmente brilhante. A figueira é a personagem mais sábia, com mais empatia, amorosidade e carinho nessa história toda. Cada capítulo dela é uma lição valiosíssima que ganhamos, são tantos que nem consigo enumerar. Mas, pra mim, o que mais ficou marcado foi o quanto que somos dependentes uns dos outros e da natureza. A natureza não está aqui para a gente, e sim com a gente, mas o ser humano teima em não aceitar isso. Não digo nem que a gente não sabe, a gente sabe sim, pois nunca estivemos imunes de catástrofes ambientais, não importa o quanto a tecnologia evolua. A gente só é orgulhoso demais e, numa ganância que não cabe em nós, teimamos em tentar superar algo insuperável.
E, com essa mesma ganância e orgulho, não destruímos só a natureza, mas uns aos outros, e a história da ancestralidade de Ada mostra isso. Quanto de sofrimento e sangue poderia ter sido evitado... É muito fácil se apegar a essa família, essas personagens, essa história... Foi tudo muito bem construído, eu só queria abraçar todo mundo nesse livro e dizer que tudo vai ficar bem.
Em suma, é uma leitura extremamente útil, reflexiva e, eu diria, necessária também. Mostra o quanto que o ser humano, ao tentar mostrar força e superioridade, acaba sendo cada vez mais fraco, egoísta e perverso com qualquer forma de vida em seu entorno.
Que voltemos a celebrar e vivenciar o amor, por tudo e por todos. Essa é a mensagem que essa leitura me deixa.
Adicionado com honras na minha listinha de livros favoritos da vida. Merecidíssimo.