spoiler visualizarBabi 01/06/2024
Digerindo
Foi um livro difícil de ler em alguns momentos. Existem muitas cenas pesadas, principalmente as que ela fala sobre o que passou com a anorexia e bulimia.
É angustiante ler sobre todo trauma que ela passou na infância, por ter passado por coisas que não queria, por ter tido uma fama que não sonhava, por trabalhar em algo que ela não via sentido, por ter perdido- ou melhor - não ter encontrado sua voz e personalidade. Acho que a única coisa boa que o iCarly proporcionou pra ela foi a amizade com a Miranda ao longo dos anos e também a estabilidade financeira que ela adquiriu.
Eu fiquei enojada e com raiva da mãe dela, quando dizia que ela estava gorda, que precisava estar magra pra conseguir bons papéis. Imagine uma mãe introduzindo a filha ao transtorno alimentar, fazendo uma criança se sentir culpada por comer certas coisas, se sentindo culpada por mudar seus gostos de um simples sorvete, se sentir culpada por querer parar a atuação. A mãe dela era extremamente manipuladora e narcisista, não conseguiu ter a vida que queria e projetou tudo isso numa criança.
Por anos a Jennette teve sua voz calada e vivia em função da mãe, pra agradar a mãe, pra fazer o que a mãe queria e achava melhor. Tudo em sua volta girava em não decepcionar a mãe e nem ninguém e com isso, ela deixava todos pisarem nela. A mãe dela não queria deixar a menina tomar banho sozinha, tocava em suas partes íntimas, deixando a filha totalmente desconfortável, isso é um abuso. Não deixar a filha ter suas próprias escolhas de vida após adulta, é um abuso. Xingar, difamar a filha de nomes horríveis, é um abuso. Não ouvir a filha quando ela disse que não queria atuar e manipular com choro, com sua doença ( ela tinha câncer) é um abuso.
A mãe dela tinha ataques de raiva dentro de casa, com o pai. A Jennette cresceu num ambiente totalmente destruído, cresceu com a fama, com os comentários de todos sobre si, sem ter psicológico algum pra isso e quando sua mãe morreu, ela deixou todos os traços terríveis na filha. Ser abusado por anos e tentar mudar seu psicológico a respeito, não é fácil.
Ela teve problemas com álcool, fé abalada, a bulimia dela tava muito severa, tem uma parte que ela vomitou várias vezes no mesmo dia. A relação dela com a comida era desgastante, a relação que teve com a mãe, a ausência do pai de criação, a descoberta que ela tinha outro pai ( biológico), a relação com a fama, com o medo de viver presa no fracasso, a relação com a vó que era um NOJENTA IDIOTA! tentou terapia, mas é difícil acessar todas as mágoas e se livrar tão rápido.
Os relacionamentos conturbados, todo o psicológico abalado, a inveja de uma colega de camarim e ciúmes, o criador do programa que foi abusivo, persuasivo, querendo comprar seu silêncio.
Enfim, é uma autobiografia sincera, com capítulos curtos, mas que desperta muitos sentimentos no leitor.
Imagino que a Jennette que fez seu primeiro roteiro de escrita, mas não recebeu apoio da mãe e teve que deixar isso de lado, se sente muito feliz por ter escrito e publicado esse livro com tantas emoções e verdades. Por finalmente conseguir se libertar e ter sua voz.
Cap 24: Eu com certeza prefiro escrever a atuar. Com a escrita, sinto que tenho poder talvez pela primeira vez na minha vida. Não tenho de dizer as palavras de outra pessoa. Posso escrever as minhas próprias palavras. Posso ser eu mesma uma vez na vida. Escrever é o posto de atuar para mim. Atuar parece falso. Escrever parece real.
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