Annalisa 05/03/2023Nós Somos Inevitáveis
Nós somos inevitáveis...
Aaron está estagnado na vida, aguardando apenas que o grande asteroide colida com tudo, e que nada mais possa ser feito ou é assim que ele imagina que tudo tem que realmente acabar. Este livro não é sobre o romance entre Aaron e Hannah, e também não é sobre a amizade de Aaron com Chad, não é sobre o relacionamento perdido de Aaron com os pais, e muito menos sobre o pesar de Aaron pela perda do irmão.
É um livro sobre o inevitável, sobre a vida, sobre sua tristezas, sobre o tempo e suas superações. É um livro sobre seguir em frente apesar dos pesares, e tentar o possível sobreviver e meio caos que são os sentimentos humanos, sobre perdoar e recomeçar. E que está tudo bem, sobre dias bons e dias ruis, um após o outro. E que é assim mesmo que a vida tem que ser vivida. Que precisamos aceitar como somos e como as coisas acontecem, que sempre teremos pessoas boas ao redor que podem e querem ajudar, que não precisamos lidar com tudo sozinhos, que pertencemos a uma rede de apoio universal, chamada amigos e família. Que eles estão lá por nós e que precisamos estar lá por eles.
Aaron está cada vez mais cansado de ter que absorver todos os problemas familiares, está cansado de ter ficado para trás e não saber o que fazer com a vida que tem. Perdeu o irmão para o vício em drogas, sua mãe foi embora, seu pai esta cada vez mais confuso e perdido, a livraria da família está decretando falência pela segunda vez, as contas se acumulam e os dias passam. E Aaron não sabe como fugir do inevitável. Perdeu o prazer pela vida, perdeu os motivos de se viver a vida, e além de tudo perdeu o amor pelo livros, aqueles mesmos livros que ditaram todas as fases de sua vida. Ele não sabe sequer como conseguir ler mais uma página, e muito menos como dar um próximo passo em sua vida.
É um livro manso, sendo cozido em banho maria, sem grandes emoções, apenas a constatação do que é a vida e de que precisamos aprender a lidar com ela. Entendo porque muitos não gostaram do livro, a capa não é realmente o que parece. Mas eu gostei, gostei da proposta de reflexão, gostei do mundo literário apresentado e principalmente gostei das referências de todos os livros citados em meio ao caos da vida de Aaron.
"Ira lia para mim desde antes de eu nascer, mas isso não era nem de longe comparável a ler sozinho, da mesma forma que andar de carro como passageiro não é nada igual a dirigir. Tenho dirigido desde então, de Nárnia a Hogwarts até a Terra-Média, da Nigéria à Tasmânia até a aurora boreal da Noruega. Todos esses mundos em 26 letras. Na verdade, pensei, o milagre era muito maior..."