evavcamargo 18/10/2023
Uma leitura válida!
“Quanta bondade pode existir em um coração até chegar ao limite?”
O Veneno na Montanha é um bom livro, se posso resumir tudo o que senti em sua leitura. Mas, com ressalvas.
Após um golpe de estado há 30 anos, Insula vive sob o domínio totalitarista dos aratnys e os braços de Frederick Denova. Somos apresentados a Kalina Kaster, uma jovem corajosa que após perder algo extremamente valioso, se lança em uma aventura perigosa até a Prisão de Insula, o pior lugar do mundo, para buscar aquilo que ama: sua mãe. O que ela não previa era ser envolta em uma teia de segredos, mortes e revolução. Insula irá arder em chamas e Kalina terá papel central nisso.
O livro segue uma fórmula bem conhecida de outras fantasias/distopias, mas achei um ponto positivo a autora usar em sua construção de mundo uma raça baseada em aranhas, por exemplo. Se esse fosse o único “poder” dentro do universo, já valeria a pena e seria muito singular.
A Kalina não é exatamente uma pessoa muito carismática, então, às vezes era um pouco irritante - principalmente, por só termos a visão dela, já que o livro é narrado em primeira pessoa - acompanhá-la. Porém, amei como a autora trabalhou a dualidade dos sentimentos dela, principalmente, no final da história. Ela é uma protagonista cheia de defeitos, o que não é muito usual em livros de fantasia e sua jornada é cheia de percalços, principalmente psicológicos.
Meu personagem favorito é o Vixen, sem sombra de dúvidas. Um personagem com muitas camadas e adorava quando ele estava por perto, pois seu desenvolvimento foi gradual e muito condizente com quem ele era. Inclusive, é um livro com ótimos personagens secundários.
Algumas coisas que me incomodaram bastante durante a leitura, primeiramente foi a previsibilidade de alguns plots. É interessante que a autora deixe dicas durante a leitura, porém, achei que elas entregavam tudo muito rápido e você via chegar as situações, então perdia aquele sentimento de “virada” da história (exceto o plot dos Harakins, esse foi o puro creme da perfeição). E, em segundo, é a facilidade com que as situações trabalhavam em prol da protagonista/secundários, desde situações mais banais até poderes que apareciam para resolver os problemas.
A escrita da Bianca é bastante descritiva, então facilita muito imaginar as cenas, algumas são bem gráficas. Só senti que, às vezes, por estarmos dentro da cabeça de Kalina, as coisas/cenas se arrastavam demais - mas, eu entendo, já que precisávamos daquela visão macro do que a protagonista sentia naquele momento (como eu já citei, Kalina pode ser meio irritante, rs).
As críticas veladas na história, que permeiam o pano de fundo, são importantes e achei bem respeitosa a forma que foram abordadas (governos totalitaristas e tráfico de crianças, por exemplo). O plot dos Harakins foi muito bom mesmo e espero que no livro 2 isso seja muito mais abordado.
É uma história sobre morte, visto que ela permeia todo o livro, mas muito mais sobre vida e sobre escolhas e como elas alteram o rumo do nosso próprio destino. No final, dei 4 estrelas, pois o livro tem muito potencial e valeu a leitura.