spoiler visualizarTaylor33 03/07/2022
A coisa mais perfeita de todo o mundo??????
Q LIVRO!
Eu li esse livri em menos de 24 horas pq não conseguia largar ele.
Eu consigo me identificar facilmente com ambas as personagens, e me senti tão envolvida na história q eu esqueci q tava lendo.
O relacionamento tóxico da Alex e da Natalie foi muiti bem tratado. A insegurança da Molly foi claramente escrita com muito cuidado.
O desenvolvimento delas é simplesmente perfeito.
Não só como um casal, mas como amigas e como pessoas.
A Alex sofreu muito com a mãe alcoólatra e a namorada abusiva, e ela aos poucos percebendo q não merece ser tratada como lixo foi muito marcante.
A Molly finalmente se sentindo ela mesma e conseguindo impor oq quer foi lindo.
Sem contar o Jim q é um amor ?
A alex sendo uma bookstan?
A Molly confiante consigo mesma?
O Jim sendo compreensivo?
Esse sem dúvidas virou um dos meus confort books
ALERTA SPOILEEERRRR!!!!!!!!!&*#(@(+(@,-,-*-*@*@,*-*-*-*@*@*@*!¥+*#£×£@*@*@£@*@*@*@*@,(+¥×£¥#*-*-£@*@*#*÷£3£#,
Frases/parágrafos q eu marquei
?De volta ao alojamento, esperando o convite chegar, me pego pensando no que fiz de errado hoje. Tudo que deveria ter dito, mas não disse, e tudo que talvez devesse ter guardado para mim. Que nem quando admiti que achei que era um evento de brincadeiras para quebrar o gelo. Mais cedo, a festa parecera perfeita, e senti mesmo que devia ir, que podia ir. Mas está começando a parecer demais.
?Todo mundo diz que fazer Letras não dá dinheiro, mas eu amo livros
? diz Cora, se voltando para mim enquanto esperamos sob a placa azul e branca do ponto de ônibus.
Eu também amo, mas não quero contar. Na verdade, provavelmente teria sido meu curso, se não fosse por aquele fato específico.
? Ah, legal ? digo, dando uma olhada na rua em busca do ônibus em vez de entrar em uma conversa sobre nossa lista de desejos de livros.
Provavelmente é mais seguro evitar ter muito em comum com Cora, agora que vivo em um convento de uma mulher só.
?Eu não imaginaria que Alex Blackwood fosse da literatura clássica.
?? Molly.
Ela me puxa para um canto do corredor, deixando as outras pessoas passarem por nós.
? Eu vi em quantas rodadas você ficou com os cinco dedos levantados
? diz. ? Se passar a vida toda concentrada no nunca, não vai fazer nada.
Você tem que largar essa autopiedade de merda. Você fica se fazendo de vítima, essa menininha de quem ninguém nunca vai gostar, mas como é que alguém vai ter a chance de gostar de você, se você nunca fala mais alto que um sussurro? ? pergunta, e eu cruzo os braços.
? Eu não?
?Ainda nem entrei, e já sinto a calma baixando em mim, a segurança de estantes e mais estantes de livros, do silêncio que chama meu nome.
?? Jesus ? diz ela, me interrompendo. ? Você tem uma puta tara por controle, né, Molly?
?Mas aí? o sorrisinho de Molly quando conseguiu. O choque em seus olhos castanhos quando funcionou mesm
?? Sabe, já pode parar de fingir que não gosta de mim.
?O olhar de condescendência dele é quase de pena. Como se eu não tivesse lido essa peça cem vezes. Como se essa lésbica aqui não tivesse visto religiosamente a adaptação cinematográfica com Helena Bonham Carter mil vezes mais.
?E muitas pessoas estão apaixonadas pelo amor em si, não pela pessoa de fato.
Molly bufa.
?Pego o celular no caminho, abrindo o Snapchat e vendo que Natalie abriu mais um Snap e deixou sem resposta, ainda chateada por eu ter pegado no sono depois do turno no food truck.
Aparentemente, dormi antes de mandar a mensagem, o que ela não acreditou de jeito nenhum quando me ligou no dia seguinte, com todo um discurso sobre eu provavelmente estar ?metida nas minhas merdas de sempre? para não me prestar a responder a mensagem dela nem ligar.
Mesmo que ela tenha passado os três dias anteriores sem responder minhas mensagens.
Mas lembro que ela não agiria assim se eu não tivesse dado motivos para ela sentir isso.
?Alex Blackwood e Molly Parker.
Não exatamente amigas, mas talvez chegando lá.
?Por mais que eu queira que ela largue do meu pé ? digo, rápido. ?
Somos amigas ? acrescento, tentando ao máximo deixar abundantemente óbvio que não existe mundo em que eu chegaria a pensar na Alex desse jeito.
? Saquei.
?Não sei por que me surpreendo por ela ficar feliz por mim, mas é o que sinto. Ainda mais estranho, saber disso consegue me deixar ainda mais feliz.
?de reis? ? continua. ? Pô, fala sério.
Praticamente explodo com todos os motivos para essa opinião ser horrível, mas mordo a língua, sem querer estragar tudo para a Molly.
Quer dizer, eu amo todo tipo de livro, mas foram os clássicos que me sustentaram na infância. Há algo de reconfortante em livros e histórias mais velhos do que a gente. Que continuam a ser relevantes muito depois de serem escritos, muito depois dos autores morrerem. Quando o mundo ao nosso redor está pegando fogo, existe certo conforto nisso.
?É a etapa do plano em que você diz que preciso entrar em forma e me leva para a academia? ? pergunto. ? Porque preciso te contar que não curto exercício e?
? É o quê?
Ela para de andar e me olha, o rosto todo retorcido, como se eu a tivesse ofendido feio.
? Não ? diz. ? Por que eu diria uma coisa dessas?
? Parece exatamente algo que você diria ? digo, ignorando a reação exagerada.
? Quer saber, Molly? Sei que sou bonita para 🤬 #$%!& , e, tudo bem, talvez goste de flertar um pouco mais do que devia, mas não sou a piranhaburra, egoísta e superficial que todo mundo acha que sou. Que você parece achar.
?Pior que achei que a gente podia construir uma amizade de verdade, mas, se você me acha tão escrota? ? diz, e faz uma pausa. ? Molly, eu nunca falei nada sobre sua aparência, nunca, porque não tem nada de errado com você. Então não coloca palavras na minha boca.
? Tá legal ? digo, mais firme, notando que talvez, dessa vez, seja eu a escrota, por julgá-la. ? De-desculpa. Sério.
Não queria tratar ela assim.
?Você nunca ouviu falar de Wynonna Earp? E é? lésbica?
?Eu veria um episódio ? continuo, dando de ombros. ? Se quiser ficar mais um tempo papeando.
Hesito depois de falar.
É tranquilo, né? Assim, a Natalie não pode ficar chateada com isso. Não estou fazendo nada de errado. Somos amigas. É o que ela queria.
As palavras que Molly disse mais cedo voltam a mim, me impulsionando.
Não consigo nem imaginar ficar chateada com alguém porque a pessoa dormiu
?Molly Parker está me dizendo para deixar a vida me levar? ?
pergunta, abrindo um sorriso devagar enquanto sobe mais dois degraus, até estarmos na mesma altura. ? Essas palachinka s devem ser especiais mesmo.
? São, sim. Além do mais, junta duas das suas coisas preferidas.
Dou um passo para trás, me aproximando da porta, e ela para, me olhando em confusão.
? Encher a cara de comida e passar tempo comigo ? digo.
?Gostei dessa Alex ? diz ela, me puxando para ninguém mais ouvir. ?
Tem certeza de que não é dela que você gosta? Vai comprar um pretzel pra ela, ou algo assim.
Imediatamente faço uma careta.
? De jeito nenhum. Meu Deus do céu, mãe, fala sério ? digo, rindo só de pensar. ? Eu prefiro fazer cocô nas calças na frente da Dominique Provost-Chalkley, reprovar em biologia e ainda virar jantar de tubarão.
? Como é que é? ? pergunta ela,
?Isso foi? desconfortável.
Meu Deus, espero que o clima entre a gente não fique esquisito quando ela sair.
Não, não vai ficar.
Estávamos só experimentando roupas. Só isso. Não tem nada de esquisito. Estou só pensando demais, como de costume.
?Talvez ela não seja uma garota para quem tudo é fácil.
Talvez ela seja tão boa em me ajudar ame mostrar para o mundo porque teve que aprender a se proteger dele.
?Eu nunca? contei aquilo para ninguém.
Nem mesmo para a Natalie. Ela descobriu por acidente.
Parece uma traição tão grande, contar esse segredo para outra pessoa.
Me abrir tão facilmente com Molly e não com ela.
?Eu me sinto? desesperada. Como se precisasse consertar alguma coisa, mesmo sem ter quebrado nada.
?Oi, mãe. Agora não é exatamente a melhor?
Vejo que os olhos dela estão desfocados, a cabeça balançando de um lado para o outro da tela. Perfeito. 🤬 #$%!& .
? Alex, olha? ? diz, arrastada, me interrompendo. ? Só preciso de um pouco de din?
? Não ? digo, ainda exausta da minha briga com Natalie, sem ter mais nada para oferecer. ? Agora não. Só? ? falo, sacudindo a cabeça. ?
Agora não dá.
? Mas eu tenho te mandado mensagem! Todo dia.
Aperto o maxilar e desvio o olhar da tela, tentando não chorar, pensando na mãe de Molly, que apareceu para almoçar só porque estava com saudade.
? Não é o suficiente. É para você fazer isso. É para você querer falar comigo. Querer me perguntar como ando. É para você se importar comigo, em vez de ser sempre o contrário.
? Claro que me importo com você. Eu só?
? Só quando precisa de alguma coisa ? digo.
?Banco Imobiliário, Cards Against Humanity, talvez até pingue-pongue no salão, sei lá ? diz, dando de ombros. ? Kendall tem certa obsessão por jogos. Elu já tem, tipo, uns trinta jogos de tabuleiro no quarto.
?Culpada pelo que disse ontem, mandei cinquenta dólares para minha mãe hoje cedo, e ela devolveu imediatamente, sem uma palavra de explicação. Tentei ligar e ela não atendeu. Tentei mandar mensagem? e nada.
Sei que não deveria ficar nervosa. Quer dizer, as contas estão em débito automático, e mandei entregar mercado, e Tonya tem ido lá dar uma conferida nela, mas não consigo parar de?
Empurro a cadeira e me levanto, e todo mundo vira a cabeça para mim por causa do movimento repentino.
Relaxa, Alex. Vai com calma.
?Sigo para a seção de ficção jovem adulta, onde pego uma releitura de Romeu e Julieta e um livro de fantasia que não paro de ver no BookTok, antes de ir atrás de alguns favoritos: Cyrano de Bergerac, Adoráveis mulheres e Orgulho e preconceito. Este último anda na minha cabeça desde a brincadeira das perguntas com Molly, semana passada. Sei que não terei tempo de ler tudo em duas semanas, mas só tê-los em mãos me deixa mais
calma e, com tudo que tem acontecido com a Natalie e com minha mãe, preciso mesmo disso.
?Por que exatamente você estuda medicina, se só faz ler?
Dou um tapa no dedo dela.
? Não sei, pela segurança profissional? Pelo piso salarial de duzentos e oito mil dólares ao ano?
Molly revira os olhos.
? Você pelo menos gosta dessas coisas? ? pergunta, levantando meu livro de química, o braço tremendo pelo peso.
? Não muito ? digo, pegando o livro dela, e aponto para o 1984 da Cora. ? Mas você não gosta disso, então?
? É, mas você ama isso aqui. Provavelmente mais do que nós duas ?
Mas as palavras se embaçam na minha frente enquanto continuo a pensar. Apesar de não ter certeza se quero mesmo passar uma década estudando alguma coisa que nem gosto, não tenho o luxo de pensar no que gosto. Não tenho o privilégio de só fazer o que amo. Não com as coisas como são. Não quando preciso sustentar minha mãe.
Olho para o celular, resistindo ao impulso de mandar outra mensagem.
?Eu genuinamente quero que Molly se dê bem. Porque me importo com ela.
Porque ela é minha amiga. O que quer que Natalie ache.
?Nossos olhares se encontram quando ela amarra a ponta do cachecol.
Tão perto dela, não consigo deixar de pensar naquele momento no
provador. No jeito que o olhar de Molly?
?Pigarreio e nos afastamos.
Não foi nada. As pessoas me olham daquele jeito sempre.
Além do mais, eu não faço mesmo o tipo dela, e ela definitivamente não faz o meu.
?Sinto uma coisa inesperada no peito quando ela abre um sorrisinho para Molly antes de se sentar no banco da reserva.
Esfrego o peito, pensativa.
Provavelmente não deveria ter comido tanto biscoito.
?Abro a boca para falar alguma coisa, mas os olhos dela me pegam desprevenida, uma camada suave de rímel e delineador destacando o tom castanho claro de um jeito que eu nunca tinha notado.
Acho que nunca a vi usar maquiagem.
? Merda ? diz ela, se afastando do carro e olhando para a roupa, franzindo a testa. ? Eu fiz besteira? ? pergunta, puxando a camisa amarrada na cintura. ? É a flanela, né? Eu sabia que devia ter só vestido uma outra camisa?
? Não. Você só está? você está? muito bonita ? consigo dizer,
olhando para a calça que acentua a curva de seu quadril.
Do quadril de Molly, lembro, e afasto os olhos rapidamente.
?Bom, você nunca me ouve ? diz ela, sorrindo e se curvando. ?
Então não vou te ouvir.
Ela estica a mão, levantando a sobrancelha, e solto um longo suspiro e seguro a mão dela. Molly me puxa, mas, para minha surpresa, não me solta quando consigo ficar de pé.
?Faço um aceno com a cabeça, completamente de volta ao trabalho.
Ela quer estar aqui com Cora. Não comigo. Está tudo bem. Inclusive, só mostra que sou boa professora.
?enquanto tento calar o ritmo inesperado e irregular do meu peito.
Molly parece não precisar de treino nenhum.
?coisas só parecem possíveis quando estou com você ? diz ela, o olhar concentrado no carpete. ? Nunca conheci ninguém como você.
? Como assim? Sem jeito? Ansiosa? Socialmente inútil? ? pergunto, preenchendo o silêncio.
? Boa. Você é só tão? boa, Molly ? responde, olhando para mim. ?
Cora vai ter muita sorte de ficar com você.
?Se fosse um encontro de verdade ? sussurra Alex ?, agora seria a hora do beijo
?Alex está certa. É tudo que eu sempre quis, tudo que nunca achei que poderia ter. É a Cora. Não vou botar tudo a perder por causa de uma noite, um momento perdido na biblioteca com uma garota que eu achava insuportável um mês atrás. Uma garota que obviamente está muito interessada em outra pessoa.
Então, tudo resolvido.
Sexta-feira é a quarta etapa. Tenho um encontro de verdade. Meu primeiro encontro. Com Cora Myers.
Só nós duas.
E Alex.
E Natalie.
Perfeito.
?Que 🤬 #$%!& foi essa?
Fecho os olhos com força, os apertando com a palma da mão, mas ainda vejo o rosto de Molly pintado sob minhas pálpebras, avançando devagar, a boca tão próxima que dava para?
Afasto as mãos e sacudo a cabeça, fazendo a imagem sumir.
? Fala sério, Alex. Não vamos exagerar ? murmuro, esticando as pernas na minha frente, batendo os sapatos.
Assim, não beijo ninguém faz um mês. É quase um recorde! Não é surpresa que esse fingimento todo tenha mexido comigo.
Mas meu cérebro não para de reprisar. A pista de patinação, o perfume floral, as mãos dela nas minhas. A biblioteca, os olhos castanhos na luz suave, a expressão me dando um frio na barriga. Não parecia fingimento.
? Merda.
?Estou a fim da Molly.
O pensamento me vem do nada, inicialmente chocante, mas aí?
Continua se repetindo, sem parar, encontrando a verdade assustadora nas palavras.
Eu estou a fim da Molly.
Molly, que marca de patinar no primeiro encontro.
Molly, que nem consegue chamar uma garota para sair.
Molly, que se veste que nem uma mulher de sessenta anos.A garota com quem eu tenho uma história. Que disse que me ama, apesar de todos os motivos para não amar. A garota pela qual passei o último mês me esforçando para cacete para provar que posso ser uma boa pessoa.
Que posso ser sincera, honesta e me abrir.
Só que? tudo que fiz foi me abrir para a pessoa errada.
É que, pela primeira vez, não me senti claustrofóbica e horrível. Foi tão fácil. Hoje, na biblioteca. Duas semanas atrás, no alojamento.
Sinto meu estômago afundar até o chão, e puxo um fio solto do carpete.
Acho que sou exatamente a pessoa que Natalie achava que eu era.
Alguém em quem ela não pode confiar quando estou aqui em Pittsburgh.
Mas isso? isso é pior. Nunca me aconteceu isso antes. Flerte, namoricos e ficadas, claro. Mas não? o que quer que isso seja.
Enfim, não que importe, na real.
Molly gosta de Cora.
?Você foi incrível! ? diz Cora para Natalie. ? Eu não fazia ideia que a Alex namorava uma estrela do rock.
Vejo Alex ficar fisicamente tensa ao ouvir aquilo. Eu me pergunto se é por ter medo de que Natalie ache que Alex não falou o suficiente dela, sua namorada.
? É, bom? ? diz Natalie, jogando o cabelo preto comprido por cima
do ombro, piscando os cílios cobertos de rímel ? ? ela é uma moça de sorte.
Alex relaxa um pouco, e é muito estranho vê-la nervosa. É só que? não é a cara dela.
Mas imagino que elas tenham resolvido as complicações, ou não estariam ali.
? Ei, amor, pega uma água para mim ? diz Natalie para Alex, como se nem fosse uma pergunta.
?A Alex é mesmo incrível. Ela tem me ajudado muito ? digo, me preparando para contar como ela me ajudou a sair com a Cora hoje, que ela é uma pessoa diferente da garota que Natalie deixou na Filadélfia. ? Esse último mês todo, a gente?
Natalie me interrompe, bufando com desdém, e revira os olhos.
Paro de falar e olho para ela, confusa.
? Não comece a achar que é especial ? diz. ? É óbvio que você é um cachorrinho perdido, querendo atenção. E Alex dá atenção para qualquer um, por um tempo. É assim que ela é.
Dou um passo para trás quando ela me encara, fazendo eu me sentir pequena, como eu era antes de vir para cá, antes de conhecer Alex. Por mais que eu queira defender minha amiga, dizer para Natalie que ela nem merece estar na vida de Alex?
Eu só? não consigo.
?Só coisas boas ? diz Natalie, abraçando bem a cintura de Alex com a mão, e dá um beijo no pescoço dela. ? Não foi, Molly? ? pergunta, me fuzilando com o olhar através do pequeno círculo.
?? Mas e o que eu quero? E se eu quiser conversar agora?
Natalie revira os olhos.
? O que foi? Quer falar de como aquela tal de Molly me substituiu? Ou ficar de mimimi sobre o alcoolismo da sua mãe? Fala sério, Alex. Se abrir nunca vai fazer seu estilo.
Eu me encolho. As palavras dela são um tapa na cara.
Meus piores medos, concretizados.
Mas eu consegui me abrir com alguém. Na biblioteca. E em um edredom estampado em um quartinho de alojamento, não muito longe daqui.
E, de repente, vejo a verdade. Ela nunca quis me ouvir. Nunca me apoiou de verdade. Ela só queria me controlar.
Isso não é amor.
?? Não esquenta, garota.
?Você precisa aprender a se cuidar. Não posso ser seu marido, sua mãe e sua filha ao mesmo tempo.
?Ela é uma boa garota ? diz ele. ? Um pé no saco, mas trabalhadora.
Não reclama. Muito melhor com os clientes do que eu jamais serei.
Minha mãe sorri ao ouvir isso.
? Você vai cuidar dela? Enquanto eu estiver aqui? ? pergunta.
Ele se remexe, olhando para os dois copos de café.
? Tenho a impressão de que já faz um tempo que ela se cuida ? diz ele, tomando um gole. ? Mas, claro, vou ficar de olho nela.
?Se finalmente consegui confrontar minha mãe e contar como me sinto, posso fazer o mesmo com a Molly.
Mesmo que ela esteja com a Cora e eu tenha perdido minha chance ?
se é que já tive alguma ?, devo um pedido de desculpas por ter magoado ela e mentido. Porque ela também é a melhor amiga que já tive.
E, se não puder ter mais que isso, pelo menos talvez possa reconquistar a
?Há uma diferença entre fantasia e, bom?
Amor.
Páginas q eu marquei
?Natalie passou a semana chateada comigo e minha mãe é? minha mãe. É bom ouvir alguém com interesse sincero.
Além disso, mesmo se eu pudesse contar para Natalie, ela provavelmente acharia besteira. Ela sempre falava assim do meu trabalho no Tilted Rabbit, dizia que queria que eu não trabalhasse atrás do balcão, e sim no palco, em vez de ficar só na plateia. Às vezes, eu me perguntava se ela sentia vergonha por eu lavar copos e servir bebida em vez de mandar um solo irado no baixo, mas deixo para lá, como sempre fiz.
Ela disse que me ama.
?? E aí, vai me contar qual é a próxima etapa? ? pergunta Molly, enquanto andamos lado a lado.
Olho para ela, vendo os shorts jeans e a camiseta manchada, que é o que eu a vi vestir, tipo, cinco vezes nas últimas duas semanas.
Por isso decidi que a segunda etapa é ?arrasar no look?. Acho que, encontrando roupas que a deixem mais confiante, Molly não só vai atrair o
olhar de Cora, mas sentir a coragem de fazer alguma coisa quando isso acontecer.
? Antes, a gente precisa fazer uma coisa ? digo.
Não há motivo para esconder nada dela, mas gosto de vê-la nervosa. Ela está tão acostumada com tudo estar planejado, com saber de tudo. Sinto que surpreendê-la é bom.
Foi por isso que planejei o que fizemos hoje. Ela não teve tempo para pensar demais. Não teve tempo de ficar ansiosa.
?Desculpa ? diz, afastando a mão. ? Não sabia que estava tão ruim.
Você devia ter falado?
Ela vai parando de falar enquanto olho para o sutiã de bojo dela, o peito subindo e descendo em sincronia com minha respiração. Descendo mais, meu olhar percorre o desenho suave do abdômen dela, a calcinha azul aparecendo pela braguilha aberta da calça.
Me forço a voltar o olhar para cima, mas ela não está me encarando.
Ela também está olhando para o meu corpo. Fico corada conforme o olhar dela passa pela minha barriga, pelo meu sutiã branco, até alcançar meu rosto.
Fico ali parada, paralisada sob seu olhar, até que uma mulher bate na porta da cabine, interrompendo meu transe e fazendo meu coração saltar.
? Posso ajudar vocês com alguma coisa? ? pergunta, e eu imediatamente me viro de costas para Alex e enfio a camiseta verde pela cabeça.
?A cara dela fica extremamente confusa até tirar da sacola as blusas que deixou para trás.
? Ah ? diz, sacudindo a cabeça para a sacola, e, quando ergue o rosto, juro que parece estar com os olhos marejados. ? Isso? Não, não posso?
Ela procura as palavras certas.
? Eu trabalhava no turno da noite para pagar a faculdade de farmácia que fazia no turno da manhã. Lembro bem como é ? diz minha mãe, com um sorrisinho. ? Vem ? fala, dando um tapinha no ombro de Alex. ?
Vamos comer.
? Obrigada, sra. Parker ? diz Alex, com mais sinceridade do que já a ouvi falar qualquer coisa.
Alex me olha como se não acreditasse que minha mãe comprou duas blusas para ela.
É um olhar que me faz pensar que talvez estivesse errada sobre ela desde o começo.
Sinto certa vergonha ao reparar que pensei muito pouco na vida de Alex, para além da função dela como minha guru do amor.
?? Porque estou com saudades. Porque não falei lá em?
? É tarde demais para isso, Alex ? diz ela, suspirando alto. ? Eu te dei uma chance naquela noite, e você não aceitou. Já te dei tantas chances, por tanto tempo. A gente não vai fazer isso agora só porque funciona no seu horário, tá?
? Certo. Claro. Desculpa. Eu só?
? A gente se vê em Pittsburgh, Alex ? diz ela, e faz-se silêncio.
Afasto o celular da orelha, mas só vejo o plano de fundo, a ligação terminada.
Ótimo. Bom para 🤬 #$%!& .
Jogo o celular na cama e solto um suspiro demorado, torcendo para que, daqui a dezenove dias, quando Natalie chegar a Pittsburgh, eu consiga fazer ela enxergar como estou diferente.
Tenho que fazer ela enxergar.
Estou prestes a entrar no banheiro para tirar a maquiagem quando meu celular acende, vibrando ruidosamente no edredom estampado. Corro de volta e pego o aparelho, na esperança de ver o nome de Natalie na tela, mas
é? uma chamada de vídeo. Da minha mãe.
Isso é novidade.
?Apoio minhas mãos com firmeza nos ombros dela e a encaro, olho no olho.
Uma gota de suor escorre pela minha testa e as vozes ao redor ficam cada vez mais abafadas, até restarmos só eu e ela.
? Blackwood, preciso que você se concentre. Está me ouvindo? ? digo, mais séria do que já disse qualquer outra coisa.
Ela assente com a cabeça, firme, como se entendesse a gravidade da situação.
? Vocês vão se agarrar, ou vamos jogar? ? pergunta Kendall, nos tirando da discussão e trazendo de volta ao salão do Holland Hall.
Elu tem um sorrisinho de desafio no rosto, quicando a bola na mesa velha de pingue-pongue.
? Saca logo ? digo, fazendo o que posso para engolir uma gargalhada e manter a cara séria para a competição.
Alex olha de mim para Jordan e Kendall, a dupla adversária, do outro lado da mesa.
? Eu nunca vi ela assim ? diz Alex, com uma risadinha de diversão.
? Vinte a dezoito. Match point ? anuncia Jordan quando Kendall saca, e imediatamente entramos no ritmo.
Nós quatro estamos totalmente focados, rebatendo a bola de um lado para o outro.
?? A gente vai devagar, tá? ? diz, com os dedos quentes e macios me puxando suavemente enquanto ela patina de costas devagar.
Sinto frio na barriga de verdade.
? Agora, essa sim ? digo, soltando a mão dela rapidamente ? é uma jogada excelente para usar com a Cora.
Assim que falo, começo a me debater, perdendo o equilíbrio, mas Molly segura meus ombros, me firmando.
Sorrio para ela, envergonhada, e ela sacode a cabeça.
Ela desce os dedos pelos meus braços e pega minhas mãos de novo, segurando firme enquanto deslizamos pela pista. Damos voltas e mais voltas, acelerando aos poucos. Praticamente grudo o olhar nos patins e no ritmo
regular dos passos, então mal noto o silêncio entre nós.
Direita, esquerda, direita, esquerda.
? Viu? ? sussurra ela, a voz pouco mais alta que a música. ? Não é tão ruim.
Ergo o rosto para encontrar o olhar dela, pronta para dizer que acho que literalmente quebrei a bunda quando caí, mas as palavras ficam presas na garganta.
O rosto dela está a poucos centímetros do meu, a luz do globo de espelhos cintilando nos olhos escuros de Molly,
?? A gente vai devagar, tá? ? diz, com os dedos quentes e macios me puxando suavemente enquanto ela patina de costas devagar.
Sinto frio na barriga de verdade.
? Agora, essa sim ? digo, soltando a mão dela rapidamente ? é uma jogada excelente para usar com a Cora.
Assim que falo, começo a me debater, perdendo o equilíbrio, mas Molly segura meus ombros, me firmando.
Sorrio para ela, envergonhada, e ela sacode a cabeça.
Ela desce os dedos pelos meus braços e pega minhas mãos de novo, segurando firme enquanto deslizamos pela pista. Damos voltas e mais voltas, acelerando aos poucos. Praticamente grudo o olhar nos patins e no ritmo
regular dos passos, então mal noto o silêncio entre nós.
Direita, esquerda, direita, esquerda.
? Viu? ? sussurra ela, a voz pouco mais alta que a música. ? Não é tão ruim.
Ergo o rosto para encontrar o olhar dela, pronta para dizer que acho que literalmente quebrei a bunda quando caí, mas as palavras ficam presas na garganta.
O rosto dela está a poucos centímetros do meu, a luz do globo de espelhos cintilando nos olhos escuros de Molly