Fernanda3864 16/05/2024
? em água fresca para as flores nos conhecemos a história de Violette. ela é zeladora de um cemitério, com um passado triste e bastante solitária, apesar de sempre ter a companhia dos coveiros, do padre da cidade, dos donos da funerária e, é claro, dos visitantes do cemitério.
? o que eu mais gosto na narrativa da Valérie é o fato dela misturar estruturas e pontos de vista pra construir a história: ora em primeira pessoa, ora em terceira, presente, passado, entradas de um diário, enfim... isso torna a leitura mais fluída, na minha opinião.
? a Violette é uma personagem muito bem construída e, além do que ela nos conta sobre sua história, a conhecemos também pelo olhar de todos que passam em sua vida, de alguma forma. a autora introduz muitos personagens, mas de maneira tão inteligente que não fica aquela sensação de que ele foi jogado ali, sem propósito. todos os diálogos, mesmo os que parecem sem sentido, são costurados pra passar a mensagem principal do livro. ali, vida, morte, amor e luto estão entrelaçados e nos trazem reflexões sensíveis, assim como amarram as pontas "soltas" que a história vai deixando ao longo do caminho.
? por vezes, a leitura é um pouco arrastada, mas o mistério crescente (e que você nem tava esperando!) faz com que a gente não consiga parar de ler. e você presta atenção em cada detalhe, lê fazendo pausas pra absorver, porque sabe que nada ali é aleatório: todas as cenas tem um propósito. nem que seja apenas o de construir o universo do livro dentro da sua cabeça.
? é uma história que tem personagens reais, que erram, que vivem. não concordei com a maioria deles em muitos momentos, mas consegui compreender as escolhas e os sentimentos - tão boa é a escrita da Valérie.
? por fim, ela entrega o que promete: uma forma sensível de ver a dor do luto e a presença constante da morte (e do amor) em nossas vidas, mostrando que um não existe sem o outro e que, não importa o que aconteça, a vida sempre continua.