spoiler visualizarLysch 25/05/2024
Uma experiência única
Essa não é uma história sobre sobreviventes, é sobre aqueles que ficaram para trás. O mundo é estranho e vazio, e apenas traz mais perguntas sem nunca respondê-las.
Por que elas tiveram que passar por tudo aquilo? Por que elas especificamente? Para onde foram seus algozes? Por que a sirene tocou e nada aconteceu?
E entre tantas outras, a mais perturbadora: o que é de fato a liberdade nessa imensidão vazia e sem sentido?
No início da trama, Pequena julga as outras por se agarrarem aos pequenos afazeres da rotina, até que finalmente entende que aquele desespero para discutirem sobre como fazer a próxima refeição era apenas uma forma de se enganarem, acreditarem que ainda tem alguma escolha sobre algo, que ainda há algo.
A passagem do tempo, a deterioração, o tédio, a aceitação. Tudo isso foi extremamente angustiante, e ainda assim, não consegui parar de ler.
Pequena era diferente das outras, porque embora tenha nascido no velho mundo do qual elas se recordavam com saudade, o mundo em que ela viveu era apenas a prisão, e então a imensidão vazia.
Quando ela finalmente parte após se tornar a última, em busca de resposta e de coisas novas, fiquei realmente animada, como se fosse eu mesma partindo, como se eu mesma estivesse finalmente livre.
E sobre o final, vi muita gente falando que não gostou, mas eu não poderia ter esperado um final melhor. Afinal, embora ela fosse a herdeira daquele mundo vazio, também era tão humana quanto as outras, e carregava o mesmo destino.
"Eu sou um rebento estéril de uma raça da qual nada sei, nem mesmo se ela já desapareceu. Pode ser que, em algum lugar, a humanidade esteja brilhando sob as estrelas, sem saber que uma filha do seu sangue termina seus dias no silêncio"