Carolina 05/06/2023
As 192 páginas mais brutais que li em muito tempo
"Eu, Que Nunca Conheci os Homens" é um livro que superou todas as minhas expectativas e definitivamente vai ser uma recomendação recorrente pra mim.
em 192 páginas, esse livro me fez sentir toda a solidão de estar num mundo vazio e, mesmo, em tese, livre, a sensação claustrofóbica de estar presa.
a história narra a vida de uma garota sem nome, que passou boa parte de sua vida sendo criada dentro de uma jaula com 39 mulheres. todas conheceram o mundo exterior, menos ela.
um dia, uma sirene toca e os guardas que vigiavam sua jaula saem, deixando, acidentalmente, a porta aberta, fazendo com que ela e as demais mulheres pudessem escapar.
é claro que a minha entusiasta de ficção científica interior adoraria uma explicação para todos os acontecimentos do livro, desde a jaula até o motivo que fez a sirene tocar.
mas, apesar disso, percebo que essas são informações desnecessárias para a história - ou, melhor, desinformações necessárias -, porque a falta de uma explicação também é, de certo modo, um recurso que a autoa utiliza para nos causar esse sentimento de incompletude.
sempre me perguntei como seria uma pessoa criada em uma sala em branco, sem ter contato com o mundo exterior de nenhuma forma, e esse livro me deu o mais próximo que consegui disso.
esse livro me deu uma noção de que, mesmo com uma infinitude de possibilidades à frente, o mundo pode sempre continuar vazio.
com uma escrita linda e várias cenas emociontes (cada uma, a sua maneira), esse é, com toda a certeza um dos meus favoritos do ano e um essencial para qualquer um ler antes de morrer.