Cley 14/08/2020Gabe está parado no trânsito atrás de um carro, pelo vidro traseiro desse carro, ele vê uma menina pronunciando a palavra "papai". O carro dispara levando a filha de Gabe e ele nunca mais a vê. Mas, ao chegar em casa, a polícia está presente e informa que sua esposa Jenny e sua filha Izzy foram assassinadas. Para Gabe, é impossível que sua filha esteja morta, pois horas atrás ele a viu. Sem acreditar que o corpo encontrado em sua casa seja de Izzy, Gabe passa a vida entre às estradas em busca de sua filha, em busca de respostas.
"As pessoas dizem que o ódio e amargura vão destruir você, mas estão enganadas. É a esperança."
Tudor veio para ficar e "As outras pessoas" reafirma isso. A autora entrega um mistério incrível que fica impossível não ter curiosidade e entender tudo que está acontecendo.
Através de uma narrativa onisciente, mostrando a perspectiva não só do Gabe, mas de outras personagens como Katie, uma garçonete de um estabelecimento de uma estrada e Fran, uma mãe que luta para salvar sua filha e a si mesma. Tudor constrói uma teia de aranha em que as linhas vão se conectando e percebemos que tudo se completa.
Os capítulos curtos e com cliffhangers, tornam a leitura eletrizante do início ao fim. As reviravoltas são muito bem planejadas e são dadas no momento certo.
Os personagens são construídos de uma forma que saibamos os seus anseios e traumas, as atitudes deles me fizeram refletir se eu faria o mesmo ou tudo diferente.
Além da busca do Gabe por sua filha, há elementos sobrenaturais inseridos na história, mas confesso que esse lado não me agradou e poderia ter sido descartado, entre outros fatores que não foram tão bem explorados.
A linha tênue entre justiça e vingança é ainda mais frágil nessa história. Os personagens lidaram com suas questões de forma própria e com isso vieram as consequências. Às vezes, sabemos quais são as consequências, mas entramos no jogo mesmo assim, porque assim é o ser-humano. Por que ir pelo caminho mais difícil se você pode pegar um atalho? Mas quem disse que o atalho é mais seguro?