Publicado originalmente em Lisboa em 1960, este livro marca a estreia de José Luandino Vieira, um dos mais respeitados e inventivos escritores africanos da atualidade, fortemente identificado com as lutas de libertação de Angola.
Os contos de A cidade e a infância anunciam algumas das características que se tornariam marcas da escrita de José Luandino Vieira: a paisagem urbana e o contexto de pobreza e marginalidade de Luanda; a oralidade pronunciada da narrativa; o convívio e a tensão entre negros, brancos e mulatos; a crítica da modernização excludente. Engajado e radicalmente inovador, Luandino ajudou a consolidar a literatura angolana no período de luta contra a colonização portuguesa, criando uma dicção literária única (sua prosa madura é comparada à de Guimarães Rosa).
O livro traz dez narrativas breves, inspiradas na infância do próprio autor, vivida nos bairros pobres de Luanda, em companhia de meninos negros e mestiços. O volume inclui algumas das "estórias" (como o próprio Luandino as chama) mais conhecidas do autor: Companheiros; O nascer do sol; A cidade e a infância e A fronteira de asfalto. Este último conto narra a história de duas crianças, um menino negro e uma garota branca, que são proibidos de se encontrar. Apartados por iniciativa da família dela, eles também são separados pela "fronteira de asfalto" que divide os bairros ricos e os musseques de Luanda.
A cidade e a infância traz o texto A libertação do espaço agredido através da linguagem, prefácio de Manuel Ferreira à segunda edição portuguesa (1977) e o prefácio de Costa Andrade à primeira edição (1960).
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