A caricatura há várias décadas tem lugar nos museus ingleses, onde é considerada "documento histórico". No Brasil, ela teria direito a igual reconhecimento, sobretudo no tocante à história do Segundo Reinado. A imprensa ilustrada, em nosso país, tinha então a seu serviço apenas a litografia e, por isso mesmo, foi a época de ouro da caricatura, executada diretamente nas pedras da impressão por artístas de excepcional talento, entre os quais se salientaram Henrique Fleiuss, Angelo Agostini, Rafael Bordalo Pinheiro, Candido de Faria e vários outros, inclusive o futuro romancista Aluízio Azevedo. A campanha do "ventre livre", a questão dos bispos, a questão militar, a campanha abolicionista e a queda do Império, tudo isso ficou documentado através dos nossos caricaturistas-litógrafos. D. Pedro II era figura obrigatória dessas caricaturas, muitas vezes irreverentes, ou mesmo cáusticas. Através de uma ampla pesquisa, em mais de 30 periódicos, Araken Távora, repórter primoroso, hoje dedicado ao telejornalismo na TV Educativa, após passagens marcantes por numerosos jornais e revistas - entre essas Manchete e Fatos & Fotos - recolheu mais de 500 trabalhos, dos quais foram selecionados os que aqui apresenta, em D. Pedro II Através da Caricatura. Araken Távora não podia ter encontrado melhor forma de evocar o nosso último imperador no ano de seu sesquicentenário. Mostra-o no tumulto dos acontecimentos de seu tempo como um exemplo de tolerância, sem jamais tolher a liberdade dos que o tornavam objeto de críticas aceradas ou sátiras impiedosas. (R. Magalhães Júnior).