O Pesadelo de Obi

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Num desconcertante discurso televisivo, o Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, afirmou que o país da África ocidental era um dos mais prósperos do mundo e com a maior renda per capita do continente. Diante da miséria e da violência em que a população vive, imposta por uma ditadura no poder desde 1979, três amigos entenderam que, se o Obiang estava caçoando dos guinéu-equatorianos, todos também poderiam rir do Presidente!

Bravamente, decidiram então criar uma graphic novel, a primeira da Guiné Equatorial.

Chino e Tenso Tenso (pseudônimo dos autores que desejam permanecer anônimos, por enquanto) ficaram responsáveis respectivamente pelo argumento e os diálogos. Os desenhos ficaram sob a responsabilidade de Ramón Esolo Ebalé (que também assina na imprensa internacional como Jamón y Queso).

Por causa da pouca liberdade de expressão do país, os autores entraram em contato com a organização não governamental estadunidense EG Justice, que ficou responsável por editar e distribuir a HQ na Guiné Equatorial.

Ao fim de três anos de trabalho, em 2014, 3000 exemplares foram impressos em espanhol, em Barcelona, e distribuídos clandestinamente na Guiné Equatorial. Outros 500 foram em língua inglesa e para distribuição nos EUA.

Ebalé havia migrado para o Paraguai. Quando retornou para seu país em 2017, para renovar o passaporte, foi preso, sob falsas acusações. Ele ficou cerca de 7 meses na infame Black Beach. Tudo em retaliação ao quadrinho.

O artista só foi solto graças à pressão internacional. A mesma que conseguiu que seu passaporte fosse renovado, cerca de 2 meses depois. Foi a comoção de quadrinistas de todo o mundo, incluindo nomes de peso como o de Neil Gaiman, que libertou Ebalé.
Durante a sua estadia na prisão, Ebalé ganhou o Prêmio Coragem em Publicação Cartoonista da Cartoonists Rights Network International, em reconhecimento da sua criatividade artística e bravura face à brutal repressão de que foi alvo. Em 2019, no Festival Off to Off, que promove a cerimônia anti-prêmios do Angoulême, a HQ recebeu o Prêmio Couilles au cul. O troféu valoriza a coragem dos ilustradores de quadrinhos. Três meses antes, tinha sido editado na França Le Cauchemar d’Obi pelas Editions L’Harmattan.

Agora essa emblemática obra finalmente chega ao Brasil. Justamente quando nosso país vive um período que flerta com posturas reacionárias e de ataque à cultura. A HQ, infelizmente, é muito atual para a realidade brasileira, certamente emocionando nossas leitoras e leitores.

HQ, comics, mangá

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