Em 1964, o Brasil tinha pouco menos de setenta milhões de habitantes, quando veio o golpe militar com os canhões, cavalos e baionetas. Após quarenta e cinco anos, a população cresceu aproximadamente 280%. Hoje somos mais de 190 milhões de brasileiras e brasileiros, a maioria nascidos após a ditadura. Apesar dessas não terem convivido com os horrores da época de ferro, não são poucos os que carregam amargos sabores do totalitarismo. Que não duvidem da existência de categorias satisfeitas, comemorando o que passou; outras categorias não esquecem e lutam para não deixar esquecer; os que perderam amigos e parentes, além de não perdoarem, exigem a condenação dos culpados.
Há, porém, uma categoria singular de indivíduos, que nunca foi arrolada como testemunha, são os Filhos da Ditadura. As dúbias convicções que carregam são inconciliáveis, se por um lado admiram aos pais, heróis de farda, galões e divisas, por outro lado sabem ser suas mães as vítimas caladas da ditadura, fruto do estupro.
Esse é o drama que envolve este livro.