Wagner Fernandes 16/05/2024A vida segue independentemente das perdasQue final bombástico!
Louis surpreendeu a todos (inclusive este leitor) com seu plano de vingança! Os vampiros não esperavam por aquilo. Todo mundo pego de surpresa. Foi uma mudança significativa no caráter do personagem. De alguém passivo a um articulador frio e calculista.
É uma perfeita história de vampiros. De fato, está entre os três melhores do gênero que li, juntamente com "DRÁCULA" e "SALEM" de Stephen King.
("Crepúsculo" não chega nem aos pés desses livros).
Vamos lá. "Entrevista com o vampiro" pode dividir opiniões. Por um lado é um tanto parado, basicamente ambientado em Nova Orleans entre os anos 1790 e 1900, sem muita ação e grandes reviravoltas, como a leitura de um diário. É 1976, e Louis está sendo entrevistado por um jovem repórter cujo nome não é citado.
Louis segue explicando quem é, onde vivia, quando e como virou um vampiro (1791, aos 23 anos de idade), quem o transformou e por quê. Conta como era sua família, como Lestat passou a morar em sua casa e suas vidas monótonas na Nova Orleans de finais do século 18 e século 19.
Por outro , trata-se de um texto reflexivo, do sentido e prioridades da vida, da necessidade que temos de companhia ao longo da existência, de nos apegarmos a pessoas e lugares, da perda, tristeza, saudades e memórias.
Anne Rice usa seus personagens para nos fazer pensar sobre essas coisas. Louis saiu dessa história compreendendo que a vida é um processo de mudanças, de novos ares, novas companhias; que se prender ao passado é uma escolha dolorosa e improdutiva. O mundo e as coisas que amávamos no passado mudam. A sociedade muda. Tudo ao nosso redor muda. Devemos nós também aceitarmos essas mudanças e aproveitar o tempo que temos e desenvolvermos nosso próprio ser para não estarmos no mundo como criaturas estáticas. Uma das cenas finais, onde Louis contempla o Museu do Louvre e quer apreciar a arte exposta lá é significativa. O museu representa o passado. Louis percebe que, assim como a vida, mesmo a arte que ama é frágil e pode ser destruída pelo fogo, como se o fogo destruísse o museu e tudo que ele preserva.
O "FOGO" tem um papel significativo em vários momentos do livro, como a casa incendiada onde Louis, Lestat e Cláudia viveram por quase um século. Armand, o vampiro de Paris, diz a Louis que o fogo pode purificar, mas Louis rebate dizendo friamente que o fogo nada purifica, apenas destrói.
Pode-se extrair muitas considerações do texto. A mensagem essencial é que "a vida segue, independentemente das perdas que sofremos".
Nota: 4,0
Lerei o próximo volume para saber mais sobre Lestat e sua origem.
E como ele se tornou um astro do Rock nos anos 70/80!