Wania Cris 26/10/2020Claustrofóbico...Um dos livros que mais quis ler na vida e que, infelizmente, me chegou em meio a uma ressaca acachapante. Demoramos mas entregamos conclusa a leitura.
O livro já te joga num mundo distópico estabelecido. Iniciamos a trama sob a perspectiva de Winston Smith, um funcionário do Partido. Sim, Partido, no singular pois só há um, o Partido, do Grande Irmão, onipresente, onisciente, onipotente. Sim, tudo isso. Sob o relato de Winston vamos entendendo que o G.I. está em todos os lugares, dentro e fora dos lares, vendo, ouvindo e interferindo em tudo, mesmo que não seja visto por ninguém. E é nisso que a leitura se torna claustrofóbica. A sensação... não, a certeza, de que não há como se esconder
A estória traça paralelos diversos com a realidade, compatível com o mundo pós guerra, sendo mais uma crítica ácida feita por Orwell aos países totalitários, como visto em Revolução dos Bichos, Oceânia, país onde vive Winston, vive em guerra permanente ora com a Lestácia ora com a Eurásia, pouco importa, a verdade é sempre mutável, depende dos interesses do G.I. A língua pátria foi alterada para a Novafala ou Novalíngua e quem não a utiliza pode ser visto como um rebelde e sofrer as sanções cabíveis. As relações interpessoais devem ser aprovadas pelo Partido, não há lugar seguro para se expressar...
Apesar de ter sido lançado em 1949 poderia ter sido escrito na nossa época pois nada há mais atual que o Miniver, o Ministério da Verdade, empenhado em semear mentiras e fazê-las se tornarem reais (terra plana, movimento antivacina, nazismo de esquerda...), o Miniamor, Ministério do Amor onde as torturas são praticadas, o Gabinete do Ódio, não pera...
Faltou uma construção mais aprofundada dos personagens, uma ambientação mais expansiva de como o mundo se tornou aquilo tudo, que custaram meia estrela, mas, que não desmerecem a obra em absolutamente nada. Orwell mandou muito, mas muito bem e sua voz rebelde ainda hoje é ouvida.
Guerra é paz
Liberdade é escravidão
Ignorância é força
Pois é...