Dressa 17/01/2021
"Coffey, como o que se toma com leite"
Um livro que merece 5 estrelas fácil, embora eu ainda esteja indecisa se entrará para a minha lista de favoritos ou não. Levei um tempinho para me conectar com a história, mas depois a devorei. Já sabia como acabaria - por um lado me sinto aliviada por isso, pois não terminei o livro mais destruída do que fiquei; pelo outro, com certeza a experiência teria sido muito mais profunda pra mim. Racismo, violência nos níveis mais cruéis, velhice, a fragilidade da vida, o conceito de certo e errado, o sistema carcerário, tudo isso e muito mais King nos entrega com a história, ora com sutileza, ora como um soco no estômago. Impossível não sentir NADA ao longo das 400 páginas. É pesado, pela história por si só e por motivos bem pessoais, mas aqui encontrei uma faceta diferente do SK, de uma maneira muito estranha vislumbrei um lado "doce" dele, se assim posso dizer. John Coffey é alguém que nos desperta a vontade de querer guardá-lo num potinho salvo da escuridão que muitas pessoas emanam e da dor que elas causam, de maneira proposital ou por simplesmente não se importarem com o que acontece além dos seus próprios umbigos. Raiva, lágrimas, indignação, a busca de um sentido para as coisas que acontecem, afeição, até mesmo risos entremeam À espera de um milagre. Paul, Brutal, Harry e Dean merecem uma menção honrosa e seria incrível se houvesse muitos deles por aí pelas penitenciárias da vida real. Janice, Elaine e o Sr. Guizos têm um espacinho especial no meu coração, mas John Coffey é o dono dele todinho.
"Chefe, estou muito cansado da dor que escuto e que sinto. Estou cansado de andar vagando, sozinho, sem nenhum companheiro pra ir junto comigo nem pra dizer de onde estamos vindo nem para onde vai nem por quê. Estou cansado das pessoas serem más umas com as outras. Estou cansado de todas as vezes que tentei ajudar e não pude. Estou cansado de ficar no escuro. Mais do que tudo é a dor. Tem demais. Se eu pudesse acabar com ela, acabava, mas não posso."