rabello. 11/12/2021
A megera domada, de William Shakespeare
Acredita-se que A Megera Domada seja a primeira peça de autoria de Shakespeare, provavelmente escrita por volta de 1597 e publicada pela primeira vez em 1623.
Se trata de uma comédia que se passa na Itália do final do século XVI, mais precisamente em 1590, a trama tem inicio com a chegada na cidade de Pádua, de Lucêncio Bentivoli e seu criado, Trânio, ambos naturais de Pisa.
O recém chegado Lucêncio, em sua caminhada que visava resolver um empecilho que os impedia de transpor uma viela necessária para sua chegada a hospedaria de destino, põe pela primeira vez os olhos em uma mulher pela qual se apaixonara de primeira vista, ao mesmo tempo em que uma cena chama sua atenção, se trata de Grêmio e Hortênsio, que interpelavam e clamavam para que Batista Minola cedesse a mão de sua filha caçula, a linda, doce e cordata Bianca Minola (a mesma pela qual havia se apaixonado Lucêncio) porém recebiam pela milionésima vez uma resposta negativa, visto que o velho, fiel a tradição só permitiria que Bianca se casasse após o casamento da primogênita, Catarina Minola, que embora muito bela, tinha um gênio terrível, irascível com tudo aquilo que lhe contradissesse ou desagradasse, amarga e irredutível, recebia a fama de megera.
Em resposta a esta condição que impedia os candidatos a mão da bela Bianca, chega na cidade Petrúquio Pantino (herdeiro da fortuna de seu falecido pai Antônio Pantino) que acompanhado de seu criado Grúmio buscava uma esposa rica para aumentar seu patrimônio, e que mesmo informado do mau gênio de Catarina, decidiu-se casar com esta, alegando que iria domar a megera. Embora seu primeiro encontro tenha sido um desastre, este conseguira convencer seu pai e uma vez casado, rumou para Verona, sua cidade natal, para dar início ao plano de doma.
Ao mesmo tempo, tendo em vista que o senhor Batista procurava professores particulares para suas filhas, acabara atraindo as mais engenhosas estratagemas (ou não) por parte dos que cortejavam a caçula, Lucêncio se passa por professor de literatura que denominara Câmbio, fazendo assim com que seu criado Trânio assumisse a sua própria identidade para se apresentar como candidato oficial a mão de Bianca para o pai da moça e sondar os passos dos outros concorrentes, já Hortênsio se passa por professor de música que nomeou-se Lício, e pondo em prática os disfarces, disputam o coração da amada durante o tempo que têm para lhes ministrar as supostas aulas.
A continuação de ambos os arcos narrativos, tanto da doma da megera quanto da disputa dos candidatos a mão da bela Bianca, deixo-os em aberto para não dar spoilers, deixo portanto o convite para que possa ler essa obra de Shakespeare, se trata de uma leitura leve, de linguagem simples mas não leviana, repleta de elementos cômicos que tornam o texto além de engraçado em vários trechos, muito gostoso e que além de tudo carrega consigo muitos significados nas entrelinhas, principalmente através de ironia, o próprio ideal da mulher submissa como desejado pelos homens e a de rebelde e crítica como repugnado, é um simbolismo pelo qual é feita uma crítica social a sociedade machista da época, há também a crítica quando a desigualdade social suplantada pelas castas e diversas outras minúcias que são capturadas nas entrelinhas, sob um olhar atento de quem as lê.
Ademais, Megera é uma obra que já li 4 vezes e além de não enjoar sempre me traz reflexões diferentes a cada releitura, portanto recomendo demais a todos.