spoiler visualizarNathAlia.Kiper 30/05/2024
Clube de Leitura - 05/24
O autor, Itamar Vieira, foi servidor publico do INCRA, fala sobre que ele vê em sua realidade no trabalho. Com isso, quer revelar uma da realidade brasileira pouco conhecida pelo público.
O livro aborda tantos temas, que é difícil saber por onde iniciar. Um dos pontos iniciais, a faca de Donana, tão valorizada, é um marco da pobreza da família, que vê a faca como um objeto de extremo valor. Como consequência, a visita ao hospital mostra uma forte elitização do acesso a saúde, pois a maioria das pessoas lá eram brancas, e os pretos geralmente iam ao curador pra se recuperar. Outro ponto muito importante de se levantar é o sincretismo religioso representado pelo jaré, comum na chapada diamantina, e como a cultura é disseminada após a morte do Zeca Chapéu Grande, e a chegada de pastores para converter os moradores da fazenda ao cristianismo.
A parte do livro que me chamou mais atenção foi como a polifonia foi construída no texto. Pelo meu entendimento, é possível entender que o livro é dividido em mente, corpo e alma.
Mente, com a parte do livro descrita por Bibiana, que se interessava pelos estudos e o desenvolvimento, até pela parte mais política de se organizar nos sindicatos. Ela representa a modernidade, o pensamento critico, racional.
Corpo, pela parte descrita por Belonísia, onde ela entende que a sua voz no mundo, era a terra. Além do desgosto justificável a escola, visto que a professora trazia aos alunos uma visão totalmente discrepante a visão dos alunos sobre a realidade na qual estão inseridos. Que mulher forte, tal qual a natureza.
Alma, representado pela Santa Rita Pescadeira, já sem cavalo(corpo). Ela trás a parte espiritual, da tradição, da esperança. O ponto focal dessa equidade é o equilíbrio entre as 3 partes.
Esse livro é uma construção politica da realidade brasileira. Toda a parte em que se é evidenciado uma relação escravista entre os trabalhadores e os donos das terras, que se fala das casas de barro (pois elas garantem a não fixação dos moradores na terra, e como forma de demarcação social) ou a repartição da produção do quintal dos trabalhadores. Além disso, é denunciada uma negligencia por parte do governo, pois Água Negra só foi reconhecida depois da morte de Severo e de Salomão. Esse livro tem muito a ensinar sobre o nosso Brasil e suas injustiças.