Vinicius 28/04/2019
Resenha: atenção., de Alex Castro
A resenha de hoje é em parceria com a editora Rocco. O livro que escolhi é do selo Bicicleta Amarela. O qual será meu favorito na hora de escolher livros para parceria. Quando Mayara me enviou o e-mail com os livros lançamentos fui pesquisar a sinopse e o interesse foi instantâneo. Alex Castro é ??????? Então, não sei quem é Alex Castro e provavelmente nunca serei capaz de saber. O autor, em entrevistas, diz que é escritor de ficção e seu trabalho é contar mentiras, dentre elas a sua própria biografia. Em seu site oficial existem seis versões sobre quem seria ele. Praticamente um Fernando Pessoa. Eu achei de fato muito interessante tal perspectiva, visto que, muitos atribuem significado da ficção ao autor, mas nem sempre é assim.
Contudo, do que fala atenção.? Começo falando que o livro não é uma espécie de romance, conto e nem narrativa do gênero. É como um manual para repensarmos nosso comportamento no dia a dia, com um caráter totalmente transformador e que, durante minhas leituras, expandiu minha percepção de mundo sobre diversos assuntos. A obra traz 20 práticas para praticarmos a atenção. Cada uma com um certo grau de dificuldade. No final da introdução, o autor define que “Tudo nesse livro é difícil. Difícil é lutar contra nossos piores impulsos e resistir às tentações do caminho, para, um dia, quem sabe, conseguirmos ser as pessoas que queremos ser.” (CASTRO, 2019, p. 38)
Confesso que senti falta de um conceito do que seria atenção para o autor. Mas, certamente, os exemplos de direcionamentos dele são impactantes. Primeiramente, ele expõe que nossa atenção está sempre centrada no problema mais urgente, com isso, esquecemos de ver o outro. Depois, é mencionado alguns aspectos do que seria a Autoajuda, que, na verdade, a melhor definição seria outroajuda. Pois, afinal, nunca precisamos melhorar para nós mesmos, mas para conviver com o outro. É aquele meme: “Fazer terapia para lidar com pessoas que necessitam de terapia”.
Na introdução, o autor fala um pouco sobre si e reconhece seu local de fala como uma pessoa privilegiada:
Só pode escrever sobre um problema quem o sente na pele (p. 24)
Esse quote certamente é um dos mais fundamentais da obra e achei muito importante vir explicitado no início. Vivemos em tempos de Outrofobia, conceito este definido pelo próprio autor em outra obra com o mesmo nome. O termo genérico é utilizado para abarcar diversos tipos de preconceito ao Outro, como machismo, racismo, homofobia, elistismo, transfobia, classismo, gordofobia, capacitismo e intolerância religiosa. O cenário político atual fala muito sobre o retrato do brasileiro (em geral).
Afinal, somos as protagonistas do grande filme da nossa vida, repleto de figurantes que não se importam, com um punhado de coadjuvantes que entram e saem de cena, tudo coroado pela brilhante narração em off dos nossos fulgurantes ó-tão-importantes pessoas. p. 70
Portanto, por ora, posso classificar esse livro como uma das melhores leituras feitas por mim esse ano. As lições estabelecidas por ele cheguei a usar na construção do meu estágio supervisionado da faculdade e a lição didática sobre privilégios usarei com meus alunos da residência pedagógica. Uma leitura mais que necessária nos dias atuais. Recomendo demais.
site: https://silenciocontagiante.wordpress.com/2019/04/26/resenha-atencao-de-alex-castro/