O Retrato de Dorian Gray

O Retrato de Dorian Gray Oscar Wilde




Resenhas - O Retrato de Dorian Gray


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Flávia Menezes 08/12/2022

DORIAN GRAY FAZ ATÉ O CHRISTIAN GREY PARECER UM PRÍNCIPE!
?O Retrato de Dorian Gray?, do autor e dramaturgo Oscar Wilde, foi publicado pela primeira vez em 1890, como uma história periódica, pela revista mensal ?Lippincott´s Monthly Magazine?, tendo sido suprimidas, sem o conhecimento do autor, cinco centenas de palavras contidas na sua versão original. O motivo pelo qual tal corte foi feito, foi porque os editores temiam que a história fosse indecente. Porém, mesmo assim, a obra foi tida pelos críticos literários britânicos como uma ofensa à moral, e alguns até queriam que Oscar Wilde fosse acusado de violar as leis que protegiam a moralidade pública.

De fato, tanto a obra quanto o seu autor causaram grande polêmica na época, tendo, inclusive, o livro sido tirado de circulação pela própria revista que primeiramente o publicou, e Oscar Wilde ainda precisou enfrentar um julgamento em 1895, por sua obra ter sido considerada um ?romance pervertido?.

Mas basta ler o romance para entender os motivos pelos quais, para a época, ele causou tanto escândalo. Sua narrativa e diálogos não poupam em nada da denúncia à futilidade da nobreza, bem como um tom ácido de menosprezo às mulheres, numa exaltação ao masculino, à juventude e à beleza.

Entendo que esse se trate de um romance clássico muito à frente do seu tempo, e que ainda renda muitas análises literárias riquíssimas, e por isso mesmo é que me sinto no dever de dizer que quero apenas me ater às minhas impressões e sensações durante essa leitura. Como sempre digo, não sou ninguém na fila do pão para analisar um grande escritor como Oscar Wilde, nem muito menos quero com isso influenciar ninguém com o que escrevo abaixo. Mas quero poder expor minhas sensações, registrando aqui, cada uma delas da forma como foram sentidas.

Não tenho nenhuma dúvida quanto a genialidade do autor por trás desse grande clássico, mas eu confesso que seus diálogos intelectualizados que concederam à obra o título de romance filosófico, por muitas vezes, para mim, não passava de uma forma muito culta de distorção dos valores e crenças sociais, impondo um pensamento que parte de um ponto de vista (o do autor, é claro!).

Quando me refiro aqui à valores e crenças, quero, na verdade, falar sobre a forma debochada, agressiva e arrogante com que um dos personagens principais fala tanto do casamento, quanto da religião. Acredito que todos nós tenhamos o nosso direito de expor nossas ideias e convicções sobre esses ou quaisquer outros temas, porém, uma coisa é divagar sobre algo, e outra (bem diferente!) é mostrar uma versão deturpada da sua visão de mundo, como se as demais pessoas fossem ignorantes o suficiente para nunca terem percebido.

Uma coisa que me incomoda muito é essa ideia de que as normas sociais são meramente limitadoras, evidenciando o individualismo como se fosse uma forma mais elevada de pensar, por permitir ao outro fazer o que bem lhe convêm. Mas aqui eu pergunto: imagina se cada um quisesse viver ao seu modo, e fazer tudo o que lhe desse na telha? E se o seu vizinho quisesse jogar o lixo na sua casa, por exemplo? Ou se todo mundo quisesse ouvir som alto, cada um de um gênero musical, ao mesmo tempo? A vida seria um verdadeiro caos! Por isso temos as nossas normas sociais. Não para censurar, mas para que possamos respeitar os espaços um do outro, ou seja, onde eu termino e o outro começa.

Quanto ao seu personagem principal, Dorian Gray, ele realmente faz o Christian Grey (de "Cinquenta Tons de Cinza") parecer um verdadeiro Príncipe Encantado, porque muito embora ele seja descrito como um homem muito belo, ele é tão somente o retrato do egocentrismo mesclado com uma total falta de personalidade, onde o personagem se submete cegamente aos comandos (bem diferente de receber conselhos, ou orientações) de um homem arrogante e frustrado, que vê na sua maturidade uma vida de tédio e total falta de prazeres. Aliás, o livro gira o tempo todo em torno unicamente do conceito freudiano do princípio do prazer.

Até entendo que essa visão da nobreza como fútil descreve bem o contexto sócio-histórico da época, mas a forma como as mulheres são inferiorizadas de forma generalizada, é bastante degradante e exagerada. E mesmo quando Dorian se apaixona por uma bela jovem atriz, Sybil Vane, ele a reduz à imagem idealizada que ele faz dela, não dando espaço algum para conhecer a verdadeira pessoa por trás dessa fantasia que ele mesmo cria.

Mas a verdade é que, quando idealizamos alguém por quem estamos apaixonados, automaticamente já condenamos essa relação ao fracasso. Dentro da religião, adoramos e idolatramos a Deus, e ao colocarmos a pessoa que amamos (ou por quem estamos apaixonados) em um altar, não deixamos espaço para que ela seja humana, e possa cometer erros.

Mas ser humano é cometer erros! E quando a idealização nos cega, assim como acontece com Dorian Gray, e nos deparamos com uma mera pequena falha do ser adorado, ele automaticamente passa a se tornar um reles mortal, e totalmente indigno de tamanha admiração e adoração.

Meu desgosto com a parte sobre o romance de Dorian com Sybil, é que, para mim, mais parecia uma cópia de "Hamlet" de Shakespeare, com a Sybil refletindo com exatidão o destino de Ophelia.

Além disso, o que mais me incomodou mesmo, e quase me fez desistir da leitura, foi essa idolatria excessiva à beleza do Dorian Gray. Além do motivo já exposto anteriormente de uma beleza sem qualquer conteúdo interno (personalidade, inteligência, e até de atitudes), essa é uma visão tão distorcida sobre o ser jovem e ser belo, que chegou a ser entediante.

Muito embora o autor traga a questão do narcisismo, concedendo ao Dorian o perfil arrogante e egocêntrico que são características próprias do quadro, eu confesso que vi o conceito, porém de forma muito superficial.

Mesmo a questão da valorização da juventude como parte da nossa crise existencial ligada ao envelhecimento, eu vi muito mais sobre uma juventude do masculino, e uma grande valorização da virilidade do solteiro, como se, ao se casar, o homem perdesse todo o seu vigor para a sexualidade, do que o propriamente medo do envelhecer, que traduz o nosso medo de sermos mortais.

Confesso que não vi nesse livro nada muito fora do que já foi trabalhado por Shakespeare anteriormente, até porque o próprio autor se inspira nele para compor sua história. Não apenas nele, é claro! Mas essa parte, para mim, ficou bastante evidente.

Clássicos são clássicos e merecem seu lugar de respeito, e de fato esse livro pode render uma boa discussão bem acalorada. Porém, ainda assim, acredito que ele não seja interessante para todos. Bom... confesso que para mim, realmente ele não foi. E mais uma vez enfatizo, sua genialidade é incontestável, mas não me deixou nada ao final.

Mas esse é só o meu ponto de vista. E como todo bom ponto de vista, ele é apenas a vista de um ponto. O que faz com que outros pontos de vista, muito diferentes do meu, possam ser retirados dessa leitura, por muitas pessoas diferentes. Mas não é essa magia dos livros?
debs 08/12/2022minha estante
Eu amo suas resenhas!!!! Sempre tão completas


Maygeek7 08/12/2022minha estante
Como sempre, arrasando na resenha. ????????
Agora não vou comprar o livro nem tão cedo.


Flávia Menezes 08/12/2022minha estante
Deborah, muito obrigada! Puxa, que gostoso de ler isso.


Flávia Menezes 08/12/2022minha estante
Mayra, obrigada! E olha?.não aconselho comprar não. A menos que você queira passar raiva! Kkkkkk


Francisco 09/12/2022minha estante
Ótima resenha, Flávia. Parabéns! . Isso é o que torna o ato de ler grandioso: subjetividade, diferença de opinião.


Gleidson 09/12/2022minha estante
Genial, Flávia! Muito boa! Esse livro também não funcionou pra mim.


Flávia Menezes 09/12/2022minha estante
Obrigada, Francisco. E bem isso?acho que um livro, clássico ou não, vai tocar a cada um de formas diferentes. Mas o importante é termos clareza do que nos desagrada, tanto quanto o que nos agrada! ;)


Flávia Menezes 09/12/2022minha estante
Obrigada, Gleidson! Pois é? Clássico ou não?esse não funcionou mesmo.


Francisco 09/12/2022minha estante
Você está absolutamente certa, Flávia. Os livros, clássicos ou não, nos tocam de maneira diferente.


Fabio 09/12/2022minha estante
O livro sendo bom ou não, a resenha ficou incrível!
Parabéns minha querida!
Acho que vc conseguiu mostrar o que eu precisava para realmente não ler este "Clássico".


Flávia Menezes 09/12/2022minha estante
Ah meu querido? sabendo o seu gosto, falo sem dúvida: não leia mesmo não. Obrigada viu, Fábio? Pelas palavras carinhosas de sempre. Esse clássico realmente podemos deixar de ladinho e sem culpa! ???


Goldensunflower 09/12/2022minha estante
Esse livro está na minha lista há algum tempo e acabei lendo sua resenha. Ficou muito boa e bem detalhada. Dei risada com o título dela KKKKKK


Flávia Menezes 09/12/2022minha estante
Carolzinha, obrigada! Esse livro rende muita discussão?e algumas piadinhas mesmo. rsrs Bou aguardar sua leitura pra ver o que você vai achar.


Ana Sá 19/12/2022minha estante
Flávia, eu pretendo ler este em breve e, mais uma vez, tomei nota: "reler a resenha da Flávia para refletir melhor sobre a leitura" ??


Flávia Menezes 19/12/2022minha estante
Ana, vou esperar ansiosa pelas suas impressões e sua resenha. Vai ser ótimo conversar com você sobre esse! Vamos ver o que você vai achar! ???


Aline Casellato 19/04/2023minha estante
Flavinha amei a resenha. Estou lendo o livro e já concordo com muitas coisas que você pontuou. Uma coisa que acho interessante é que você disse que não sentiu que o livro te deixou nada no final. Vi alguém falar que o autor era adepto do esteticismo e que ele só queria que as coisas fossem belas. Porém meio destoante querer isso quando faz uma obra tão cheia de críticas à aristocracias época.


Flávia Menezes 19/04/2023minha estante
Aline, amiga, obrigada! Que bom que gostou! E já estou curiosa para ver quais serão as suas impressões dessa história!
Gostei dessa sua colocação, sobre o esteticismo do autor, mas sinto que não foi bem essa a intenção dele, porque de fato essa é uma obra que veio para chocar por expor ao mundo algo que ele (autor) vivenciava. Foi até por isso que eu disse que pra mim não deixou muita coisa. Achei uma guerra de pensamentos, onde ele também tenta impor o dele como certo. Mas vou acompanhar suas impressões para falarmos mais sobre isso, e ver o que você vai achar!
Obrigada por vir aqui e deixar suas palavras carinhosas. Boa leitura, amiga.




Alê | @alexandrejjr 03/01/2021

A estética da ética

Clássico absoluto, “O retrato de Dorian Gray” é um livro que transcende simples análises como esta que faço. Aliando reflexão e ritmo, Oscar Wilde fez de seu único romance uma obra de arte tão expressiva que talvez o tempo não saiba envelhece-la, fazendo assim um paralelo macabro com a própria narrativa.

O poder da ficção, quando colocado em sua máxima potência, provoca sensações indescritíveis em qualquer leitor. E aqui temos um respeitável exemplo disso. Wilde utilizou a imaginação da melhor maneira possível: como um espelho da realidade. É um jogo entre o inimaginável e o tangível, com sublimes reflexões em frases icônicas espalhadas em um trio principal de personagens, com destaque para o cínico Lord Henry, o mais detestável do livro. Inteligentíssimo, a língua afiada de Lord Henry é uma metralhadora de frases elegantes que passam por variados temas, com destaque para a cobiça, a misoginia e a arrogância. Do lado oposto, temos nossa personagem principal, um homem dotado de nenhuma humanidade, vazio: Dorian Gray.

É interessante tentar imaginar que “O retrato de Dorian Gray” é a transposição das inquietações de seu autor. Wilde, escritor homossexual em pleno século XIX, faz desse livro um testemunho contra a caretice e o conservadorismo que atravessam as eras. Felizmente - ou infelizmente - esta edição que li da Penguin Companhia é a edição definitiva, possuindo 20 capítulos, e não a edição original, que possui 13 capítulos. Uma breve consulta feita a bons leitores nesta rede social indicou que devo ler o livro em sua concepção original, algo que não sei, sinceramente, se irei fazer. Sinto que esta edição, mesmo “censurada”, mostra o essencial da ideia de seu autor.

“O retrato de Dorian Gray” é um romance sobre a estética da ética. É possível moldá-la, ajustá-la? De que ponto algo está errado ou certo? Como toda a boa literatura, Wilde fez um livro que deixa mais perguntas que respostas, e isso é importante numa sociedade que caminha para um futuro distópico onde refletir pode tornar-se perigoso.
Débora 04/01/2021minha estante
Que belíssima resenha!!!


Alê | @alexandrejjr 04/01/2021minha estante
Obrigado, Débora! É ótimo começar 2021 com um elogio. Já lesse esse livro?


Débora 04/01/2021minha estante
Infelizmente ainda não li esse clássico, Alê! São tantos livros que quero ler...


Alê | @alexandrejjr 04/01/2021minha estante
Com calma nós conseguimos, Débora. Não todos, mas uma boa parte. ?


Débora 04/01/2021minha estante
Assim espero!!!?




deivison 11/10/2022

Oscar Wilde LENDA
Passei dias digerindo essa leitura, não tenho muito para dizer, simplesmente MEU DEUS que livro incrível, se você quer iniciar com clássicos eu recomendo que leia esse!
Uma das minhas melhores leituras do ano, O Retrato de Dorian Gray me envolveu do início ao fim com toda essa questão da degradação humana mascarada por uma bela aparência, esse livro e suas citações servem até para questões da atualidade.
então o que eu digo é: se você tem interesse nessa história, leia, mas leia refletindo do início ao fim.
Larissa 11/10/2022minha estante
Putz, fiquei curiosa, agr quero ler kkk


Erik 11/10/2022minha estante
esse é o sem censura?


naiara 11/10/2022minha estante
essa versão é sem censura?


deivison 12/10/2022minha estante
essa versão é a revisada pelo Oscar Wilde quando censuraram a obra, então em partes ela foi amenizada (nos quesitos de homossexualidade etc), mas ao meu ver o livro continua com esse teor mesmo com a "censura", nada que afete a leitura. Aliás, se for comparar com outras edições que são literalmente censuradas, essa aqui é uma boa escolha, principalmente pelo precinho acessível kkekkdksksj :)




Bárbara Paradiso 11/08/2021

Como vai sua alma?
???Como é possível um livro despertar tanto de nós, e muito do que nem imaginávamos sermos capazes de sentir!?

???Genialidade esse livro de Oscar Wilde. Se procurar pelas resenhas por aí, encontrará com muitos detalhes tudo sobre o estilo de escrita, personagens, sentimentos, enredo, enfim... encontrará o que precisa para decidir se lerá ou não esse clássico.

???Eu não quero fazer isso! Essa experiência literária foi muito única e íntima para mim. Então tudo que me contentarei em dizer é que só há uma maneira de realmente sentir esse livro: lendo.
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Gabi Mauruto 29/02/2024

Para Dorian e Henry, o mundo era para ser experimentado.
Um livro rápido porém muito descritivo em termos de paisagens, do ponto de viusta dos próprios personagens. Entendo que fazia parte do estilo do livro e da personalidade de cada personagem, mas alguns capítulos me cansaram um pouco devido a demasia descritiva.

Tirando isso, a história de Dorian Gray nos leva a vida de personagens superfluos, que justificam suas maneiras, modo de vida e escolhas através da arte. Uma história escrita em anos que a aristocracia estava em alta e o ser e ter era o que valia. Achei o desenvolvimento de Dorian muito rápido, mas talvez esse não fosse, de fato, o objetivo de Wilde.
Minhas partes favoritas eram as divagações de Henry, que abraçaca sua vaidade e sua futilidade sem medos.
Um livro um pouco machista na forma como aborda a mulher, mas já esperado devido a época em que foi escrito.
Gostava demais do filme, o livro me trouxe uma outra perspectiva. Gostei e recomendo.
India (2023) 29/02/2024minha estante
Gabiiiiii, travei aqui! O que é um livro rápido?????


Gabi Mauruto 29/02/2024minha estante
Rápido em termos de quantidade de páginas mesmo haha Mas em termos de tipo de escrita e descrição, diria que é bem denso.




Andre.28 17/10/2020

Juventude: a beleza e os prazeres irresistíveis
Eu tinha consciência sobre a importância desse livro, porém nunca me atentei para o fato de ler, em algum momento. Foi exatamente um verso de uma música do James Blunt que me lembrou deste livro, e consequentemente me fez ter a curiosidade de conhecê-lo. O retrato de Dorian Gray, livro publicado em 1890, pelo escritor irlandês clássico Oscar Wilde, traz à tona uma série de elementos fenomenais. A história de Dorian Gray, como se fosse uma fonte da juventude macabra, mantém um estilo, onde a juventude e a beleza se fundem com a corrupção moral de quem vai até as ultimas consequências para manter as aparências e viver numa farsa.

Oscar Wilde estabelece uma ligação estética, um diálogo entre a arte, a vida e a moral de um homem corrompido por sua consciência destituída de escrúpulos. A narrativa que mostra a ambiguidade de um jovem e suas relações, representou para à sociedade vitoriana inglesa do final do séc. XIX, preserva, um choque, causando polemicas e uma dor de cabeça ao Oscar Wilde. Uma ode ao fascínio da juventude eterna!

O livro conta a história do jovem nobre inglês Dorian Gray, filho de uma família inglesa abastada do final do século XIX, ele vive a sua vida ao bel prazer, uma vida de jovem rico que aproveita todas as companhias possíveis. Sendo um considerado um jovem extremamente belo, ele serve de modelo para o pintor Basil Hallward, seu principal amigo e benfeitor. Ao conhecer o hedonista de Lorde Henry, amigo de Basil, Dorian começa a pensar que a beleza é o único aspecto da vida que vale a pena manter. E quando Basil pinta um retrato de Dorian, este deseja que o retrato envelheça em seu lugar. Mantendo uma beleza eterna, Dorian desfruta da vida. Mas, o perigo dessa magia macabra pode revelar sérias consequências. Dorian não medirá esforços para manter esse segredo, inclusive, disposto a ir além dos seus limites, em acessos de loucura e violência. Tendo desprezado a sua namorada, a jovem atriz Sybil Vane, Dorian levará até o final a sua falta de caráter e sua dualidade.

A vida do proibido, das tentações irresistíveis, do prazer oculto. Dorian Gray entra numa espiral, entre o delírio do belo, o seu “eu” hedonista que vive ao bel prazer, que vai tomando consciência do irreal de seu pecado num perpetuo sentimento glória. Todos os desejos reprimidos são libertados e os prazeres da vida são levados ao limite, pelo ideal insano. A juventude e a beleza valem qualquer risco para Dorian Gray.

Fazendo uma análise mais atenta, pode-se perceber o caráter enigmático e ambíguo que o Oscar Wilde dá aos seus personagens, expondo uma opinião sarcástica, acida e ambígua sobre o prazer, casamento, a sociedade, hipocrisia, ética, arte. O tom da narrativa é uma epopeia moral, um clássico que exalta o prazer pela arte e pela beleza, coisas que podem nos levara passar por cima de tudo em prol de um hedonismo que beira a loucura. Particularmente eu fiquei completamente envolvido com a escrita do Oscar Wilde. Uma sagacidade e uma eloquência que se fundem ao épico, a filosofia e a estética de escrever preocupado com os mínimos detalhes, inclusive com a expressão dos humores e das emoções. É um livro simplesmente eterno, por ser provocativo, por tocar em pontos que geram discussões e, principalmente, pelo seu estilo clássico que questionar a sociedade. Um livro que arranca as palavras, memorável.
fellipe! 17/10/2020minha estante
Bom texto.
"Dorian Gray" foi dos primeiros em me fazer notar como a ficção tbm pode servir como "tese filosófica" de um autor. Uma "visão de mundo" em peça ficcional.




Vania.Cristina 29/10/2023

O que a arte espelha?
? Esse livro me fez pensar bastante porque no começo tive dificuldade em entender onde de fato o autor queria chegar. Já aviso que é excessivamente descritivo e até me perdeu em alguns momentos por causa disso, mas me ganhou sempre logo em seguida, com uma história incrível. ? Ela se passa na gótica Inglaterra vitoriana, quando o aristocrático Lord Henry conhece o jovem e belo Dorian Gray. Dorian está posando como modelo para o pintor Basil Hallward, que está colocando as últimas pinceladas na tela. Lord Henry discursa sobre a importância da busca pelo prazer e sobre como a beleza é o bem mais precioso. Ele percebe a fragilidade de Dorian e se diverte em manipulá-lo. Enquanto isso, Basil consegue expressar na pintura, de forma virtuosa, toda a paixão suscitada pela juventude e pela beleza de Dorian Gray, que passa a ter sentimentos de encantamento pela própria aparência. Ele sente inveja da sua imagem retratada, porque ela não sofrerá as mudanças do tempo. Diante do quadro, expressa a vontade de que a sua imagem pudesse envelhecer em seu lugar, e oferece em troca sua alma. ? A partir de então, Dorian Gray passa a viver os anos seguintes sem perder o rosto angelical, sem marcas ou rugas, e começa a manter uma vida dupla, de aparências. Se socialmente é encantador, no submundo de Londres leva uma vida desregrada e arrasta muitos jovens ao fundo do poço, sem peso na consciência. Enquanto isso, sua imagem no quadro, escondida de todos, envelhece, e retrata toda a maldade que Dorian quer esconder. ? Oscar Wilde foi um crítico feroz da hipocrisia da sociedade do seu tempo. Ele acreditava na arte pela arte, sem o compromisso com a utilidade, ou em se encaixar em algum tipo de padrão moral. Para ele os livros não precisam passar uma mensagem moral porque despertam no leitor sensações e sentimentos subjetivos. ? Por causa dos seus textos, do seu estilo de vida e da sua bissexualidade, o autor foi criminalizado, preso, afastado dos amigos e da família, e totalmente destruído. Foi efetivamente cancelado. ? Esse único romance de Wilde trata justamente da hipocrisia, da decadência da sociedade, do esforço em manter as aparências, da vaidade excessiva e destrutiva, de relacionamentos tóxicos, de valores vazios. Dá para ser mais atual?
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Ogaiht 12/02/2024

O Retrato da Vaidade
Eis um dos grandes clássicos da língua inglesa. O Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde, é um dos mais impactantes livros do Decadentismo e um incrível retrato da Era Vitoriana.
A narrativa tem início quando o pintor Basil Hallward termina de pintar o retrato de seu amigo Dorian Gray na presença de Lord Henry Watton. Basil possui sentimentos mais fortes por Dorian, que desconhece isso. Apenas Henry sabe o que o pintor realmente sente pelo amigo. Ao mostrar como o retrato ficou, todos ficam maravilhados, pois esse é o melhor trabalho de Basil. Dorian fica encantado com sua própria beleza, tendo só consciência dela apenas quando vê o quadro. Lorde Henry, maravilhado com a beleza de Dorian, lhe aconselha a aproveitar a vida ao máximo, pois a beleza e a juventude são passageiras. Assim a semente de uma série de tragédias é plantada. Ao ver seu próprio retrato, Dorian se dá conta que um dia envelhecerá e morrerá, e deseja que fique sempre belo e jovem que nem o quadro, como se estivesse vendendo sua alma. Seu desejo é atendido e ao longo do romance vemos a decadência moral de Dorian, que apesar de não envelhecer, comete vários atos vis. Porém, a medida que os anos passam, o retrato vai mudando e acompanhando a mudança da sua alma, ficando cada vez mais malévolo e assustador.
Oscar Wilde que era um adepto do esteticismo, ou seja, defendia que arte deveria ser simplesmente bela e não ensinar nada, escreveu um livro de prosa linda e elegante. Suas descrições, os diálogos, a construção dos personagens, tudo é de uma tremenda elegância. Apesar de defender a arte pela arte, é possível de ver sua visão da sociedade vitoriana e entender o preço que se paga pela vaidade descontrolada.
Oscar Wilde, que era gay, foi preso alguns anos depois da publicação desta obra que, chocantemente, foi usada no tribunal durante processo que respondia por comportamento obsceno (o autor for preso por ser gay).
Esta edição da Biblioteca Azul é muito boa. Publicaram a versão não censurada da estória, possui uma introdução (de 75 páginas!) muito esclarecedora e ao longo do livro existem inúmeras notas de rodapé. O único ponto negativo da edição é a encadernação que está meio dura e acho que uma obra como esta merecia uma arte de capa mais bonita.
Para quem nunca leu este livro, não sei se esta é a melhor versão para começar. Existem muitas notas e talvez elas podem prejudicar o ritmo de leitura. Talvez numa primeira leitura até se poderia ignorar as notas, pois isso não compromete a compreensão geral da obra. Mas as notas são riquíssimas e muito esclarecedoras.
O Retrato de Dorian Gray foi muito mal recebido na época por conta de sua ?ousadia? e seu autor terminou a vida de forma decadente, mas nada como o tempo para fazer justiça e colocar este clássico em seu devido lugar de destaque na história da literatura universal.
caio.lobo. 12/02/2024minha estante
Às vezes eu acho que sou Dorian Grau. Às vezes acho que sou Fausto.


Ogaiht 12/02/2024minha estante
????


Gustavo Kamenach 16/02/2024minha estante
???




LucAlio.CAmara 13/09/2023

O retrato de Dorian Gray
Achei a escrita elegante da forma que eles conversam. Basil vai muito além da arte ao admirar e fazer de Dorian Gray seu modelo artístico. Dorian Gray tem 20 anos, um rapaz que mexeu com as estruturas de Basil. Maldita hora que Dorian Gray conheceu o lorde Henry. Com isso ele acabou sendo muito influenciado pela forma filosófica, poética e incentivadora malvada de Henry. Acho que o Gray sentiu uma sapiosexual - Rs.

O retrato de Dorian Gray pintado por Basil, deixou o Gray muito pertubado lhe deixando narcisista e indiferente. No entanto, o que ele fez de certa forma com a jovem Sibyl foi humilhante por causa de um motivo banal, ele acabou com a jovem. Não só ela que ele humilhou, mas o que ele fez o que fez com Basil também foi imperdoável. Enfim, no meu ponto de vista o final não poderia ser diferente, achei super justo. Na verdade foi perfeito. Fui influenciado também pelo Henry pra achar o final perfeito - Rs.

Recomendo!
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Vênus_Alice 30/11/2023

O retrato de Dorian Grey
Esse livro mexeu comigo, queria que aqui pudéssemos compartilhar as reações que as leituras não geram.
No início achei muito calmo, poético, romântico e completamente desafiador para a época em que foi escrito. Ao decorrer da leitura, tudo se transformou, Dorian virou outra pessoa ao seu deparar com a sua pintura, Henry o manteve próximo com um intuito- que parecia para mim- de tentar corromper o doce e inspirador homem que o Basil pintou.
A medida que a história foi desenvolvendo, toda a doce e harmônico paisagem que a história ia pintando, foi se dissolvendo, sobrando o horror, o vazio e a apatia que a luxúria traz com sua acomodação.
Eu entendi completamente o porquê de ser um livro polêmico (e dai-lhe exclamação nesse ponto), faz muito jus a sua fama e de uma escrita incrível e singular. A tempos que não me surpreendia tanto assim e adorei, de uma forma bem estranha a história, o livro me gerou inúmeras reações e emoções e até agora estou tentando digerir.
A pegada mística e poética foi a cereja do bolo!
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Beatriz3297 02/02/2023

Criei muita expectativa
Não sei se não entendi muito o conceito do livro ou se criei muitas expectativas, por ver muita gente falando bem... mas não achei o livro incrível/maravilhoso. Talvez tenha sido a versão que adquiri, mas a leitura não é tão fluida e, em alguns momentos, chega a ser maçante. A história é boa e traz algumas reflexões interessantes sobre o papel da beleza e do prazer em nossas vidas. Mas senti que poderia ter sido melhor desenvolvida (claro, temos que levar em conta a época em que o livro foi escrito tb, mas enfim...). Talvez precise refletir mais, mas por enquanto, ele é só bom.
Silvinha 02/02/2023minha estante
Concordo! Quando li também não achei nenhuma maravilha. Entendo que na época pode ter sido mais importante e ainda hoje é muito referenciado, mas a leitura também não me empolgou


Caio Almeida 02/02/2023minha estante
Esse livro faz mais sentido no passado que no presente, sem negar sua importância.


Silvinha 02/02/2023minha estante
Bem colocado Caio!




Aline.Momm 31/12/2021

Único clássico que amei até agora. Recomendo muito!
Oscar Wilde é um escritor que gosta de fazer a mescla de suas obras com a própria vida pessoal. Mais do que isso, esse livro aqui, especificamente, serviu como prova contra eles nos tribunais - julgamento que o condenou à anos de prisão e trabalhos forçados.
Apesar de ser um dos principais escritores de seu tempo, depois de todos esses processos, ele decaiu, juntamente com sua saúde. Vindo a falecer poucos anos depois disso no exílio.
Isso porque a Homossexualidade é um grande tema, não apenas na vida do autor - que esteve envolvido em escândalos por conta de seus amantes -, mas também dentro do próprio livro.
A censura pelo que a obra passou veio justamente por conta disso. Um ano depois da primeira publicação do livro em uma revista em periódico, Oscar Wilde reformulou o livro; assim atenuando algumas passagens, alterando outras, substituindo e até excluindo. E mesmo depois disso, o livro ficou 7 capítulos maior que o original.

Dorian Gray é um jovem lindo e Narciso. Sim, Dorian Gray é o Narciso; ele é essa pessoa que se volta muito para si próprio, que só pensa em si. Há muita vaidade e egotismo aqui.
E é por isso que ele vai cair na lábia de de Henry Wotton, um personagem que muito fala e nada faz.

Porém, é o que existe além da trama do livro, que surpreende o leitor: as reflexões.
O livro fala muito sobre o amor, os diversos tipos de amos, as maneiras de se amar.
Também fala muito sobre a imagem de uma pessoa. O que você passa para a sociedade sobre o que você realmente é.
Também sobre a corrupção da alma. A existência da alma, a humanidade na vida de uma pessoa e todos os erros que ela comete. Será que esses erros constituem a sua personalidade? ou é possível se redimir?
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Lari 02/08/2021

gostei da leitura apesar de não ler de imediato, mas muito bom me fez odiar um personagem narcisista do meio ao fim do livro.
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Raul43 07/09/2020

O retrato de Dorian Gray
Estava com a expectativa alta para esse livro acho a premissa muito interessante e quando se fala que a edição é sem censura achei que ia ter elementos mais pesados na leitura mas honestamente nao vi nada que precisasse ser censurado, o livro é bom vemos a trajetoria de Dorian e como ele é influenciado o peso que ele carrega em não envelhecer.
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brearantes 28/11/2022

Resenha "O Retrato de Dorian Gray."
Me faltam palavras. Uma leitura surreal e impaciente a respeito do desfecho. Sensacional, o livro mais espetacular de minha estante. Personagens nada carismáticos são a marca registrada da obra, em função de se relacionarem com a realidade em que vivemos. Um espelho de cada um, creio eu, e uma crítica a se pensar.
Guilherme909 28/11/2022minha estante
Eu assistir o filme
Porém acredito que a leitura não ocultou os detalhes sombrios que o filme simplesmente entregou com o impacto visual. Futuramente gostaria muito de lê -lo




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