Surrender_Nih 16/10/2021
A Sociedade de Aparências da Inglaterra do Século XIX
Esse livro ultrapassou as minhas expectativas em diversos quesitos, mas tomou um rumo diferente do que eu achei que tomaria, o que não o faz deixar de ser ótimo!
A escrita é envolvente e, mesmo quando não estava entendendo bulhufas do que ocorria, não conseguia largar a leitura. Há apenas um capítulo, perto do meio do livro, que o escritor parece perder o fio da meada, escrevendo parágrafos entediantes sobre pedras, perfumes, árvores e etc.
O protagonista saiu como uma personagem totalmente diferente do que eu pensava. Dorian Gray era alguém puro e bom, causador da adoração de todos, mas que foi corrompido pela manipulação de teorias - o que não posso julgar, pois provavelmente faria o mesmo - e acaba amaldiçoado - mesmo que só reconheça tarde demais - por um retrato seu. Dorian torna-se egoísta, mesquinho, perigoso e cruel. Passa a jogar a culpa pelas coisas que faz naqueles em que acabou fazendo sofrer, como se não fosse um problema seu. É interessante que, mesmo o personagem observando a própria alma apodrecendo, não se motivou a seguir o lado "bom" da vida.
O personagem mais fascinante, em minha opinião, é o Lorde Henry Wotton pelas suas teorias e opiniões diferentes. Não dá pra negar o quão manipulador o personagem é, chega a ser assustador! Entretanto, o mesmo não comete nenhum crime de fato. Suas opiniões, de vez em quando, possuíam um ar interessante e diferente, enquanto outras vezes não passava de pura bobagem. O hedonismo do personagem é a principal marca no livro, sendo o que ele influencia no protagonista. Outro ponto é a forma como ele se refere as mulheres - o que me fez xingar ele e ter uma leve ânsia - que me faz questionar a sexualidade do mesmo, além do fascínio pelo protagonista.
Eu fiquei triste mesmo foi pelo Basil, o personagem mais injustiçado. Era claro o amor que o pintor sentia pelo Dorian, mas acabou tendo um fim extremamente trágico. Acabou condenado pelo amor que sentia pelo protagonista e pelo próprio ato de pintar.
Esse livro é ótimo para entender a obsessão da sociedade pela beleza, sendo ela um passe para a realização de diversas coisas - boas ou ruins -. Essa obsessão pela beleza fica bem evidente pela forma como todos veneram o protagonista, que não possui outra conquista além do rosto juvenil preservado.
Sobre o final, acho que não poderia ter encaixado melhor, apesar da simplicidade do acontecimento.