Na pior em Paris e Londres

Na pior em Paris e Londres George Orwell




Resenhas - Na Pior em Paris e em Londres


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eriksonsr 31/12/2013

Tinha algum tempo já que queria ler alguma outra coisa do Orwell que não fosse os conhecidos 1984 e a Revolução dos Bichos e creio que fiz uma ótima escolha ao ler esse que é primeiro livro dele, na Pior em Paris e Londres é excelente!

O livro é uma espécie de diário do Orwell que após trabalhar na marinha imperial britânica começa a odiar o imperialismo e como uma forma de pagar pelo seus anos de serviço na marinha resolve viver a vida em um estado de pobreza, como um mendigo em Paris e em Londres. E ele consegue, ao viver na pobreza extrema, passar fome e dormindo em lugares sujos, desconfortáveis,com traças, cheios de outros homens e também ao trabalhar até 19h por dia em empregos horríveis!

Mesmo sendo um diário do Orwell em dias nos quais ele esteve na pior, ainda sim tem cenas engraçadas, como a de um sujeito que quando sóbrio era comunista, porém quando bêbado virava um nacionalista fervoroso e outro sujeito que para evitar ser roubado no albergue colocou seu dinheiro de baixo do seu colchão quando foi dormir e durante a noite quatro homens levantaram o colchão com ele em cima, colocaram no chão, pegaram o dinheiro e no outro dia ele se acordou dormindo no chão sem ter visto nada.

Porém estas partes mais divertidas tem seu contraponto nos trechos em que ele narra a triste vida dos moradores de rua que vivem subnutridos, tendo que se submeter a pedir comida nas igrejas e rezar e cantar em nome de uma religião que não é a deles só para ganhar um um chá e um pedaço de pão, sendo visto como uma raça inferior, sem poder ficar parado ou sentado na rua (em Londres) por que se não podem ser presos por vadiagem, sem ter contato com mulheres pois nenhuma se aproximava de pessoas assim e como tudo isto furta a humanidade das pessoas que assim vivem.

Apesar de uma considerável parte do livro conter várias criticas ao sistema, as condições de trabalho, a algumas pessoas, ainda sim é um livro muito "agradável", simples e fácil de ser lido!

Outra coisa que fez eu adorar o livro, a história de um artista de rua (Bozo), que mesmo estando vivendo na pior, com uma perna deformada, ainda consegue sorrir, gostar de ciência, artes e literatura. Ainda que desprovido de dinheiro, não perdeu sua humanidade, não foi amputado de seus gostos e passatempos, tão pouco se submetia a ir pedir nas igreja e ter de rezar para um Deus o qual qual ele não acreditava em troca de chá e pão. Que pessoa mais admirável!




Trechos e frases que achei interessante:
"Você descobre o tédio que é inseparável da pobreza, nas vezes em que não tem nada para fazer e, mal alimentado, não consegue se interessar por nada.";

"Você descobre o tédio, e as complicações mesquinhas e os primórdios da fome, mas descobre também o grande aspecto redentor da pobreza: o fato de que ela aniquila o futuro.";

"E há outro sentimento que serve de grande consolo na pobreza. Acredito que todos que ficaram duros já o experimentaram. É um sentimento de alívio, quase de prazer, de você saber que está por fim, genuinamente na pior.";

"Havia apenas duas pias de cozinha e nenhum lugar para lavar as mãos, e não era incomum ver um garçom enxaguar o rosto na água em que se enxaguava a louça limpa.";

"...eles simplesmente caíram na armadilha de uma rotina que torna impossível pensar. Se os plangeus pensassem, teriam criado um sindicato há muito tempo e feito greve por uma tratamento melhor. Mas eles não pensam, porque não têm tempo para isso; a vida que levam fez deles escravos.";

"Essencialmente, um hotel "requintado" é um lugar onde cem pessoas labutam como o diabo para que duzentas possam pagar os olhos da cara por coisas de que realmente não necessitam.";

"A massa dos ricos e a dos pobres diferenciam-se por suas rendas e nada mais, e o milionário típico é apenas o lavador de pratos típico com roupa nova. Troquem=se os lugares e adivinhem quem é o juiz e quem é o ladrão.";

"Fora a subnutrição, e não um vício inato qualquer, que destruíra sua humanidade.";

"Você pode fazer charges sobre qualquer partido, mas não pode pôr nada a favor do socialismo, porque a polícia não permite. Uma vez, desenhei uma jiboia com a inscrição "Capital" engolindo um coelho com a inscrição "Trabalho". O tira veio, viu e disse: 'Apaga isso aí e fica esperto'.";

"Bem, a gente tem de se interessar por alguma coisa. Só porque um homem vive na rua não significa que não possa pensar em algo mais do que chá com duas fatias.";

"...Porém evitava instituições de caridade religiosas, pois dizia que não suportava cantar hinos para ganhar pãezinhos.";

"Conseguira manter seu cérebro intacto e alerta e, assim, nada o fazia sucumbir à pobreza. Poderia estar esfarrapado e com frio, ou mesmo morrendo de fome, mas, desde que pudesse ler, pensar e observar meteoros, estava, como dizia, livre em sua própria mente.";

"E, como tipo social, o mendigo se sai bem na comparação com muitos outros. Ele é honesto, se comparado com os vendedores da maioria dos medicamentos patenteados; de altos princípios, se comparado com o dono de um jornal dominical; amável, se comparado com um comerciante que vende a crédito com preços extorsivos.";

"O dinheiro se transformou na grande prova de virtude. Nessa prova, os mendigos são reprovados e, por isso, são desprezados.";

"Felizmente, eu ainda tinha um pouco de tabaco, senão o dia poderia ter sido pior.";

"Vendi minha navalha sem ter feito a barba antes! Que idiota! Disse Bozo. Ele não havia comido desde a manhã, caminhara vários quilômetros com uma perna torta, suas roupas estavam encharcadas e meio pêni o separava da inanição. Ainda assim, era capaz de rir da perda de sua navalha. Impossível não admirá-lo.".

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Mateus Almeida 27/12/2013

O mal da pobreza não está tanto no sofrimento que impõe ao homem, mas no apodrecimento físico e espiritual que provoca.
Foi em "Na pior em Paris e Londres" que nasce o George Orwell, pseudônimo de Eric Arthur Blair. Jovem e decidido a virar escritor, George Orwell viaja para Paris com o o objetivo de imergir na miséria, e assim surgi seu primeiro livro.

O livro divide-se basicamente em duas partes: A primeira, onde George Orwell vive em paris e trabalha como lavador de pratos, e detalha de uma forma incrível o imundo sistema hoteleiro de Paris. A segunda, quando Orwell se vê "obrigado" a viver nas ruas de Londres e conhece de perto a vida dos mendigos Londrinos.

Muitos autores já tinha escrito sobre a miséria. Mas, poucos ou nenhum, tinham experimentado a miséria em sua pele, e o fato de Orwell ter vivenciado tudo sobre o que escreveu é o diferencial de sua obra. O seu método empírico que o torno um gênio.

Todo o livro é escrito de forma simples e inteligente, Orwell se preocupa em apenas relatar o que foi vivido, o livro como ele mesmo falou é um espécie de Diário de viagem, e poucos são os momentos em que expõem claramente a sua opinião. Um livro de um riqueza de detalhes sem igual.

"Foram três semanas sórdidas e desconfortáveis, mas era evidente que o pior estava por vir, pois meu aluguel não demoraria vencer de novo. No entanto, as coisas ficaram muito piores do que eu esperava, pois quando você se aproxima faz uma descoberta que supera algumas outras. Você descobre o tédio e as complicações mesquinhas e os primórdios da fome, mas descobre também o grande aspecto redentor da pobreza: O fato que ela aniquila o futuro"


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Fred 12/08/2013

Um miserável Orwell
Ao escrever Na pior em Paris e Londres, Eric Arthur Blair ainda não era conhecido como George Orwell e, claro, não havia escrito os clássicos 1984 e A revolução dos bichos. De fato, essa narrativa de não ficção foi seu primeiro livro.

Sua premissa parece uma ideia que já passou pela cabeça de muitos: numa arriscada aventura, o autor decidiu que viveria como um jovem miserável pelas cidades de Paris e Londres, usando roupas de segunda mão e procurando empregos direcionados para pessoas naquela condição social. Simplesmente isso.

Lei mais no link abaixo:

site: http://cantodoslivros.wordpress.com/2012/05/14/um-miseravel-orwell/
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Arsenio Meira 15/06/2013

ORWELL E AS OUTRAS VERDADES


Mais um relido com a sofreguidão que só os grande autores proporcionam.

O jovem repórter se disfarça e vive alguns dias como sem-terra, operário, cortador de cana ou camelô. Depois, toma um banho, volta para a redação e escreve uma matéria sobre o cotidiano daquele mundo tão estranho e cheio de gente sofredora.

Se der sorte, ganha um dos 554 prêmios de jornalismo oferecidos por multinacionais. Para quem acompanha as edições de domingo dos jornais ou revistas semanais, não há novidade alguma nesse tipo de coisa.

Em 1932, ano em que George Orwell publicou Na Pior em Paris e Londres, isso era um negócio originalíssimo. Ninguém tinha feito nada parecido.

Orwell, ou melhor, Eric Blair – seu nome de batismo – não era jornalista nem criou esse artifício para vender jornal ou ganhar prêmios. Sua motivação era conhecer de perto os seres humanos, se aproximar dos miseráveis do seu tempo, saber como viviam e conhecer de perto a humanidade daquelas pessoas que o restante da sociedade fingia desconhecer a existência. Essa intenção fica evidente durante a leitura do livro, resultado de sua vida como mendigo ou desempregado nas duas metrópoles.

Seu mérito é proporcional ao esforço da elite inglesa em manter esses seres humanos na invisibilidade. Tal esforço pode ser medido pelas leis que proibiam mendigos de sentarem ou mesmo pararem para pedir esmolas em locais públicos ou de dormirem nas ruas. Pedir podia, mas o sujeito era obrigado a permanecer andando sem parar, principalmente porque também não podiam dormir duas vezes seguidas no mesmo albergue.

Era um monte de gente suja e esfomeada de um lado para outro o tempo todo. Leis que fariam a elite paulistana babar de inveja.

Os textos, escritos em forma semelhante a um diário, expressam a profunda identificação de Orwell com os seres humanos com quem conviveu nesta época. Uma identificação sincera, de quem enxerga no outro não apenas um personagem adequado para ilustrar ou compor sua história. Orwell compreende as reações o pensamento de quem, por não ter um tostão no bolso, sente-se completamente livre exatamente porque não precisa ter medo de perder dinheiro.

A identidade com essas pessoas, reforçada a cada experiência nos quartos cheios de ratos de Paris ou nas hospedarias fedorentas de Londres, também reforçou o sentimento que fez Orwell abandonar o trabalho como policial nas tropas britânicas na Birmânia (atualmente Myanmar). Ele sentia nojo da política imperialista do seu país.

A partir do que viveu como policial e, depois, mendigo, Orwell definiu que tinha um lado e que seu talento de escritor estava vinculado às suas convicções. Não tenho dúvida de que isso afasta seu livro ainda mais do jornalismo, instrumento de dominação e de legitimação do discurso dos donos do poder.

O escritor viveu entre os miseráveis franceses e londrinos entre 1928 e 1930, com direito a internação num hospital horroroso de Paris por causa de uma baita pneumonia. O livro, porém, só fui publicado em 1933. As editoras – e os leitores – tinham mais interesse em textos sobre o glamour dos franceses ou o poder da nobreza da Inglaterra.

Paris e Londres combinavam com croissants, teatro e as jóias da coroa, jamais com gente fedendo a mijo, percevejos ou cozinhas podres cheias de ratos.

Na Pior em Paris e Londres revelou outras verdades.

Ulisses 23/06/2015minha estante
boa resenha arsenio!!


Arsenio Meira 30/06/2015minha estante
Grande Ulisses,
Valeu! Orwell é especial.
Abraços




Ricardo 08/02/2013

Ora baganas
O livro é um diário da vida do autor no final dos anos 20 onde ele passa por uma vida de indigente em Paris e Londres. Um relato vívido e pessoal é feito desses seres humanos que vagam como fantasmas maltrapilhos pelas cidades. Devorei o livro, e recomendo a todos da área humana e jornalismo, além de administradores públicos.
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B. 28/08/2012

"Escreva o que achou do livro/o que aprendeu com ele." Sendo essa a primeira resenha que escrevo no site, achei interessante ler a proposta quando me disponibilizei para escrever sobre o relato Na Pior em Paris em Londres, de George Orwell. A verdade é que há muito para se aprender lendo sobre as aventuras do autor pelas piores ruas de Paris em Londres.
Vale ressaltar o que esperamos (na verdade, o que eu esperei) ao começar a ler o livro. Esperava descrições paradoxas sobre as belezas das cidades e como se pode entrar em apuros pela falta de dinheiro e, ainda assim, abraçar-se aos prazeres e à inspiração tão famosas principalmente de Paris. E, ao contrário, temos uma descrição de ruas sujas, abandonadas e mau cheirosas, bem como pessoas de todos os caráteres imagináveis. É interessante ver uma narração diferente do que estamos acostumados a ver nos romances europeus.
É impossível não sentir uma certa agonia enquanto os xelins e pence no bolso de Orwell somem ao longo dos capítulos, mas Na Pior em Paris e Londres pode, definitivamente, ser uma lição de vida de acordo com o ponto de vista em que lemos essa espécie de diário de Eric Arthur Blair. Assim sendo, podemos voltar para a "pergunta" inicial", o que aprendemos com o livro? O último parágrafo do livro responde essa pergunta: a pobreza é uma realidade constante e, nem sempre, as pessoas encontram-se nesse estado por "vadiagem" ou outros termos empregados. Eu sei que, falando por mim, nunca mais vou recusar um panfleto de uma pessoa na rua.
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Mariana Hesse 15/08/2012

Na pior em Paris e Londres

Acabei de ler o "Na pior em Paris e Londres - a vida de miséria e vagabundagem de um jovem escritor no fim dos anos 20" (cujo título original é Down and out in Paris and London – “down and out” é uma expressão utilizada no boxe quando o lutador é nocauteado e não consegue mais se levantar) de ninguém menos que o célebre George Orwell (autor de clássicos como 1984, que inspirou o "Big Brother", e A Revolução dos Bichos).

Como fã de Orwell, me interessei muitíssimo pelo livro, que o meu namorado acabou me dando de Natal. Eu já havia feito uns trabalhos sobre o Orwell, o que me motivou a escrever a minha monografia da graduação sobre um livro do Lima Barreto, que para mim em propósito era a versão nacional mais aproximada do Orwell. O caráter de crítica social e política das obras dos dois autores sempre me fascinou. Os dois abdicaram de tudo e resolveram levar a vida como escritores. Se dedicar ao próprio talento: aí está a meu ver uma das atitudes mais respeitáveis que um ser humano pode ter. Mas isso é assunto para outra vez.

Vamos ao Na pior. É um livro autobiográfico que fala sobre a pobreza nas duas capitais europeias em 1928. Orwell (nome real: Eric Arthur Blair) passou por maus momentos quando decidiu se dedicar à carreira de escritor. Passou fome, lavou pratos, viveu como mendigo. Nesse livro ele retrata sua experiência de extrema pobreza do início da carreira, que segundo ele serviu para “expiar a culpa de ter trabalhado por cinco anos na polícia imperialista britânica”.

O Na pior descreve, como diz o nome, como é estar na pior. Mas na pior mesmo, de trabalhos de semi-escravidão à pobreza total. Sei que tem muita gente que prefere nem saber como é, mas eu gosto de me colocar no lugar do outro. Seus relatos são muitas vezes chocantes. É impressionante a descrição de Orwell em primeira pessoa sobre como é ser olhado como mendigo, ou qual a reação do corpo em estado de fome extrema. Orwell passou o pão que o diabo amassou. Eu que já dormi em praça e em ponto de ônibus na neve e comi restos de lanches de Mc Donald's alheios em minhas aventuras mochileiras vi que o que eu passei não foi absolutamente nada.

Eu sempre tive curiosidade sobre a vida dos mendigos, essas pessoas transparentes pelas quais quase ninguém parece se importar. Como foram parar nessa situação de exclusão total da sociedade? Fala-se tanto em amor ao próximo, mas por que privamos esses seres humanos comuns do nosso amor?

Também é muito interessante o capítulo sobre as gírias e palavrões da época: o bloody e o fucking já eram usados, “anexados a qualquer substantivo”, e o bastard já era o pior xingamento possível para os ingleses.

Alguns trechos memoráveis:

"Quando você se aproxima da pobreza, faz uma descoberta que supera algumas outras. Você descobre o tédio, e as complicações mesquinhas e os primórdios da fome, mas descobre também o grande aspecto redentor da pobreza: o fato de que ela aniquila o futuro. Quando você tem cem francos, fica à mercê dos mais covardes pânicos. Quando tudo o que você tem na vida são apenas três francos, você se torna bastante indiferente. Você fica entediado, mas não tem medo. Pensa vagamente: `em um ou dois dias estarei morrendo de fome - chocante, não?'. E então a mente divaga por outros assuntos. Uma dieta de pão e margarina proporciona, em certa medida, seu próprio analgésico. E há outro sentimento que serve de grande consolo na pobreza. Acredito que todos que ficaram duros já o experimentaram. É um sentimento de alívio, quase de prazer, de você saber que está, por fim, genuinamente na pior. Tantas vezes você falou sobre entrar pelo cano - e, bem, aqui está o cano, você entrou nele e é capaz de aguentar. Isso elimina um bocado de ansiedade."

Sobre um mendigo: “Ele não havia comido desde de manhã, caminhara vários quilômetros com uma perna torta, suas roupas estavam encharcadas e meio penny o separava da inanição. Ainda assim, era capaz de rir de perda de sua navalha. Impossível não admirá-lo.”

“As roupas são coisas poderosas. Vestido com roupas de mendigo é muito difícil, pelo menos no primeiro dia, não sentir que se está genuinamente degradado.”

“Um homem que recebe caridade quase sempre odeia seu benfeitor – é uma característica da natureza humana (...)”

O que mudou em mim? Como o Orwell bem aconselha, “nunca mais vou pensar que todos os vagabundos são patifes bêbados, nem esperar que um mendigo se mostre agradecido quando eu lhe der uma esmola, nem ficar surpreso se homens desempregados carecem de energia, (...) nem recusar um folheto de propaganda, nem me deleitar com uma refeição em um restaurante chique. Já é um começo.”

Se é.

Texto original de: http://adoidadomiosotis.blogspot.com.br/2012/02/que-saudades-de-escrever-aqui-no.html
Mariana Hesse 23/08/2012minha estante
Olá, Dani. Não sei como comentar no seu comentário, então vai assim mesmo.

A vez dos restos de comida foi quando passei 4 dias em Praga e errei a senha do cartão até ele ser bloqueado, ficando com quase nenhum dinheiro.

Já a vez em que dormi na neve foi quando estava numa estrada estranha da Alemanha esperando um ônibus pro aeroporto que nunca chegava (ele passaria apenas 4 horas depois mas tinham esquecido de atualizar a tabela de horários) e começou a nevar. Abri então o saco de dormir e cochilei ali mesmo, no ponto de ônibus, já que o frio era de tirar as forças e não podia sair do ponto para não perder ônibus e consequentemente o voo.

Ou seja, coisas da vida. Nada por opção. Mas se pensar que quando se resolve morar fora, sozinho e com pouco dinheiro, se fica suscetível a qualquer tipo de experiência, então pode-se pensar que eu tenha escolhido viver esses sustos fora do conforto da minha casa. De qualquer forma, tudo é crescimento. Orwell que o diga. Um abraço.


Mariana Hesse 23/08/2012minha estante
Obrigada pela dica de leitura!

Se ele viveu como indigente por escolha ou necessidade, não fica claro na obra em si, mas sim no posfácio do livro.

Lá indica que ele escolheu renunciar ao ótimo salário na polícia imperalista britânica na Índia por uma carreira incerta de escritor, mas a princípio visitava as periferias de Londres mais para observar o chamado "povo do abismo" que lhe despertava curiosidade, até se entregar à aventura e conseguir subsídios para o seu jornalismo literário existencial. Depois voltou a viver por um tempo com os pais.




Guilherme M. 04/02/2012

Um verdadeiro tapa na cara do Sistema! Bem ao estilo Orwelliano, o livro faz críticas afiadas, cruéis e verdadeiras, sobre o Capitalismo atual, onde quem não se submete ao deus-dinheiro não é nada, e quem não é nada vira apenas mais um escravo do sistema capitalista!
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Lidy 26/12/2011

A imagem imediata que se tem quando o assunto são os países europeus remete, para muitos, a uma paisagem interessante e raramente decadente. Difícil, por exemplo, imaginar Paris sem os cenários românticos e os belos monumentos históricos. O que dizer, então, de Londres, com toda sua sofisticação e perante o glamour da Família Real?

Embora não se trate de um cenário atual, o escritor George Orwell, - pseudônimo de Eric Arthur Blair - desconstrói a imagem de perfeição das duas capitais. Ele mostra o lado da pobreza através de relatos do cotidiano e as dificuldades enfrentadas por pessoas com pouco ou nenhum dinheiro. Na Pior em Paris e Londres integra a coleção Jornalismo Literário, da Editora Companhia das Letras. Afora as experiências das pessoas de seu convívio, Orwell viveu todos os escritos.

Em uma narrativa hábil e bem construída, o autor expõe a realidade sem atribuir-lhe caráter ficcional. Certamente, por ser escrito após a experiência por ele vivida, há detalhes que fogem um pouco da situação real. Mas o tom de romance é responsável apenas pelo estímulo - cada etapa desperta a curiosidade para aquela que a sucederá. Mas é importante destacar que não há floreios nas descrições. Apesar do humor sarcástico presente em boa parte das passagens, o escritor relata com crueza todos os agouros de não enxergar uma perspectiva de amparo e ter de lidar diariamente com as incertezas. Ele passa, por exemplo, muitos dias sem se alimentar - ou sobrevivendo apenas com pão seco e chá.

Após a temporada em Paris, onde disputava espaço com percevejos e encarou o temível emprego como plongeur, Orwell partiu para Londres. O plano era iniciar um trabalho arranjado por um amigo. Para o azar do autor, o início não era imediato. Na capital francesa, o trabalho pecaminoso lhe dava poucas horas de sono - o dia era preenchido pelo espaço sujo do restaurante do hotel.

Ao chegar em Londres, sem perspectiva de emprego, foi preciso lidar com um agravante. Há uma lei que proíbe a permanência na rua - não se pode pedir esmola, muito menos se sentar no chão. Fato que o leva a peregrinar ao longo do dia até encontrar um novo albergue. Pois, como se não bastasse lidar com tantos descaminhos, os indivíduos não podem passar pelo mesmo albergue duas vezes.

Felizmente, Orwell conviveu com pessoas de personalidades bastante peculiares. São eles os responsáveis pela tônica do livro - contemplando, sempre, a forma como encontrar forças para a sobrevivência diária.

É curioso notar que, apesar das tentativas de publicação de seus livros falharem na maior parte do tempo, o escritor jamais desistiu. Tanto que hoje é mundialmente conhecido pelas obras A Revolução dos Bichos e 1984. Na Pior em Paris e Londres, em um discurso franco, não quer despertar a sensação de comiseração em ninguém. Alerta apenas às dificuldades mais profundas da miséria, muitas vezes invisíveis aos transeuntes. Para pensar duas vezes antes de se fixar aos estereótipos.


Publicada em: http://ow.ly/8awaM
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Henrique Fendrich 22/02/2011

George Orwell e alguns métodos de apuração
A muito custo, George Orwell conseguiu publicar a sua obra autobiográfica “Na Pior em Paris em Londres” – e, a despeito de seus esforços, o livro esteve longe do sucesso alcançado com “1984” e “A Revolução dos Bichos”. Na época dos fatos narrados, Orwell havia deixado para trás profissões seguras e bons salários para poder se arriscar como escritor, poeta e jornalista – sem muito sucesso. Revoltando-se contra o imperialismo britânico, o escritor já havia feito, algum tempo antes, algumas peregrinações na periferia de Londres, atraído por crenças socialistas. Ao se mudar para Paris, e acabando o seu dinheiro, pôde sentir na pele as dificuldades de uma vida em extrema penúria. Foi sobre essa vida que Orwell escreveu o livro, anos mais tarde classificado como “jornalismo gonzo” e publicado pela Companhia das Letras em sua coleção de “Jornalismo Literário”.

Na faculdade de jornalismo, tive que verificar quais foram os seus métodos de apuração e pesquisa – considera-se, portanto, que a obra é jornalística a ponto de contar com tentativas de representações da realidade. Apesar de “Na Pior em Paris e Londres” fugir das noções tradicionais de jornalismo, as ações de Orwell revelam alguns métodos de pesquisa que coincidem com a ação do jornalista convencional. O principal método de apuração de Orwell para a sua obra foi a própria observação dos fatos – embora não se saiba até que ponto eles estejam fielmente representados. Sendo ou não “jornalismo gonzo”, a obra realmente está livre de preocupações excessivas com a objetividade, característica sempre presente no jornalismo tradicional. Isso garante a Orwell uma olhar sobre a realidade que não é necessariamente o mesmo que teria um jornalista que relatasse a mesma história de forma factual. Soma-se a isso o fato de ser um livro autobiográfico e, como tal, tender a revelar apenas o que for da conveniência de seu autor. Apesar da dificuldade em definir a veracidade na sua narrativa, ao longo dela o escritor realmente se valeu de informações colhidas no mundo real.

É a quantidade e a qualidade dos detalhes apresentados por Orwell em boa parte da narrativa que permite sustentar a opinião de que, nesses casos, a sua observação não nasceu de uma imaginação unicamente criadora, mas que efetivamente foi apreendida na vida real. Logo no começo, o escritor descreve com propriedade os moradores da pensão em que estava hospedado, citando o horário de trabalho de cada um e até quais eram os seus salários – informações que pressupõem uma conversa (ou a observação de uma conversa). São métodos comuns a jornalistas. Da mesma forma, a descrição do serviços e dos empregados do Hotel X é tão detalhada que sugere a participação do autor dentro daquele contexto específico, o que, pela observação ou pelo diálogo, lhe garantia as informações. Naturalmente, não é possível definir até que ponto essas informações eram verídicas. O próprio rigor da apuração é diverso daquele pressuposto para o jornalismo, pois, nesse caso, estava sujeito às intencionalidades do escritor e das suas expectativas diante da própria obra – que para ele não era, necessariamente, jornalística, embora fosse vinculada à uma realidade. Uma reportagem tradicional, ao contrário pretende ser imparcial e relatar apenas o que é passível de comprovação.

A maior parte da narrativa, feita em primeira pessoa, tem na observação e na conversa a origem de seus dados. Em alguns casos, os personagens citados são a fonte direta das informações, pois Orwell lhes dá voz para que contem as suas próprias histórias. Mas esses não são os únicos métodos de apuração e pesquisa empregados. Em determinado momento, o escritor cita e descreve gírias e palavrões londrinos, relatando, inclusive, a estrutura morfológica de algumas palavras. Percebe-se que, nesse caso, Orwell realizou pesquisas posteriores ao tempo da narração. Elas foram acrescentadas para melhor embasar as opiniões que procurava defender na história, e assim melhor atender aos seus propósitos com a obra. Estão, portanto, relacionadas à uma tentativa de apreensão da realidade, e não de uma criação literária. O autor não deixa claro, no entanto, de onde tirou as informações.

Situação diversa ocorre quando Orwell trata do número de pedintes em Londres. Nesse caso, o escritor mostra claramente que a informação foi obtida conforme os dados do “Conselho do Condado de Londres”. Ou seja, o escritor citou a fonte provavelmente por acreditar que, dessa forma, teria maior credibilidade, uma vez que não se tratava de fato observado, mas de uma estatística oficial.

As opiniões do autor sobre os melhores lugares para um sem-teto dormir em Londres, com as vantagens e desvantagens de cada um, foram obtidas de acordo com a conversa com pessoas que conheciam esses lugares – uma vez que Orwell seguramente não dormiu em todos eles. Mas nota-se que, por mais que esse relato esteja sujeito às interpretações feitas por suas fontes, a narrativa pretende ser uma descrição fiel daquela realidade.

Sabe-se que Orwell também omitiu algumas informações, e alterou outras conforme lhe convinha. A rua da pensão em que morava, por exemplo, tem um nome notadamente inventado – o escritor, por mais que relatasse acontecimentos reais, não queria identificar os personagens de quem tratava. A mesma situação acontece quando cita o “Hotel X”, que, na verdade, se chamava “Hotel Lotti”. Com isso supõe-se que as “denúncias” de Orwell não objetivavam pessoas e lugares específicos, mas buscavam dar conta de um contexto mais amplo e generalizado na sociedade. No entanto, caso tivesse obrigações jornalísticas convencionais, não se esperaria que um repórter alterasse nomes de lugares sem avisar o leitor dos motivos para tal.

Orwell não escreveu essa obra com um objetivo especificamente literário. Sua intenção não era que a leitura causasse prazer estético, por exemplo. Ao contrário, quis citar fatos de uma história que vivenciou e, a partir disso, atingir uma sociedade supostamente bem acomodada e confortável em sua indiferença. Por isso, se detém nas explicações sobre a vida de um plounger em Paris e de um mendigo em Londres, acreditando que o seu público leitor não tem conhecimento dessas situações. Embora se evidencie que o jornalismo gonzo abre mão de algumas das noções mais básicas do jornalismo, nota-se que, no caso dessa obra, existem interesses convergentes já a partir do tema – notadamente de relevância social. O escritor também não abriu mão de métodos de apuração tradicionais, embora fossem sempre filtrados pela sua subjetividade. Sabe-se, no entanto, que isso também acontece no jornalismo factual, mas que é sempre atenuado pelas máscaras da objetividade e imparcialidade.
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Gian 19/05/2010

Na pior, em Paris e em Londres
Na pior, em Paris e em Londres é uma obra do escritor inglês Eric Arthur Blair, que usava o pseudônimo de George Orwell. Publicada originalmente em 1933, conta a história do próprio autor, que no final da década de 1920 vive experiências de subemprego e pobreza em Paris e entre mendigos e albergues em Londres.
Em seu livro, Orwell retrata de maneira interessante o submundo das duas cidades, afere sobre como a sociedade trata – ou melhor, ignora – a pobreza das periferias. Além disso, descreve vários tipos de pessoas peculiares que povoam as partes pobres das duas cidades. Descreve também, com perfeição, os cortiços, albergues e outros lugares pelos quais vivia com o pouco dinheiro que tinha.
As experiências são interessantes, como quando o autor fala sobre como é passar fome, ou trabalhar 16 horas por dia e ainda assim não ter dinheiro para viver decentemente. George passa um bom tempo a procurar emprego nos períodos em que não ficava deitado em sua cama reclamando da fome. Depois de conseguir um emprego em um restaurante de um hotel, vive a reclamar das condições de trabalho e passa as noites ficando bêbado em bistrôs.
Em Londres, o autor vive entre albergues baratos e lugares em que o governo cede a estadia para mendigos. Para comer, depende da boa vontade de pessoas que ajudam os pobres ou de arrumar lugares que não lhe custem todos seus pênces. Descreve como é ter a companhia de mendigos loucos e de viver pelas ruas perambulando.
É um excelente livro do mesmo autor de 1984 e a Revolução dos Bichos. Traz algumas lições e nos faz ter reflexões de como é não ter alimento ou conviver nas situações descritas, além de trazer à tona a maneira que, como hoje todos sabemos, a pobreza é vista pelo restante da sociedade.
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Luisa 08/03/2010

É um livro que não me prendeu muito e demorei muito pra ler, mas é uma leitura fácil, rápida e agradável. "Na pior em Paris e em Londres" é muito interessante, porque mostra uma realidade que eu nunca vou viver - espero nunca viver - e que eu nem imaginava como era. E causa até um certo interesse de como os mendigos vivem aqui no Brasil. Um "Na pior em São Paulo e Salvador" poderia ser interessante também, porque às vezes é uma parte da realidade do nosso próprio país que a gente desconhece completamente. Mas... recomendo!
Uilians 27/06/2012minha estante
Caramba, nem terminei ainda e já acho os melhor livro da série de jornalismo literário da cia das letras. Os capítulos 17 e 31 são os melhores. As vezes dá até dó dos mendigos me encontrei pedindo para que nada de mal acontecesse com eles, mas é preciso lembra que é um livro escrito há mais de 50 anos e é tão atual




Lacie 18/03/2009

Para baixo, e para fora!
Quem é bom, é bom desde sempre! Não tem jeito! O primeiro livro escrito por Orwell, que adotou esse nome por medo de envergonhar a família caso fosse considerado um fracasso, já é um legítimo Orwell!

Aqui ele faz o que seria, anos depois, classificado como "New Jornalism". Ele viveu como mendigo, trabalhou em sub-empregos e comeu o pão que o diabo amassou (ou muitas vezes nem isso) e depois contou numa de forma pessoal a história não só dele, mas de todos os moradores de rua e pessoas extremamente pobres de Paris, Londres e até mesmo do resto do mundo.

Como sempre, seu texto é intimo, direto e político, capaz de te colocar naquela situação numa facilidade gigantesca e de te fazer refletir sobre coisas que nunca tinham passado pela sua cabeça (tão apressada) antes.

Ao fim do livro, Orwell aconselha todos os seus leitores a, sempre que se depararem com uma pessoa entregando folhetos na rua, aceitarem os papéis porque não fazem nem idéia do que eles estão passando naquele momento. Agora, sempre que me encontro nessa situação, lembro dele. Tocar alguém desse jeito não é só mérito de um grande escritor, mas de uma grande pessoa.
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