Fê 13/08/2021
Este foi o livro de estreia de George Orwell. Como livro de memórias, ele abarca um período de dois ou mais meses, nos quais o escritor, antes de conseguir seu status literário, enfrentou a fome e a pobreza extrema, primeiro em Paris, depois em Londres.
A narrativa começa em Paris. Por lá, Orwell ganha a vida dando aulas de inglês. Ele havia conseguido economizar uma boa quantia, mas ela acaba sendo roubada. Para piorar, suas aulas acabam. Pouco a pouco, o escritor se vê obrigado a empenhar suas coisas. Com o tempo, passa a conviver com a fome, até que consegue um emprego, em condições insalubres e baixo salário, como lavador de pratos.
Após receber uma proposta de emprego na Inglaterra, Orwell decide regressar a seu país. Mas, lá chegando, descobre que a família que o empregara saira de viajem e que ele terá que esperar por um bom tempo até começar a trabalhar. Novamente sem recursos, o escritor se vê mais uma vez na pobreza, tendo que dormir em albergues a noite e conviver com mendigos. Essa vivência é crucial para que ele supere seus preconceitos em relação aos moradores de rua e, mais tarde, lute por melhores condições para os pobres, descrevendo e analisando os fatos.
Além da vida do autor e seus pensamentos, outro aspecto interessante da obra são as histórias de vida das pessoas que ele encontra em suas andanças por Paris e Londres. Há toda uma galeria de personagens excêntricos, caricatos, mas, sobretudo, humanos. Muitos deles aparecem apenas em um ou dois capítulos, mas bastam-nos para que nos impressionem sobremaneira.
O humor é outra marca do texto. Orwell sabe quando e como empregá-lo. Nem parece que se trata de uma obra de estreia, mas de um escritor maduro e experiente. O livro é cheio de histórias anedóticas e de casos. Lê-lo, por vezes, assemelha-se a uma conversação.
É uma obra que tem o potencial de agradar todos os tipos de leitores e fazê-los refletir sobre dois males que, embora tão antigos, encontram-se ainda atuais: a pobreza e a fome.