Reparação

Reparação Ian McEwan




Resenhas - Reparação


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Coruja 24/11/2014

É possível existir reparação quando uma mentira não apenas destrói a vida de uma pessoa como joga à lama todo o seu caráter e seu próprio futuro, roubando até mesmo o senso de identidade de alguém?

Essa é a grande pergunta que me fiz tanto ao assistir o filme quanto ao ler, mais recentemente, o livro de Ian McEwan, Reparação.

Tudo começa num dia de verão quase insuportavelmente quente e nas ações de um trio de personagens: Briony, sua irmã Cecilia e o jovem Robbie, filho da arrumadeira da mansão da família Tallis.

Briony é uma criança precoce, apaixonada pela idéia de ser uma escritora, de manipular personagens para alcançar uma perfeita ordem. Briony detesta o caos e a incerteza e acaba sendo pega na tormenta de sentimentos conflitantes entre a irmã e Robbie.

Considerando que mesmo Cecilia e Robbie se enrolam sem saber classificar seus sentimentos, sem entender a tensão que existe entre eles, é compreensível que Briony também seja incapaz de entender a atemosfera carregada de eroticismo que existe entre os dois. Mas essa não é uma desculpa plausível para que ela meta seu nariz onde não devia e, decidida a proteger a ‘ordem’ que ela acredita ser necessária, acuse Robbie de um crime odioso – o estupro de sua prima, que estava passando as férias na mansão.

Sendo bastante sincera, não considero esse um engano honesto por mais jovem que seja Briony. Primeiro porque ela se convence que Robbie é o culpado porque essa é a melhor alternativa para a história que ela vê se desenrolando ao seu redor. E segundo porque anos mais tarde ela sabe quem foi o real criminoso, então, ao menos em algum nível inconsciente, ela sabia que Robbie era inocente.

Fora que existe uma possibilidade de interpretação de que ela mentiu conscientemente numa espécie de revanchismo: é dito claramente que em algum momento no passado, Briony nutriu uma paixonite por Robbie e o fato de ter sido trocada pela irmã provavelmente não a deixou muito feliz.

Ao ser responsável pela prisão de Robbie, Briony rouba dele seu futuro, seu respeito e sua família. Os sonhos de ir para a faculdade de medicina, de crescer e ir além do ‘filho da arrumadeira’, a paixão por Cecilia, a consideração do patriarca dos Tallis que até então fora seu principal protetor – Robbie perde tudo isso e, quando estoura a guerra, é despachado como um soldado raso, bucha de canhão basicamente.

O mesmo destino tem Cecilia, que rompe com a família e sai de casa para nunca mais retornar. De certa forma, a mudança é benéfica para Cecilia, que amadurece e encontra seu próprio caminho – mas essa é uma mudança que vem à custa da separação com Robbie, da eterna espera para que possam ficar juntos.

Briony também cresce e na parte seguinte do livro vamos vê-la tentando consertar seus erros do passado. Mas existe possibilidade de reparar o mal que fez?

Mais que arrependimento, Briony me parece ser movida pelo seu desejo de escritora de restaurar a ordem entre seus ‘personagens’ – Cecilia e Robbie – e alcançar uma espécie de final feliz. A reparação que ela é capaz de dar aos dois fica muito aquém do necessário por conta de circunstância que ela mesma não tinha como controlar, mas mesmo que tivesse sido possível, o fato é que Briony destruiu a vida dos dois e plantou as sementes que implodirão sua própria família no futuro.

Briony é uma personagem extremamente complexa, que eu amo odiar...

O filme de Joe Wright adapta essa história de maneira soberba. A trilha sonora é uma das melhores que já ouvi, os atores são fantásticos, fotografia, cenários, tudo está muito bom. O diretor fez jus à obra e devo dizer que esse é um dos meus filmes favoritos.

Reparação é uma excelente história, que rende muito pano para um debate sobre ética e moral, sobre mentiras, concessões sociais, aparências. Vale à pena conhecer.

site: http://owlsroof.blogspot.com.br/2014/11/para-ler-reparacao.html
Nanci 24/11/2014minha estante
Reparação é perfeito e inesquecível. Quanto à pergunta, não sei a resposta...




Fer Kaczynski 30/03/2014

Um novo clássico
Já li Serena do mesmo autor e fiz resenha para este blog, e gostei muito do livro, estava curiosa quanto a este anterior, Reparação, devido à repercussão extremamente positiva dada pela mídia, considerando este um clássico moderno.

Uma história muito bem construída, com personagens inteligentes e cativantes, e apesar do livro ser enorme, com quase 500 páginas, a leitura flui bem, sem ser cansativa.



Leia o restante em:

site: http://dailyofbooks.blogspot.com.br/2014/03/reparacao-ian-mcewan.html


Felipe.Tavares 05/02/2016

Após ler "Jardim de Cimento" e ter me impressionado com o autor, me deparei com essa - na falta de uma palavra melhor - belíssima obra.
O autor nos guia de forma magistral através da vida de Briony e das consequências de um erro nada infantil que ela cometeu no passado.
Talvez a melhor forma de descrever esse livro seja usando a Teoria do Caos: "Algo tão pequeno como o bater das asas de uma borboleta pode causar um tufão do outro lado do mundo."
Imperdível!
Alex Ramos 07/02/2016minha estante
tb gosto mt desse livro!




Leila 06/02/2017

EXTASIADA!
Sem a menor sombra de dúvidas um dos melhores livros* que os meus míopes olhos tiveram a oportunidade de contemplar. Um enredo arrebatador, envolto em um toque poético e de final surpreendente. Ian McEwan desenvolveu com maestria um romance intenso, capaz de levar o seu leitor ao término da sua leitura a uma profunda reflexão de como a vida é algo frágil... "Uma pessoa é, acima de tudo, uma coisa material, fácil de danificar, difícil de consertar”.
*Literatura.
Fábio Nogueira 06/07/2017minha estante
Só faltou sua nota... ;)




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Ren@t@ 29/01/2014minha estante
Um livro inesquecível. Ótima resenha.




Carol 17/11/2011

"Reparação" e a natureza da escrita
Leitura obrigatória para todos os escritores, críticos e leitores ávidos. “Reparação”, de Ian McEwan é um dos meus romances favoritos e o meu favorito do autor, então não esperem nem um pouco de imparcialidade (afinal, isso aqui é um blog). O engraçado desse livro é que li umas 20 páginas e desisti dele – eu raramente faria isso com livro algum, a curiosidade não me permite. Mas, por trás da lingugagem bem escolhida e dos interessantes conflitos psicológicos da jovem Briony nas páginas iniciais, eu previa um final chato e açucarado. A ideia que eu tive no meu primeiro contato com a obra foi mais ou menos assim: numa casa de campo na Inglaterra de 1935, Cecilia, de classe média alta, se apaixonaria por Robbie, filho da empregada da casa, e os dois viveriam seu amor proibido, com a desaprovação da família de Cecilia, etcetera, etcetera, muito chato, muito clichê.

Como podem perceber, eu mudei de ideia. Alguns meses depois, numa biblioteca, o livro estava lá, em cima de uma mesa, olhando pra mim – eu comecei a ler mais algumas páginas e me apaixonei. Um começo ruim, mas o resto compensa, será? Não, não. Nem de longe. Um começo brilhante. Conforme a leitura progride, as intenções do começo vão ficando claras, até que, quando você termina o livro, já está pensando na genialidade de McEwan – que começou um romance nada óbvio da maneira mais óbvia possível. Talvez o conceito dessa tal genialidade seja meio difícil de entender assim, ou até difícil de explicar. Reparação é um livro que vai do impressionismo ao realismo, com maestria.

Briony, a irmã caçula dos Tallis, tem 13 anos e é uma escritora prodígio. Em busca de inspiração para suas obras, ela acaba testemunhando cenas, que do seu ponto de vista ingênuo, são bárbaras. Sua irmã, Cecilia, e o filho da empregada, Robbie, discutem na beira de uma fonte na propriedade dos Tallis. Briony, intrigada, assiste à cena da janela, sem que os dois percebam. Na verdade, Cee e Robbie, no auge de sua tensão sexual, brigavam e acabaram quebrando um caro vaso da família, que Cee pretendia encher de água. Irritada, ela tira a roupa para mergulhar na fonte e resgatar os pedaços do vaso. Após mais alguns desencontros que fazem Briony pensar o pior, num jantar na casa dos Tallis, a caçula surpreende Robbie e Cee na biblioteca, transando. Pronto, sua opinião foi formada: Robbie só pode ser um maníaco sexual. E quando Lola, prima dos Tallis, é estuprada nos fundos da propriedade e não sabe dizer quem é o culpado, Briony junta as “peças” na sua cabeça e julga que o criminoso só pode ter sido Robbie. Conforme a menina cresce e amadurece, vai percebendo que sua acusação era falsa, porém as consequências vão repercurtir por toda sua vida.

McEwan usa a relação entre livro e autor e os diversos planos de realidade (a histórica, nossa realidade; a ficcional porém real no mundo de Briony; e a ficcional criada por Briony em seu livro) para discutir o papel do escritor e a natureza da escrita. Quem dará o perdão ao novelista, se ele é o criador, o deus da sua obra, e não há ninguém superior para recorrer?

(Mais em http://apesardalinguagem.wordpress.com/)
Helder 01/12/2011minha estante
Concordo com você sobre a genialidade deste livro. Só lendo mesmo para entender ao que vc se refere. Parece que o livro foi completamente pensado antes de ser escrito. Ele nos leva para um lado e nos traz de volta a realidade cruel. Obra de arte!




acidrock 04/08/2011

Traídos pelo desejo
Uma menina de 13 anos escreve uma peça de teatro. A obra deveria ser encenada em um jantar de família mais tarde. Por motivos que fogem ao controle do destino, não o foi. Essa garota é Briony Tallis. Esperta demais para sua idade, inteligente demais para pouco tamanho, perspicaz demais para alguém que ainda não saiu dos cueiros, como bem se dizia antigamente.

Briony Tallis é todo escritor. A solidão da página vazia. O barulho da máquina de escrever. A confusão de uma mente inquieta. Briony Tallis, simbolicamente, é aquele que escolheu escrever como meio de vida. Pode ser um jornalista, como eu, um romancista, um cronista e, quem sabe?, até um blogueiro, cibernética figura literária. Briony Tallis é a protagonista de "Reparação". Este livro de Ian McEwan chegou à minha mesa de cabeceira por acaso. Não foi paixão à primeira vista, mas foi eterna – da minha estante ele não deve sair nunca mais.

Em "Reparação", é Briony a responsável pelos acontecimentos descritos durante toda a narrativa. Na Inglaterra dos anos 1930, a garota esperava a visita dos primos – dois meninos, gêmeos, e Lola, um pouco mais velha do que nossa protagonista. A trupe encenaria a peça descrita antes. Curiosa, qualidade de praxe em qualquer criança que se preze, Briony Tallis observava, atenta, o mundo que a rodeava. Em uma tarde de verão, presenciou, por acaso, a uma cena curiosa. Sua irmã, Cecilia, despindo-se para buscar um vaso de estimação derrubado por acidente em uma fonte na propriedade dos Tallis enquanto era observada por Robbie Turner, filho de uma antiga empregada, bem quisto como um membro legítimo desse abastado clã. O olhar de Briony funcionava como faísca na palha seca.

Robbie confessa sua paixão secreta por Cecília somente para si, em seus mais reservados momentos. O desejo o consome. Esta onda de calor, uma luxúria ainda não explícita, toma forma em palavras, e, naqueles acasos que tão bem descrevem o arco do enredo das histórias, chega às mãos de Briony.

É o primeiro passo para a mudança.

Dividido em quatro partes, o livro mostra diferentes pontos de vista para os mesmos fatos, que convergem, mais de 400 páginas depois, em um final emocionante, de arrancar lágrimas e soluços. A escrita de McEwan é primorosa. Detalhista ao extremo, o romancista não economiza páginas e páginas de belas paisagens e sentimentos íntimos.

Não sei onde li certa vez, pode ter sido em peça de Shakespeare, música de Elymar Santos ou em algum filme do Megapix, que nossa vida toda é moldada a partir de dois ou três dias específicos. Aqueles em que um instante muda tudo. Um ato. Uma palavra. Seria assim mesmo? O quanto de controle nós, nessa existência mundana, temos para conseguirmos mudar tantos rumos, tantos destinos? No caso de "Reparação", o poder da literatura, o poder de contar histórias, escondido por todo o livro, explode em seu clímax. Percebemos que somos Briony. Só nós mesmos, ao deitar a cabeça no travesseiro, sabemos os pequenos crimes que carregamos por dentro.
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Helder 01/12/2011minha estante
Ótima resenha. Deu vontade de ler o livro de novo!




ERIKA 04/10/2011

É possível reparar um erro do passado?
Um erro nascido da imaturidade, de uma imaginação fértil e do ciúme acompanha a personagem Briony Tallis por toda a vida. O peso da culpa a leva a procurar, primeiro perdão, e depois, expiação. No belo epílogo, descobrimos que a reparação não alcançou as pessoas que foram cruelmente injustiçadas. Mas, através da arte, Briony nos mostra que sempre há esperança de uma redenção.
Um livro escrito com maestria. Emociona e nos faz refletir.
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Arlin 19/11/2012

Sensacional. Virou favorito.
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Paulo 02/01/2011

Resenha sobre Reparação
Leia minha resenha, com um trecho selecionado, no meu blog:

http://beneficio-da-duvida.blogspot.com/2011/01/reparacao-sem-o-desejo.html
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Carla Reverbel 08/01/2013

Grande finale
O livro é bacana, muito bem escrito, mas sejamos sinceros, o que faz dele grande, e é grande, é o final maravilhoso.
É o tipo de fim que justifica a lida de 400, 500 páginas.
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Gabriela 24/01/2013

Peguei o livro que uma amiga estava lendo... li a primeira frase e só pude devolver quando terminei. É lindo, emocionante e triste.
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Marlete 30/01/2013

Muito bom !
Gostei muito ! Fiquei completamente perdida e surpresa quando a narração chega à guerra, e achei muito interessante os espaçoes de tempo dentro da narração. Recomendo !
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Carol 27/12/2011

Entendo que Ian McEwan escreva maravilhosamente, mas o enredo me parece um pouco melodramático demais.
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